quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Como estocar e movimentar aço em obra

Confira dicas sobre como receber, movimentar e armazenar o aço no canteiro, visando a evitar acidentes e danos nas peças e a otimizar a logística da obra.

Reportagem: Maryana Giribola

Divulgação: MBigucci/Marcelo Scandaroli
O ideal é que seja previsto local de descarregamento dentro do próprio canteiro, minimizando o risco de acidentes com carros ou pedestres. Os operários envolvidos no transporte devem usar luvas de proteção
Ao receber aço para armaduras em canteiro, é importante atentar para fatores relacionados à movimentação e ao armazenamento do material. Isso porque movimentar vergalhões de forma inadequada pode representar risco aos operários. Armazená-los de maneira incorreta pode trazer problemas à sua preservação física e até à sua aderência ao concreto. 

Os cuidados com o aço, seja em barras ou já cortado e dobrado, começam desde a sua chegada à obra. Ubiraci Espinelli Lemes de Souza, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), recomenda que o descarregamento seja feito por meio de equipamentos de movimentação vertical, como gruas. Nesses casos, é necessário isolar todo o trajeto que as barras farão do caminhão até o local de estoque. Este, por sua vez, precisa ser previsto em projeto.

Outro cuidado é com o isolamento das calçadas, caso não tenha como o caminhão efetuar a descarga dentro do canteiro. “Em São Paulo, é obrigatório que os descarregamentos de materiais sejam feitos dentro dos canteiros, o que elimina um risco a quem esteja passando pelo local”, explica Souza. Além disso, é importante que um técnico em segurança do trabalho oriente os pedestres e operários durante os içamentos, para diminuir o risco de acidente.

Caso o material seja descarregado manualmente, o primeiro trabalho é o de desmontar os feixes, já que o peso do aço não permite a movimentação de muitas barras ao mesmo tempo. Além disso, é imprescindível que os operários usem luvas para que não machuquem as mãos. São necessárias pelo menos três pessoas para fazer o trabalho, de forma que uma segure as barras em cada extremidade e outra, ao meio, aconselha Souza.

Estoque físico 
O local de estoque deve ser pensado para que as barras fiquem próximas do local de processamento (no caso de vergalhões) ou do local de aplicação (no caso de telas soldadas ou barras já cortadas e dobradas) “para evitar ao máximo a necessidade de movimentação do aço dentro da obra”, explica Allan Santiago, engenheiro da construtora MBigucci. Ele conta, ainda, que as informações sobre condições de armazenamento são previstas em projeto e, caso haja necessidade de mudanças, o calculista da obra deve ser consultado.

As barras podem ficar estocadas em local aberto mesmo que sujeitas às intempéries, desde que não se ultrapasse um período máximo de dois meses. O mais importante, no entanto, é garantir que o aço não tenha contato direto com terra ou barro, para não prejudicar a aderência das barras ao concreto.

Outra recomendação é não permitir que o estoque seja feito em contato com poças d’água. “Quando as barras ficam expostas ao tempo, mesmo que elas molhem com a chuva, o vento acaba secando o material. Já quando parte das barras fica mergulhada na água, cria-se uma corrosão chamada de eletrolítica. As propriedades ao longo das barras passam a não ser as mesmas, o que chamamos de diferença de potencial entre as duas partes, e aí a corrosão acontece”, explica Souza.

Marcelo Scandaroli
Desde que por período inferior a dois meses, o aço pode ser armazenado em local exposto às intempéries. Não pode, no entanto, ter nenhum trecho sujeito ao contato com poças d’água, sob risco de corrosão. Solução pode ser aplicar camada de brita ou mesmo apoiar as barras sobre pontaletes
Caso o descarregamento seja manual, é preciso atentar para a quantidade de pessoas necessárias ao transporte, especialmente no caso de vergalhões compridos. Ao desfazer os feixes – para reduzir o peso –, o cuidado é para não misturar bitolas diferentes
Uma dica para evitar o contato das barras com a terra ou com poças de água é jogar brita na região de estoque, além de pontaletes para apoiar o aço em todo seu comprimento. Caso haja necessidade, é aconselhável ainda fazer uma declinação no solo com as próprias britas para que a água não empoce.

Quando as barras são descarregadas, também é importante estocá-las separadas por bitolas. Isso porque quando os diâmetros dos vergalhões são próximos, a identificação visual não é simples. Para separá-las, uma dica é usar os próprios pontaletes na vertical.

Já quando a estrutura está sendo levantada, o material só pode ser estocado sobre lajes caso elas estejam escoradas e sem grandes concentrações de peso. “O aço pesa quase 8 t/m³. Caso seja feito um estoque de aço em grande quantidade sobre uma laje, há o risco de se estar jogando uma carga maior do que aquela para qual o elemento foi dimensionado”, orienta Souza.

Entrega programada
Como as áreas de estoque para o aço devem ser grandes – já que geralmente as barras, quando são entregues inteiras, possuem 12 m de comprimento –, é importante evitar o armazenamento excessivo do material no canteiro. Por isso, é preciso programar as entregas de acordo com a necessidade da obra. 

Souza orienta que, no caso do aço cortado e dobrado, é recomendável estocar quantidade suficiente para duas lajes. No caso do aço em barras, o volume de material estocado deve ser maior “porque é preciso pedir uma quantidade mínima de cada um dos diâmetros das barras, conforme exigência dos próprios fornecedores”, explica o professor. 

Santiago, da MBigucci, conta que as entregas nas obras da construtora geralmente são feitas com uma semana de antecedência. “Quando há estoque, não deixamos passar de 15 dias para que o aço não ocupe muito espaço no canteiro”, explica.


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