Segundo a OIT, 2,3
milhões morrem todo ano devido a acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.
Paulo – Mudanças na forma de organização do trabalho estão entre as
principais medidas para se reduzir os números de acidentes e adoecimentos entre
os trabalhadores, segundo especialistas. O modelo atual, com exigências de
produtividade cada vez maiores e cumprimento de metas abusivas, afeta milhares
de pessoas, em quase todos os setores, com números alarmantes de vítimas
fatais. Nesta segunda-feira (28), eventos pelo país lembrou o Dia Internacional em
Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças de Trabalho.
“Cada ramo econômico
e empresa tem uma forma de funcionar, mas todas tem em comum a exigência por
produtividade visando lucros cada vez mais altos, desconhecendo as condições
reais de cada trabalhador. Existem ramos econômicos onde as metas aumentam a cada
dia, é isso adoece, porque a pessoa nunca cumpre o que a empresa espera dela”,
afirma a médica e pesquisadora Maria Maeno, especialista em segurança do
Trabalho da Fundacentro.
Discutir a atual relação de trabalho, em vez de criar medidas
"rasas" e "superficiais", é o ponto central, evitado pela
maioria das empresas, segundo Maeno. "Nenhuma empresa admite discutir
metas, a maioria quer resolver de forma simples o que não é simples, e prefere
criar salas de descompressão, ginástica laboral. Isso não vai resolver, temos
de mudar totalmente a lógica, considerar o fator humano no contexto do
trabalho. Essas são premissas básicas, que exigem uma construção continuada,
mas que está muito longe de se alcançar."
Segundo estimativa da Organização Internacional do Trabalho (OIT), 2,34
milhões de pessoas morrem a cada ano devido a acidentes e doenças relacionadas
ao trabalho e cerca de 160 milhões adoecem. De acordo com o Ministério da
Previdência Social, em 2012, último dado disponível, foram registrados 705.239
acidentes, ante 720.629 no ano anterior. O número de trabalhadores mortos em
2012 chegou a 2.731, e 14.955 pessoas ficaram permanentemente incapacitados
para o trabalho.
Segundo Maria Maeno, ainda se registra grande número de acidentes
originados por quedas e eletrocussão. O surgimento de casos de doenças
músculo-esqueléticos, como as Lesões por Esforços Repetitivos/Doenças
Ósteomusculares relacionadas ao Trabalho (LER/Dort), aumentaram nas décadas de
1980 e 1990. Desde então, o aparecimento de doenças por transtornos psíquicos
ganharam destaque, justamente pela pressão e o assédio por aumento da
produtividade. “Há ainda doenças que são relacionadas ao trabalho, mas não são
caracterizadas como tal, como as doenças gastrointestinais, cardiovasculares e
até o alcoolismo”, completa.
A data de 28 de abril foi instituída após um acidente numa mina, no
estado de Virgínia, Estados Unidos, deixar 78 mortos, em 1969. No Brasil, com a
promulgação da Lei 11.121, em 2005, o dia tornou-se específico para lembrar as
vítimas e ampliar o debate sobre a prevenção e políticas sobre saúde e
segurança nos locais de trabalho.
Em São Paulo, a
Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) promoverá um debate para
celebrar a data, com a presença do ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias.
O evento ocorrerá a partir das 9h, na sede da Federação do Comércio
(Fecomercio), no bairro da Bela Vista, centro.
Fonte:
Redação RBA
Nenhum comentário:
Postar um comentário