terça-feira, 10 de abril de 2012

Profissões verdes terão 25 milhões de vagas


Marca deverá ser alcançada até 2030, mas já há oportunidades nas mais variadas áreas.



Gostar do meio ambiente e ser engajado na preservação das florestas e do clima são fortes ferramentas para garantir uma vaga na economia verde, que atualmente emprega 2.970 milhões de pessoas e deve abrir 25 milhões postos de trabalho até 2030, segundo estimativa da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que antecipou um estudo sobre o setor ao Estado.

"O mercado é bastante promissor, vem se fortalecendo e abrindo outros nichos de atuação. Tenho uma equipe multidisciplinar que conta com economista, biólogo, engenheiro, jornalista, entre outros", diz a diretora-executiva do Fundo Vale, Mirela Sandrini.

Criado em 2009 pela Vale, o Fundo Vale é uma instituição sem fins lucrativos que apoia programas que buscam soluções para combater o desmatamento e a degradação florestal em países em desenvolvimento.


"As universidades e escolas estão investindo muito na carreira executiva e estão esquecendo de formar profissionais de base e empreendedores para atuar na área. Principalmente no manejo, as empresas operam no limite da capacidade. Só neste segmento devem ser abertas 10 mil vagas até 2020", diz Mirela.

A executiva acredita que as áreas mais promissoras atualmente são: operação de manejo florestal, biotecnologia, tecnologia e sustentabilidade.

Segundo a assistente de orientação e informação profissional do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE), Giovana Cecília de Souza, um estudo feito no ano passado apontou que foram abertas duas mil vagas de estágios na área ambiental em 2011. "E a previsão é de que neste ano as oportunidades aumentem ainda mais", comenta.

De acordo com o coordenador de empregos verdes da OIT, Paulo Muçouçah, há oportunidade para todas as áreas. "As profissões verdes não são novas. Todas as áreas que têm alguma ligação com o impacto ambiental são consideradas verdes", conta.

Ele cita alguns dos segmentos em potencial: saneamento, produção de energia renovável, que envolve cultivo de cana de açúcar e hidroelétricas, gestão de resíduos urbanos ou industriais, transporte e logística - por conta da atuação de profissionais com foco em soluções para reduzir o consumo de combustível e no desenvolvimento de produção sustentável e ecodesign.

A economista Inessa Salomão, de 35 anos, trabalha há quatro anos em projetos voltados ao meio ambiente. E desde dezembro último integra o grupo de Mirela no Fundo Vale. "Fiz doutorado na área e sempre trabalhei no desenvolvimento de projetos. O mercado brasileiro é bastante promissor e necessita de profissionais em todas as regiões. Quem entrar vai se dar bem."

A opinião de Inessa é compartilhada pela advogada ambiental do escritório do Barbosa, Mussnich & Aragão Advogados (BM&A) Miriam Mazza Kopke Quadros. "Comecei a atuar nesta área no meu estágio e não abandonei mais. As empresas estão percebendo a necessidade de se adequar ao código florestal, principalmente com a entrada de investimentos estrangeiros. Quem está se formando em direito deve olhar com mais atenção para o ramo ambiental."

A professora e bióloga especialista em gestão de sistemas florestais Nadja Soares de Moraes, de 46 anos, acredita no potencial do mercado de trabalho, principalmente no setor privado. "Atuo há 15 anos na área. No começo da minha carreira não se ouvia falar em sustentabilidade. Hoje, a maioria das empresas necessita de certificação para a sua atividade e busca profissionais especializados no assunto."


Márcia Rodrigues - O Estado de S.Paulo

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