terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A CIPA existe apenas no "papel"


Por Eli Almeida

Campina Grande/PB

Recomendada pela OIT - Organização Internacional do Trabalho, para ser implantada na indústria brasileira, em uma época em que o país ostentava números recordes de doenças e de acidentes no trabalho em nível mundial, a CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, em seus primórdios e até hoje, é formada por trabalhadores, que junto com os empregadores, seriam as pessoas responsáveis por ações de segurança no sentido de promover ambientes saudáveis e qualidade de vida para todos no local de trabalho. Seriam, em nossos dias atuais, não é bem assim que ela funciona.

A Comissão prevencionista parece não atender mais às recomendações da OIT no que se refere à sua importância na gestão de infortúnios ocupacionais na indústria brasileira. Para algumas empresas o grupo de cipeiro é visto como pessoas que servem exclusivamente para “atrapalhar” o processo produtivo industrial ou só para inventar as coisas.

Embora sejam obrigados a constituírem a Comissão, empregadores não estão levando em consideração o trabalho prevencionista dos cipistas para construção de ambientes salubres e as dificuldades encontradas pelos integrantes são diversas para desenvolver suas atribuições. A CIPA, em algumas empresas, não existe fisicamente, não funciona.

Na verdade, funciona apenas no papel, ou seja, existe para cumprir requisitos legais, só isso, nada mais. E assim vai se proliferando a visão dela perante a classe trabalhadora, que a CIPA não serve pra nada. Quando na verdade é uma importante equipe na gestão de segurança.

Tudo isso se percebe no desinteresse dos componentes, desde o momento da abertura do processo de inscrição até o final da gestão da equipe. A exclusão de ações que visem promover melhorias para ambientes de trabalho dignos, por parte de gestores, aparece como um dos motivos pela não participação dos funcionários na Comissão.

Mas, os problemas não ficam apenas neste período. O curso de prevenção de acidentes, por exemplo, que todo membro deve fazer, é mais um empecilho enfrentado pelos cipeiros. Em muitos dos casos, eles são impedidos, por supervisores de produção, encarregados, mestres de obra, engenheiros e gerentes indústrias de frequentarem as aulas do treinamento da CIPA.

A ausência de valorização da Comissão para a causa da prevenção de acidentes e de doenças relacionadas ao trabalho desmotiva o trabalhador.

Sendo assim, fazer parte dela, é um meio de garantir uma estabilidade, mesmo que provisória e curta. Essa é uma prática comum entre funcionários quando se trata de fazer parte da CIPA.

A exclusão de gestão em medicina e engenharia de segurança que inclua a equipe da CIPA aparece como um dos principais problemas no segmento. Sem essa visão, empresas vão transformando a Comissão em um mero instrumento legal, uma obrigação imposta, nada mais que isso. Assim é que funciona a CIPA em nosso país.

Um comentário:

  1. Assim como outros instrumentos que poderiam ser úteis na prevenção de acidentes e doenças de trabalho, a cipa tornou-se apenas cumprimento de legislação, sevindo de cabide de emprego pra quem não ta nem aí com a segurança no ambiente laboral.
    Triste realidade essa descrita pelo colega.

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