quarta-feira, 6 de abril de 2011

Cuidado, está dando choque !


Esta expressão de alerta ainda é muito ouvida nos ambientes de trabalho, quando alguém se aproxima de determinados equipamentos. E isso é um mau sinal. Sua repetição indica a precariedade da instalação elétrica, do equipamento e dos dispositivos de proteção. O choque elétrico é a conseqüência de um acidente que pode e deve ser evitado: um contato com um material condutor de eletricidade, que não deveria estar energizado naquele momento. Não vamos tratar aqui dos acidentes com eletricistas em quadros, redes aéreas e subterrâneas, painéis e subestações. Estamos destacando aqui essas incontáveis ocorrências com aqueles que interagem indiretamente com a eletricidade, isto é, todos nós, em nossas casas, nas ruas, em atividades de lazer e, é claro, nos locais de trabalho.
Por definição, o choque elétrico é o efeito que se manifesta no organismo humano quando é percorrido por uma corrente elétrica. Usando uma comparação simples, com base nos dados científicos disponíveis, a intensidade de corrente elétrica que pode começar a causar efeitos indesejáveis no organismo humano é mil vezes menor do que a necessária para fazer funcionar uma lâmpada de 100 watts. Infelizmente, pouca gente sabe disso e desdenha do perigo de instalações e equipamentos elétricos de baixa tensão. A maioria das pessoas já passou pela experiência de um choque elétrico e por terem saído ilesas consideram esse tipo de acidente inofensivo. Aplicam o princípio da auto-exclusão quando o assunto é a susceptibilidade aos acidentes. Alguns até acham engraçado “levar um choque”. É a completa banalização do perigo e o desconhecimento sobre a ocorrência estimada de mais de mil mortes por ano, no Brasil, decorrentes de acidentes com eletricidade; muitos deles em situações corriqueiras e em baixa tensão. Alguns curiosos se orgulham da coragem ao tratar com eletricidade, outros consideram exageradas as medidas de prevenção e há aqueles que acham tudo muito caro. Preferem comprar equipamentos e materiais mais baratos, suprimir dispositivos de proteção e delegar a execução e manutenção da instalação elétrica a um obreiro corajoso, promovido, “por bravura”, à condição de eletricista. Diante de todos esses absurdos, que ocorrem em todos os tipos de ambientes, incluindo os do trabalho, os profissionais de segurança, muitas vezes atônitos com a aparente complexidade do tema, são surpreendidos com acidentes graves e fatais em instalações e serviços de rotina.
Ricardo Pereira de Mattos*

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