Pensar na saúde do trabalhador está relacionado com a promoção de qualidade de vida que vem ganhando mais espaço quando relacionado ao contexto do trabalho. Dados disponíveis atualmente demonstram a importância de se adequar o ambiente de trabalho ao trabalhador com a finalidade de prover benefícios na qualidade de vida e no bem estar dos indivíduos1,2.
Os problemas relacionados à saúde do trabalhador tem relação com o ambiente físico e social em que o individuo está inserido, além do desenvolvimento e realização profissional que depende do ânimo e da motivação do trabalhador. As condições de trabalho dentro do ambiente físico dependem da limpeza e iluminação do local, da adequação ergonômica dos equipamentos utilizados e das condições temperatura e ruído que permeiam o local destinado ao trabalho1.
Em se tratando de profissionais que se submetem a ambientes em que se tem um nível de ruído considerado elevado pode ocorrer uma perda auditiva induzida por esse ruído, e as consequências são a incapacidade auditiva e disfunções auditivas como as alterações vestibulares e os zumbidos3.
A Portaria 3.214 de 8 de junho de 1978, do Ministério do Trabalho do Brasil estabelece através da Norma Regulamentadora (NR) 15 anexo 1, o limite de tolerância máxima de ruído que os indivíduos podem ser expostos no ambiente de trabalho sem a utilização de equipamentos de proteção auricular, e considera esse tipo de atividade como insalubre prevendo um adicional sobre o salário mínimo da região de acordo com o grau de insalubridade.
Para os professores de Educação Física que ministram aulas de ginástica em academias, a música é tida como a ferramenta de trabalho indispensável, pois ela torna o ambiente mais agradável. Porém, o problema surge quando a utilização da música extrapola o limite máximo de ruído estabelecido, explicado pelos profissionais que “[...] quanto mais intensa a música, maior estímulo à atividade física”, podendo gerar problemas que prejudicam a audição desses educadores físicos4.
De acordo com pesquisas realizadas recentemente em torno do problema levantado, verificou-se que o nível de ruído durante uma aula de ginástica de academia está, na maioria das vezes, acima do limite considerado adequado para o tempo de exposição já que cada aula dura em torno de uma hora4,5,6.
As queixas mais comuns encontradas nesses estudos são a intolerância a sons muito elevados, dores de cabeça, irritabilidade e foi verificado que alguns profissionais apresentavam uma perda auditiva6. De fato, essa exposição além de afetar a saúde do profissional da área, também acaba atingindo os alunos que participam das aulas. Esses indicativos que a música alta nas aulas de ginástica ocasiona problemas relacionados à saúde necessita que não seja negligenciado, requerendo um controle mais amplo para que a saúde do trabalhador seja preservada.
1. NAHAS, M. V. Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. Londrina: Midiograf, 2010. 318p.
2. BOTH, J.; NASCIMENTO, J. V.; SONOO, C. N.; LEMOS, C. A. F.; BORGATO, A. F. Condições de vida do trabalhador docente: Associação entre estilo de vida e qualidade de vida no trabalho de professores de Educação Física. Rev Motricidade, v. 6, n. 3, p. 39-51, 2010.
3. OGIDO, R.; COSTA, E. A.; MACHADO, H. C. Prevalência de sintomas auditivos e vestibulares em trabalhadores expostos a ruído ocupacional. Rev Saúde Pública, v. 43, n. 2, p. 377-380, 2009.
4. ANDRADE, I. F. C. RUSSO, I. C. P. Relação entre os achados audiométricos e as queixas auditivas e extra auditivas dos professores de uma academia de ginástica. Rev Soc Bras Fonoaudiol, v. 15, n. 1, p. 167-173, 2010.
5. PALMA, A. MATTOS, U. A. O.; ALMEIDA, M. N.; OLIVEIRA, G. E. M. C. Nível de ruído no ambiente de trabalho do professor de educação física em aulas de ciclismo indoor. Rev Saúde Pública, v. 43, n.2, p. 345-351, 2009.
6. OLIVEIRA, G. C.; SILVA, C. C.; Nível de ruído nas aulas de ginástica e as queixas auditivas apresentadas pelos professores. Rev Hórus, v. 4, n. 2, out-dez, 2010.
Muito interessante essa publicação!!
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