segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Acidentes têm índice alarmante

De acordo com dados da AEPS o número de trabalhadores acidentados na Paraíba aumentou 202%.

O número de acidentes de trabalho na Paraíba vem evoluindo exponencialmente na última década, de acordo com o ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (AEPS).
Entre 2001 e 2010, a quantidade de empregados acidentados saltou de 1.636 para 4.957, um crescimento de 202,9%. No total do período, ocorreram 30.621 acidentes. A maioria destes trabalhadores são industriários, homens, com idades entre 25 e 39 anos.
 O dado alarmante é que houve maior destaque para o aumento dos acidentes graves. Além disso, 61% destes empregados não têm carteira de trabalho assinada, impossibilitando o recebimento de auxílio-doença por parte do Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS). A falta de segurança no trabalho é objeto de fiscalização do Ministério Público do Trabalho (MPT) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
O professor João Bosco, 40 anos, já sofreu um acidente de moto quando se deslocava para o trabalho e acabou precisando ficar 120 dias afastado. Todo o período ele recebeu seu salário normal. A perícia médica foi realizada em sua própria residência, em Campina Grande. “A gente apresenta documentação pessoal e carteira de trabalho e eles enviam uma equipe que faz a perícia em casa, pois no meu caso estava impossibilitado de me deslocar. É bem simples e prático. Depois de 90 dias, retornaram e me deram mais um mês para a recuperação”, disse.
De acordo com o Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador (Cerest) da Paraíba, o aumento significativo se deu principalmente na distribuição dos acidentes registrados dentro do local de trabalho do empregado. “A maioria destes registros se origina no ambiente de trabalho, que corresponde a 65% do número de acidentes entre 2007 e 2010”, afirmou a técnica do órgão Raimunda Alves. Foram 11.720 ocorrências do gênero neste período.
Os homens estão inclusos em 84% dos acidentes, sendo os profissionais de faixa etária entre 25 e 39 anos de maior risco, equivalendo a 69% dos casos. Cerca de 69% das ocorrências se dá no ambiente industrial.
A operação mais recente sobre condições de trabalho, realizada pelo Ministério Público do Trabalho na Paraíba, ocorreu na última semana de julho. A Procuradoria do Trabalho de Campina Grande realizou uma inspeção nas condições de trabalho dos servidores municipais de Ouro Velho, no Cariri paraibano, detectando irregularidades desde o fornecimento de equipamentos de proteção individual até falta de adicional de insalubridade.
Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) deve ser firmado com a Prefeitura Municipal. Segundo o procurador Raulino Maracajá, a regularidade do meio ambiente do trabalho é questão fundamental no combate aos altos índices de acidente e doenças do trabalho a que são acometidos os empregados, tanto no ambiente público quanto no privado. “A atuação do MPT, nesse particular, já produziu muitos frutos no Estado da Paraíba, promovendo a regularização do meio ambiente do trabalho”, afirmou.
ACIDENTE DÁ PREJUÍZO EM CAMPINA GRANDE-PB.
Somente no primeiro semestre deste ano, empresa do setor calçadista teve prejuízo de R$ 1 mihão com acidentes de moto.
No primeiro semestre deste ano, o número de acidentes envolvendo apenas motocicletas causou um prejuízo avaliado em cerca de R$ 1 milhão, em uma empresa do setor calçadista em Campina Grande.
A indústria deixou de produzir, em média, 70 mil pares de calçados por mês, devido aos mais de 200 funcionários vítimas de acidentes graves, os quais precisaram se ausentar do trabalho e ficaram acostados no Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS).
Segundo estatística do Sinan, acidentes no trajeto de trabalho representaram 28% dos registros graves de 2011 na Paraíba, sendo 118 ocorrências.
Os traumas envolvendo motociclistas foi responsável por 17% dos acidentes, sendo 6% sem colisão e 11% com colisão.
 Destes últimos, 5% das vítimas foram projetadas para longe do veículo.
A fábrica, que possui 6,5 mil funcionários, contabiliza que 1,4 mil destes transitam em motocicletas diariamente.
Segundo a equipe de engenharia de segurança, o objetivo das aulas práticas e teóricas de reeducação no trânsito é viabilizar uma melhor qualidade de vida para os industriários e ainda tentar evitar as perdas produtivas devido às ausências dos trabalhadores.
O treinamento pretende capacitar pelo menos mil funcionários, sobre técnicas de frenagem, realização correta de curvas e ultrapassagens, tráfego em pista seca e molhada, além de simulações de situações vivenciadas no trânsito.
“Esperamos que nossa iniciativa sirva de exemplo para as demais empresas”, disse o engenheiro de segurança do trabalho, Robson Alves.
Jornal da Paraíba

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