quarta-feira, 4 de maio de 2011

Saúde e Segurança dos Aeronautas


Com quase 100 mil pilotos, copilotos e comissários, o Brasil está em franco crescimento no transporte aéreo de cargas e passageiros. Para os profissionais, os riscos também aumentaram, sobretudo psicossociais, como sobrecarga de trabalho, estresse e fadiga. Investir em fatores humanos e segurança operacional é a melhor prevenção.

O espaço aéreo brasileiro é um dos mais movimentados do mundo. Anualmente, são mais de 2,6 milhões de pousos e decolagens em nossos 2.500 aeroportos e aeródromos (pistas simples). Entre 2005 e 2010, o número de embarques e desembarques de passageiros no país cresceu 60%, passando de 96 milhões para 154 milhões por ano. Desde 2002, o setor cresce, em média, 20% ao ano. Porém, sem o correspondente investimento em infra-estrutura aeroportuária. "Aumentou o número de aeronaves - 13,3 mil no total, segundo a ANAC -, mas não houve construção de novos aeroportos. Muitos deles, em situações adversas, podem não oferecer boas condições de segurança, por exemplo, o de Joinville (SC), Ilhéus (BA), Caxias do Sul (RS) e até mesmo o de Congonhas, em São Paulo", afirma Carlos Camacho, diretor de Segurança de Voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas.

A aviação civil nunca esteve num momento tão favorável no país. Com a facilidade de crédito, a cada ano aumenta o número de pessoas que podem viajar de avião. Algo positivo, mas que traz consequências para os "trabalhadores do ar". "Esta popularização trouxe sobrecarga significativa de

trabalho para os aeroviários e os aeronautas; ficou mais estressante", explica Roberto Heloani, doutor em psicologia social e professor da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas) e da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Com o crescimento acelerado do setor nos últimos anos - pilotos, copilotos e comissários - enfrentam a sobrecarga de trabalho, alterações na escala, pressão psicológica, fadiga e estresse, que refletem em problemas de saúde e colocam em risco a segurança de voo. É preciso investir mais e adotar programas que priorizem a saúde e a qualidade de vida dos aeronautas.

Os aeronautas são os profissionais que trabalham dentro de aeronaves em voo compreendendo os pilotos (ou comandantes), os copilotos e os comissários de bordo (ou "aeromoças"). Há algum tempo, existiam as funções de mecânico ou engenheiro de voo, navegador e radioperador de voo, tarefas hoje incorporadas pelos pilotos e copilotos. Em terra, estão os aeroviários (que atuam nos pátios, nas oficinas de manutenção ou em serviços administrativos no aeroporto, como os funcionários do check-in) e os aeroportuários (que executam atividades nos aeroportos, nas áreas de administração, operação, manutenção, segurança, armazenagem de cargas e controle de tráfego aéreo).

No Brasil, atuam 51.173 pilotos de avião com licença da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), entre comercial, privado e linha aérea, 6.281 pilotos de helicópteros e 29.748 comissários - foram 2.097 novos registros somente em 2010.

A profissão de aeronauta está entre as que mais oferecem riscos - seja pela probabilidade de ocorrer um incidente ou acidente aéreo, seja pelas condições adversas do local de trabalho. "Imaginem um tubo pressurizado voando em ambiente hipobárico (baixo nível de oxigênio), este é um avião. Coloque pessoas nele e teremos quase todos os riscos possíveis: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes de trabalho", resume o médico aeronáutico José Eduardo Helfenstein, autor do livro "Uirateonteon - Medicina Aeronáutica" (editora Asa, 1998).

Confira a matéria na íntegra na Edição 233 da Revista Proteção.

Foto: http://todaysseniorsnetwork.com/

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