terça-feira, 13 de novembro de 2012

Pó de sílica ameaça saúde dos trabalhadores



SILICOSE atinge cada vez mais os trabalhadores que não usam equipamentos de proteção.

Por: Givaldo Cavalcanti

Uma doença que não tem cura e cada vez mais tem atingido trabalhadores da mineração paraibana. É a silicose, doença respiratória causada pela aspiração de pó de sílica, cristal comum encontrado nos leitos de rocha. Nas cooperativas de mineração, a estimativa é que número de trabalhadores não chegue a 50. Contudo, quando o assunto é a extração irregular, pode chegar a mais de mil, segundo os representantes das sete cooperativas no Estado.

“Temos sete cooperativas criadas na Paraíba, mas que juntas não devem somar mais de mil mineradores. Diferente dos mais de cinco mil que extraem irregularmente nos garimpos”, disse Marcelo Falcão, presidente da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Minerais da Paraíba (CDRM). Ele acrescentou que o número de trabalhadores que não participam de cooperativas e que extraem os minérios de forma irregular é inversamente proporcional àqueles que se organizam em grupo e se preparam para a extração de forma legal.

As cooperativas agregam mineradores nas cidades de Frei Martinho, Picuí, Nova Palmeira, Pedra Lavrada, Junco do Seridó, Assunção e Várzea. Nelas, os trabalhadores são orientados e participam de treinamentos para usarem todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPI), como capacete, óculos, luvas, botas e, principalmente, a máscara, que impede o contato da sílica com o sistema respiratório.

“Nosso principal gargalo é a cultura do trabalhador que diz não se adaptar ao uso desses equipamentos. Nós estamos em um processo de mudança que vai desde o trabalho rudimentar até as orientações que oferecemos nos treinamentos em parcerias com instituições públicas e privadas. Só que muita coisa poderia ser evitada se os mineradores adotassem algumas práticas, como molhar o local para eliminar a poeira, procurar o médico regularmente, entre outras”, destacou o presidente.

MÉDICO DIZ QUE A DOENÇA É CRÔNICA.

O tratamento, segundo médico, é apenas um paliativo; em contato com partículas, pulmão passa por endurecimento.

Ficar exposto à sílica durante um curto período de tempo pode ser a última ação de trabalho de um minerador. Essa é a projeção do médico especialista em fibrose massiva progressiva Geraldo Medeiros. Ele explicou que uma vez as partículas em contato com o pulmão, o órgão passará por um processo de “endurecimento” e não terá a mesma elasticidade para que a respiração seja realizada normalmente.

“Essa é uma doença crônica. O tratamento é apenas um paliativo à base de corticoides que não trata a causa, apenas os sintomas. Ela vai evoluindo, destrói as estruturas normais do órgão, o que causa um endurecimento do pulmão. Isso acontece mais rapidamente com aqueles trabalhadores que não se protegem, e, pela nossa experiência, temos visto cada vez mais jovens serem vítimas dessa doença que causa a inutilização do indivíduo ao trabalho”, explicou o médico.

Com 75 mineradores cooperados, a Coopicuí tem quatro trabalhadores que estão enfrentando a silicose há mais de um ano. De acordo com o presidente da cooperativa, Tony Henriques, periodicamente os trabalhadores estão participando de cursos de orientação para evitarem males como esse.

Contudo, ele aponta que, além do incômodo durante o uso de equipamentos, os pacientes apontam que a medicação carrega várias reações incômodas.

“Esses quatro companheiros que estão sendo tratados apontam que sentem muito enjoo por conta da medicação e não usaram os equipamentos pelo incômodo que eles causam. Mas, nós temos procurado mostrar que o pior é adquirir a doença. Por isso promovemos cursos educativos e temos dado apoio para que parte das cerca de 80 famílias que temos cooperadas não sofram com o prejuízo por alguém deixar de trabalhar”, acrescentou.



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