Região agrícola no Ceará tem
índice de câncer 38% maior que no Brasil.
Pesquisas também relacionam agrotóxicos à depressão e má formação.
Veja reportagem em vídeo
Os efeitos disso podem ser vistos na saúde da população.
Limoeiro do Norte fica na Chapada do Apodi, no semiárido cearense. Na
década de 80, o governo federal criou um projeto de irrigação para desenvolver
a agricultura. Hoje a região tem grandes plantações de frutas.
Um estudo na Universidade Federal do Ceará mostra que nesta região
agrícola o índice de câncer é 38% maior do que nas cidades onde não há grandes
lavouras. “A exposição ocupacional e ambiental aos agrotóxicos na região é tão
intensa, que não há como a gente afastar essa possibilidade. Se os agrotóxicos
não são os únicos responsáveis pelo desencadeamento destas doenças, eles
provavelmente são um dos principais fatores que estão causando estas doenças”,
revela Ada Cristina, médica.
A região tem centenas de fazendas produtoras de frutas, que usam milhares
de litros de agrotóxicos.
Em 2012, o Globo Rural mostrou o início da pesquisa do doutor Ronald
Pinheiro. Ele coletou amostras da medula óssea de 43 trabalhadores rurais da
região. Onze deles apresentaram alterações cromossômicas. Segundo a pesquisa,
isso pode causar câncer.
Além de tumores, pesquisadores investigam casos de má formação. Nos últimos três anos, quatro crianças de uma mesma comunidade nasceram com problemas físicos. Em Limoeiro do Norte, casos assim são 75% mais comuns do que no restante do Brasil.
Além de tumores, pesquisadores investigam casos de má formação. Nos últimos três anos, quatro crianças de uma mesma comunidade nasceram com problemas físicos. Em Limoeiro do Norte, casos assim são 75% mais comuns do que no restante do Brasil.
O Espírito Santo é o estado brasileiro que mais registra casos de
intoxicação por agrotóxicos agrícolas.
Na capital, Vitória, um albergue recebe moradores do interior do
estado, que estão em tratamento médico. Setenta moradores da área rural podem
se hospedar sem pagar nada.
Em 10 anos, a venda de agrotóxicos no Brasil cresceu 190%. Isso é mais
que o dobro da média mundial. Dos 50 agrotóxicos mais usados no país, 15 são proibidos
na Europa.
O último levantamento da Anvisa achou agrotóxicos em 67% dos alimentos
testados, sendo que 25% tinham substâncias proibidas ou acima do permitido.
As plantações de tabaco são o símbolo do Vale do Rio Pardo, região de
400 mil habitantes, no interior do Rio Grande do Sul.
Um convênio entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário e a Emater,
empresa que orienta os agricultores, está incentivando o plantio de outras
culturas, mas a maioria dos produtores ainda dependem do tabaco.
Pesquisas relacionam a exposição aos agrotóxicos com o aumento
nos casos de depressão, pânico e distúrbios alimentares. A taxa de
suicídios em Santa Cruz do Sul é de 28 por 100 mil habitantes. No Brasil, é de
5 por 100 mil habitantes.
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