O
resultado positivo em testes de uso de drogas em pilotos mortos em acidentes de
avião foi quatro vezes maior do que há duas décadas.
Alan
Levin
Assentos
de avião: uso de anti-histamínicos, analgésicos e maconha foram apontados.
O
resultado positivo em testes de uso de drogas em pilotos mortos em acidentes de
avião foi quatro vezes maior do que há duas décadas, acompanhando uma tendência
social mais abrangente do uso de anti-histamínicos, analgésicos e maconha.
Embora
a maioria das substâncias não afete a capacidade de pilotar um avião, algumas
drogas, incluindo medicamentos para a dor e indutores do sono, poderiam
prejudicar o desempenho, de acordo com um relatório publicado ontem pelo
National Transportation Safety Board (NTSB) dos EUA.
Os
fármacos mais prevalentes são os anti-histamínicos, como o Benadryl, que pode
provocar sonolência e redução da capacidade mental.
Os
pilotos não estão sendo devidamente advertidos sobre os perigos que essas
substâncias apresentam, disseram investigadores de acidentes do NTSB.
Quatro
de cada dez pilotos que morreram em acidentes aéreos durante 2011 tinham usado
remédios de venda livre, fármacos receitados ou drogas ilegais.
O valor
representa um número quatro vezes maior desde 1990, de acordo com o relatório.
“O
NTSB está preocupado com as possíveis implicações para a segurança do aumento
do uso de drogas em todos os meios de transporte”, disse o vice-presidente do conselho
Christopher Hart. “A pesquisa que apresentamos é um primeiro passo importante
para compreender essas implicações”.
Cerca
de 23 por cento dos pilotos cujo teste de drogas deu positivo de 2008 a 2012
tinham usado substâncias que prejudicam o desempenho, de acordo com o NTSB.
Essa porcentagem mais do que dobrou em comparação com os 11 por cento
registrados no período de 1990 a 1997.
“Algumas
substâncias podem prejudicar significativamente o nível de atenção, a
capacidade de julgamento, o tempo de reação ou o comportamento e provocar
acidentes de transporte”, disse o NTSB no relatório.
Teste
de vítimas
A
Federal Aviation Administration (FAA) dos EUA, entidade de regulação dos
pilotos, analisará os resultados da pesquisa para reduzir os riscos de problemas
de segurança relativos ao uso de drogas, disse o órgão em comunicado enviado
por e-mail. O órgão proíbe o uso de substâncias que reduzam a capacidade dos
pilotos.
“Essa
pesquisa contém demasiados valores desconhecidos e lacunas para que possamos
tirar qualquer conclusão significativa sobre a segurança da aviação”, disse
Mark Baker, presidente da Aircraft Owners and Pilots Association, com sede em
Frederick, Maryland, em comunicado enviado por e-mail.
Drogas
ilegais
O
uso de drogas ilegais representava uma pequena parte dos pilotos cujos testes
identificavam alguma substância. O valor aumentou de 2,3 por cento no período
de 1990 a 1997 para 3,8 por cento de 2008 a 2012.
A
maior categoria de substâncias detectadas nos pilotos foram os
anti-histamínicos sedativos de venda livre, de acordo com o NTSB. Esses
fármacos incluem a difenidramina, conhecida pelo nome comercial de Benadryl,
que é utilizada no tratamento de alergias ou como indutor do sono.
A
pesquisa descobriu que 7,5 por cento dos pilotos cujo teste de drogas deu
positivo tinham tomado anti-histamínicos de venda livre. A taxa aumentou de 5,6
por cento no período de 1990 a 1997 para 9,9 por cento de 2008 a 2012.
Recomendações
do NTSB.
A
FAA não divulga uma lista de medicamentos proibidos para os pilotos. O órgão
diz que, embora ofereça orientações aos médicos sobre as categorias de drogas
não autorizadas, é difícil que os profissionais de áreas não médicas as
entendam.
O
NTSB recomendou à FAA que redobre o empenho em conscientizar os aviadores e
disse que o órgão regulador deveria estipular uma política clara sobre o uso da
maconha. Também recomendou que a FAA investigue o uso de substâncias entre
pilotos que não estiveram envolvidos em acidentes para avaliar os riscos.
Mais
pesquisas
O
álcool não foi incluído na pesquisa porque ele pode se formar no tecido
orgânico após a morte, mesmo se a pessoa não tiver consumido nenhuma gota, de
acordo com o NTSB. A agência identificou um vínculo entre embriaguez e os
acidentes em menos de 2 por cento dos casos fatais.
Apesar
do maior uso de substâncias, o NTSB não observou uma quantidade maior de
acidentes atribuídos à incapacidade relacionada ao uso de drogas. Cerca de 3
por cento dos acidentes fatais estavam ligados ao fato de o piloto ter usado
alguma substância, disse a dra. Mary Pat McKay, médica chefe do conselho de
segurança.
Pode
ser difícil atribuir um acidente às drogas porque os pesquisadores teriam que
provar que o desempenho do piloto foi alterado pela substância.
Embora
a relação entre o álcool e os acidentes seja muito conhecida, são necessárias
mais pesquisas sobre o modo em que distintas substâncias afetam o desempenho,
disse McKay.
Estatísticas
15
números reveladores sobre aviões, acidentes e segurança.
Com
três acidentes aéreos graves em uma semana, alguns números e estatísticas
mostram a realidade da segurança e dos riscos ao se pegar um avião.
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