A
perda auditiva depende muito mais de como você protege o ouvido ao longo da
vida do que do envelhecimento do corpo, apontam especialistas.
do The New York Times
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o +SST
O
BARULHO, e não a idade, É A PRINCIPAL CAUSA DE PERDA AUDITIVA. A menos que se
tome providências imediatas para proteger os ouvidos, mais cedo ou mais tarde
muitos enfrentarão dificuldade para entender até mesmo simples conversas.
Essa
perda auditiva permanente pode ser causada pelos barulhos do dia a dia que nós
consideramos como fatos normais da vida.
“A
triste verdade é que muitos de nós somos responsáveis por nossa própria perda
auditiva”, escreveu Katherine Bouton em seu novo livro, Shouting Won't Help (
Gritar não Ajuda , em livre tradução).
A
causa, ela explica, é “o barulho a que nos submetemos dia após dia”. Embora
haja inúmeros regulamentos para proteger as pessoas que trabalham em ambientes
barulhentos, há relativamente poucos regulamentos sobre a exposição repetida ao
ruído fora do ambiente de trabalho: tocadores de música portáteis, shows de
rock, secadores de cabelo, sirenes, cortadores de grama, aspiradores de pó,
alarmes de carros e outras fontes incontáveis.
Nós
vivemos em um mundo barulhento, e ele parece ficar mais barulhento a cada ano.
Os ouvidos são instrumentos frágeis. Quando as ondas sonoras entram no ouvido,
fazem o tímpano vibrar. As vibrações são transmitidas para a cóclea, no ouvido
interno, onde um fluido as carrega para fileiras asseadamente organizadas de
células ciliadas. Estas, por sua vez, estimulam as fibras nervosas, cada uma
sintonizada em uma frequência diferente. Esses impulsos viajam através dos
nervos auditivos até o cérebro, onde são interpretados como, por exemplo,
palavras, música ou um veículo se aproximando.
Os
danos a esse aparato delicado resultam tanto do volume quanto do tempo de
exposição ao som. Barulhos muito altos, ou exposições crônicas ao som, mesmo
que não seja particularmente alto, podem causar danos nas células ciliares,
fazendo com que elas fiquem desordenadas e se degenerem.
Nascemos
com um número fixo de células ciliares; uma vez que elas morrem, não podem ser
substituídas, e a sensibilidade auditiva é perdida de forma permanente.
Geralmente, a sensibilidade a sons de alta frequência é a primeira a
desaparecer, seguida da incapacidade de ouvir as frequências da fala.
Além
disso, os efeitos da exposição ao barulho são cumulativos, como Robert V.
Harrison, especialista em audição da Universidade de Toronto (Canadá), observou
recentemente na revista The International Journal of Pediatrics.
Embora
comecemos com um excesso de células ciliares, com repetidos ataques
barulhentos, um número suficiente delas é destruído para prejudicar a audição.
Portanto, os danos às células ciliares ocorridos no início da vida, como
acontece com muitos músicos do rock e com fanáticos por shows de rock, podem
aparecer na meia-idade como uma dificuldade em entender as conversas em volta.
O
volume do som é medido em decibéis (dB), e o nível no qual o barulho pode
causar perda de audição permanente começa em cerca de 85 dB, típicos de um
secador, um processador de alimentos ou de um liquidificador.
Michael
D. Seidman, diretor de otorrinolaringologia no Hospital Henry Ford West
Bloomfield, em Michigan, sugere algumas medidas para evitar a perda de audição
no futuro:
Use
plugs de ouvido para secar o cabelo ou cortar a grama com um cortador a motor,
e para tapar as orelhas quando um veículo de emergência passa com a sirene
alta. Proteção de ouvido é uma necessidade para pessoas que usam armas de fogo,
assim como para pessoas que dirigem moto ou usam sopradores de neve ou de
folhas, furadeiras ou serras elétricas.
Usando
fones de ouvido, nunca ouça música no volume máximo . Alguns tocadores de
música portáteis produzem níveis de som no ouvido compatíveis com os de um jato
decolando. Se você ouve música com fones de ouvido interno ou externo em níveis
que bloqueiam as conversas normais, você está, na verdade, liberando golpes
letais para as células ciliares dos seus ouvidos, explica Seidman.
Leia
com atenção os avisos na embalagem de seu fone de ouvido ou tocador de música .
Com grande frequência as pessoas aumentam o volume para não ouvir os ruídos ao
redor. Um plano melhor é ajustar um volume máximo enquanto estiver em um
ambiente silencioso e nunca passar dele.
Se
outras pessoas podem escutar o que você está ouvindo, o volume está muito alto
. Alguns aparelhos portáteis vêm com a possibilidade de programar um volume
máximo, o que pode fazer o preço a mais valer a pena para pais preocupados em
proteger os ouvidos dos filhos.
Se
for usar fones internos de ouvido, escolha aqueles que se encaixam confortavelmente
e nunca inseri-los muito apertados no canal auditivo . Como alternativa, quando
você estiver sozinho e sem risco de perder sinais importantes do ambiente, como
um carro que se aproxima, considere usar fones externos com cancelamento de
ruído, que bloqueiam os barulhos externos e permitem que você ouça música em um
volume mais baixo.
Até
mesmo brinquedos feitos para crianças pequenas podem gerar níveis de barulho
prejudiciais ao ouvido . A Associação Americana de Fonoaudiologia e Linguagem
lista como perigos potenciais as armas de brinquedo, bonecas falantes,
carrinhos com buzinas e sirenes, walkie-talkies, brinquedos de borracha de
apertar, instrumentos musicais e brinquedos com manivelas. De acordo com a
associação, algumas sirenes de brinquedo e brinquedos de borracha podem emitir
sons de até 90 dB, tão altos como um cortador de grama.
Pais
com audição normal devem testar os brinquedos que emitem sons antes de
entregá-los às crianças . A recomendação é: Se o brinquedo soar muito alto, não
compre.
*
Por Jane E. Brody
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