Sabrina
Craide - Repórter da Agência Brasil
Dos
285 atletas brasileiros que participarão dos Jogos Paralímpicos no Rio de
Janeiro 2016, 101 (35,4%) sofreram algum tipo de acidente, seja de carro, moto,
com arma de fogo ou de trabalho. Os dados são de um levantamento feito pela
Agência Brasil com base em informações fornecidas pelo Comitê Paralímpico
Brasileiro.
Entre
os acidentados, grande parte (49) é vítima de acidente de trânsito (carro, moto
ou atropelamento). Outros 12 atletas têm sequelas de lesões feitas por armas de
fogo, seja em acidentes ou assaltos. Nove ficaram paralisados depois de
acidentes em mar ou piscina e seis sofreram acidentes de trabalho. Também há
atletas que sofreram outros tipos de acidentes, como quedas, acidentes
esportivos e até ferimento por ataque de cachorro.
Um
dos casos de atletas acidentados é o do ex-goleiro do São Paulo Futebol Clube
Bruno Landgraf, atleta da vela adaptada, que chegou a vestir a camisa da
Seleção Brasileira de futebol nas equipes Sub-17 e Sub-20. Em 2006, o jogador
sofreu um acidente de carro na Rodovia Régis Bittencourt, em São Paulo, e teve
um deslocamento na coluna, que o deixou tetraplégico. O judoca Harley Arruda,
que ganhou medalha de bronze nos dois últimos jogos Parapan-Americanos, perdeu
a visão dos dois olhos em 1999, em um acidente com arma de fogo.
Outros
89 atletas paralímpicos brasileiros têm algum problema congênito que causou
deficiências como cegueira ou má formação de membros. É o caso da
multimedalhista do atletismo Terezinha Guilhermina, que nasceu com retinose
pigmentar, uma doença congênita que provoca a perda gradual da visão.
Também
há na delegação brasileira 67 atletas que tiveram alguma doença que deixaram
sequelas, como a poliomielite, que afetou 13 atletas. Um deles é o nadador André
Brasil, que teve poliomielite aos três meses de idade, por causa de uma reação
à vacina, o que deixou uma sequela na perna esquerda.
Entre
os atletas paralímpicos brasileiros também há 28 que tiveram paralisia cerebral
por causa de complicações no parto. Este é o caso da maioria dos atletas da
seleção de Futebol de 7, que é uma modalidade específica para atletas com
paralisia cerebral.
Dos
24 atletas do vôlei sentado que vão participar da Paralimpíada, 16 têm sequelas
de acidentes, a maioria acidentes de trânsito. Na opinião do presidente da
Confederação Brasileira de Voleibol para Deficientes, Amauri Ribeiro, o esporte
é a melhor ferramenta para garantir a reinserção dos deficientes físicos,
especialmente no caso de acidentados. Para ele, mesmo que a pessoa não se torne
um atleta, a prática de esporte é fundamental para o resgate da autoestima.
“O
que eu testemunhei nesses meus 12 anos de trabalho com eles é que o esporte,
principalmente no caso do vôlei, foi a melhor ferramenta de reinserção dessas
pessoas a um convívio normal após o acidente, em função de o esporte ser uma
ferramenta que acelera bastante a recuperação dessas pessoas. Então, elas vêm a
praticar o esporte, colocam uma prótese, voltam a trabalhar, a estudar. Isso é
uma coisa que acompanhamos em vários atletas que tiveram esse tipo de problema
com acidentes”, disse.
Neste
ano, o Brasil terá a maior delegação da história do país em Jogos Paralímpicos.
Serão 285 atletas, sendo 185 homens e 100 mulheres, além de 23 acompanhantes
(atletas-guia, calheiros e goleiros), e 195 profissionais técnicos,
administrativos e de saúde.
Os
Jogos Paralímpicos 2016 serão transmitidos pela TV Brasil, em parceria com
emissoras da Rede Pública de Televisão dos estados. O evento, que ocorre de 7 a
18 de setembro, terá a presença de 4.350 atletas de 160 países, competindo em
22 modalidades.
A
cerimônia de abertura está marcada para o dia 7 de setembro.
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