Abelardo da Silva Melo Júnior, médico do trabalho, auditor fiscal do
trabalho da SRTE-PB e mestre em engenharia de produção, discorreu sobre o
tema acima e destacou
os seguintes tópicos:
- O
estudo objetivou identificar a incidência dos fatores imediatos e fatores
causais dos acidentes, ocorridos no período de janeiro/2001 a dezembro/2012,
registrados no Sistema Federal da Inspeção do Trabalho - SFIT e objeto de
investigação pelos auditores-fiscais do trabalho da SRTE-PB. Foram
investigados e analisados no período 304 acidentes de trabalho fatais
(32,89%) e não fatais (67,11%);
- Das 10
principais ocupações geradoras de acidentes de trabalho, 6 pertenciam à
indústria da construção (segmento de edificações), totalizando 120 acidentes
de trabalho (74,07%), de um montante
de 162 acidentes. O servente de obra liderou essa estatística (41,97% do
total), o que correspondeu a 21 acidentes fatais e 47 não fatais;
- Quando
identificadas todas as ocupações vinculadas à construção civil, verificou-se
que o volume de acidentes assumiu proporções assustadoras, atingindo 144
vítimas (47,36%), sendo 54 fatais (17,76%) e 90 não fatais (29,60%).
- A
indústria de transformação apareceu em seguida, com 20,39% do total dos
acidentes, onde os casos fatais aparecem com 4,93% e os não fatais com
15,46%. Quando especificado o tipo de atividade industrial, o setor
calçadista somou 3.169 acidentes, o setor cerâmico, 408 e o setor têxtil, 223
acidentes;
- De um total de 196 fatores imediatos do acidente,
as maiores taxas registradas foram: impacto causado por objeto lançado
(15,82%); exposição a outras linhas de distribuição (13,78%); apertado,
comprimido, colhido ou esmagado (13,27%) e impacto causado por desabamento
(11,73%);
- Com
relação à construção civil, foram identificados 25 fatores imediatos de
risco, com 243 vitimas (79,93%), sendo 70 fatais (23,02%) e 173 não fatais
(56,90%). As maiores incidências foram: impacto causado por objeto lançado
(12,76%); apertado, comprimido, colhido ou esmagado (10,70%); impacto causado
por desabamento (9,47%); queda de um nível para outro (4,53%); queda em ou de
cabina de elevador de obras (2,88%); contato com serra circular (2,06%);
queda de escada de mão (2,06%); queda de ou em andaime simplesmente apoiado
(2,06%); outras quedas de nível a outro (1,65%); queda da periferia de
edificação (1,65%) e queda de abertura de piso (1,65%);
- Com
relação aos fatores causais dos acidentes do trabalho, a análise dos dados do
SFIT identificou 43 fatores causais, sendo os principais: falha na
antecipação ou na detecção do risco (18,57%); modo operatório inadequado à
segurança (15,57%); improvisação (9,38%); falta de planejamento ou de
preparação para o trabalho (8,25%); falta ou inadequação de análise de risco
da tarefa (8,25%) e ausência ou insuficiência de treinamento (8,07%);
- O autor
concluiu que a maioria dos acidentes do trabalho ocorreu na indústria da construção,
onde os trabalhadores se acidentaram por queda de altura ou soterramento. O
setor tem por característica a baixa qualificação da mão de obra e nele
predominam diversos fatores causais, dentre os quais: improvisação, modo
operatório inadequado à segurança e ausência ou insuficiência de treinamento.
Urge, portanto, a
necessidade de mudanças no modo de construir, agregando sistemas de gestão em
segurança e saúde do trabalho para que sejam reduzidos significativamente
esses índices.
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