quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

SEMINÁRIO ASSALARIADOS E ASSALARIADAS RURAIS DA REGIÃO NORDESTE


               A Coordenação da Região Nordeste da CONTAG, juntamente com a Secretaria de Assalariados da Contag e as Federações de Trabalhadores na Agricultura dos Estados de Piauí, Pernambuco, Bahia, Paraíba, Sergipe, Maranhão, Rio Grande do Norte, Alagoas e Ceará, representadas por dirigentes e trabalhadores rurais assalariados, estão promovendo o Seminário de Assalariados e Assalariadas Rurais da Região Nordeste, com o objetivo de debater o tema:
A Mecanização no Campo Brasileiro, seu impacto no emprego rural e as perspectivas do assalariamento rural no Brasil.
                Segundo Antônio Lucas Filho, Diretor de Assalariados da Contag e um dos organizadores desse Seminário, afirma: “Grandes transformações no campo estão ocorrendo com a entrada massiva do capital nacional e estrangeiro no campo. A fusão, incorporação, aquisição das empresas do país por grandes grupos econômicos estão injetando uma enorme quantidade de recursos financeiros, fazendo acelerar a utilização de novas tecnologias, especialmente a mecanização. Esta nova realidade impõe aos trabalhadores desafios que precisam ser entendidos e enfrentados. Esse Seminário pretende ser o começo de debates sobre a situação do assalariado rural nesse novo contexto e como esses trabalhadores estarão nos próximos 10 a 20 anos”.
Raimunda Celestina de Mascena, Coordenadora da Regional Nordeste e uma das organizadoras desse Seminário, afirma: “Esse Seminário é muito importante, pois estamos com aproximadamente 50 lideranças do Nordeste todo reunidos para aprofundar a realidade dos assalariados rurais na Região, os desafios e os possíveis caminhos. Estava passando da hora de reiniciar esse debate, se quisermos pensar a curto, médio e longo prazo, indagando onde e como ficarão os trabalhadores rurais assalariados”.
                Estarão presentes no Seminário importantes intelectuais, como: Clemente Lúcio Ganz, do DIEESE, Alexandre Arbex Valadares do IPEA e o Dr. Otávio Valentin Balsadi, consultor contratado pela OIT Brasil, que contribuirão com um olhar científico sobre o impacto da mecanização no campo e as perspectivas dos assalariados rurais no Brasil.
                Participam também do Seminário os Diretores da Contag, José Wilson de Souza Gonçalves, Secretário de Políticas Sociais, Maria Elenice Anastácio, Secretaria da Juventude, Alessandra da Costa Lunas, Secretária de Relações Internacionais.
                José Wilson destaca a importância deste momento como sendo o início de um processo de compreensão dessa nova realidade no campo, onde o grande capital entra com força e está transformando o mundo do trabalho. Esse estudo aponta para a necessidade de continuarmos enfrentando os desafios colocados.
                Maria Elenice se mostra preocupada com o desafio da sucessão rural na agricultura familiar e com o futuro dos assalariados rurais ante o quadro do avanço das grandes empresas e da monocultura no campo brasileiro.
                A grande preocupação manifestada pelos participantes consiste em saber para onde vão os 500 mil trabalhadores assalariados na área da cana-de-açúcar que já estão perdendo seus postos de trabalho progressivamente a cada ano que passa? Assusta, ainda, a previsão de que o processo de mecanização ultrapassará os limites da cana-de-açúcar, alcançando outras atividades econômicas do campo, proporcionando uma considerável diminuição do número de empregos formais no campo.
A necessidade de alfabetização, de aceleração da escolaridade e de qualificação são desafios impostos ao Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais uma vez que boa parte dos 4,7 milhões de assalariados rurais no Brasil, espalhados nos vários setores da produção rural, carecem destes preparos para disputar os empregos especializados do campo ou para se tornarem público alvo da reforma agrária.
Sem um caminho e uma política definida para socorrer esses cidadãos e cidadãs, eles serão os novos excluídos de um campo “moderno” e de uma cidade especializada. Para onde vão? O que precisa acontecer para que os bravos trabalhadores rurais que tanto ajudaram seu país não se tornem objeto de pena e do assistencialismo, pois são pessoas e precisam ter sua dignidade preservada.



Por:
 Luismar Ribeiro Pinto, Assessor da Secretaria de Assalariados da Contag.
Carlos Eduardo Chaves Silva, Assessor da Secretaria de Assalariados da Contag.

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