sexta-feira, 3 de abril de 2020

Entrevista: Presidente da AEST-PB fala sobre Abril Verde e Segurança do Trabalho em meio ao Coronavírus



Estresse, longas jornadas de trabalho e doenças contribuem para a morte de quase 2,8 milhões de trabalhadores todos os anos. Além disso, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 374 milhões de pessoas ficam doentes ou feridas por conta de seus empregos. Essas estatísticas tendem a crescer significativamente ao fim da pandemia do Coronavírus, que, de acordo com a ONU, poderá acabar com 25 milhões de postos de trabalho no mundo.


A escalada no número de casos da COVID-19 coincide com o Abril Verde, nome dado ao movimento que, neste mês, realiza campanhas de conscientização, voltadas para a sociedade, empresas e profissionais sobre os cuidados no ambiente de trabalho, a fim de evitar acidentes laborais e proteger a saúde dos trabalhadores. O movimento nasceu em 2014, na Paraíba, sob a tutela da engenheira Civil e de Segurança do Trabalho, Maria Aparecida Rodrigues Estrela, e do técnico em Segurança do Trabalho, José Nivaldo Barbosa. A escolha deste mês para a realização da campanha é respaldada por duas datas importantes: o Dia Mundial da Saúde, comemorado no dia 7 de abril, e o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, no dia 28 de abril.

Após 7 anos de trabalho intenso, o Abril Verde está se tornando um projeto de larga dimensão, alcançando o patamar internacional e o reconhecimento das organizações mundiais. Em 2020, no entanto, em virtude da pandemia e do isolamento social necessário ao seu combate, a preservação da saúde e da segurança dos trabalhadores que continuam desempenhando suas funções em atividades essenciais passa a ocupar um papel central.

Muitos profissionais continuam trabalhando para prover a sociedade neste período de crise. Indústrias do setor alimentício e farmacêutico são apenas exemplo dessa realidade, que tende a gerar estresse e pressão para lidar com o ofício, acrescido do risco de adoecer. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em cartilha publicada recentemente para os trabalhadores que continuam na ativa durante a crise do Coronavírus, esse contexto laboral pode provocar severos problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, e ainda aumentar o número de acidentes em decorrência da elevação da carga de trabalho e do estresse.

A soma de todos esses fatores sublinha a importância da cultura de prevenção nas organizações. A Engenharia de Segurança do Trabalho e seus profissionais só têm a contribuir com este cenário de enfrentamento e conscientização. Por isso, o Crea-PB entrevistou o presidente da Associação de Engenheiros de Segurança do Trabalho no Estado da Paraíba – Aest/PB, o Engenheiro Mecânico e de Segurança do Trabalho Edvaldo Nunes da S. Filho.


Além de presidir a entidade, Edvaldo também é escritor e professor de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho. Nesta entrevista, ele conta que o tema do Abril Verde este ano é “Todos Juntos pela Saúde e Segurança do Trabalho”, o que, segundo o engenheiro, indica que a prevenção é alcançada mediante ações coletivas e individuais, e isso serve tanto para o ambiente laboral como para o desafio social apresentado pela pandemia. Confira a entrevista.

O mundo vive uma pandemia sem precedentes e as empresas têm um novo desafio pela frente. Qual o papel dos profissionais da Engenharia de Segurança do Trabalho dentro das organizações neste momento, em especial?

O engenheiro de segurança do trabalho atua na prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, onde busca a eliminação ou neutralização de riscos ocupacionais. Dentre estes, estão os riscos biológicos. Assim, é possível difundir medidas protetoras que visem criar barreiras para a contaminação da COVID-19.

Quais as medidas adotadas nesse período de pandemia, visto que alguns profissionais continuam em serviço? Há alguma recomendação específica para resguardar a saúde deles?

São as mesmas para todos. Evitar aglomerações e manter distância de pessoas, evitando contatos, além de manter constante higienização de mãos após tocar objetos, especialmente quando estiver em ambiente público.

O Abril Verde geralmente conta com uma série de atividades de conscientização e promoção do movimento que contam com a participação da AEST-PB. Como ficam essas ações a partir de agora?

Ficam um tanto prejudicadas haja vista o necessário isolamento social imposto pelo momento ímpar em que estamos passando. É possível, no entanto, desenvolver algumas ações eletronicamente, como a realização de “lives” (transmissões ao vivo) e envio de mensagens eletrônicas.

A retração da economia é uma resultante da pandemia. Como tratar empresas e trabalhadores, em conjunto, para que não ocorra demissão em massa? Essa é uma preocupação da AEST-PB?

Como a retração da economia é inevitável, cabe ao governo desenvolver políticas públicas que auxiliem as micro, pequenas e informais empresas. As empresas que se mantêm em atividades já estão adotando medidas preventivas para seus trabalhadores. Muitos bons exemplos são vistos, como, por exemplo, a disponibilização de itens de higienização em estabelecimentos comerciais e proteção coletiva de caixas de supermercados.

Em relação à Segurança do Trabalho, o que a Paraíba pode levar de ensinamentos e exemplos ao restante do país?

A prevenção de uma forma geral é fundamental para o pleno desenvolvimento de qualquer atividade. A adoção de medidas protetoras, e, também, que possam minimizar os efeitos danosos de um acidente ou doença, faz-se necessário no dia-a-dia.

Em 2019, a AEST-PB passou a compor o Plenário do CREA-PB. Quais mudanças o registro no Conselho trouxe e quais as projeções da entidade para 2020?

O nosso registro no Conselho permite aprimorar uma constante vigilância acerca do papel do engenheiro de segurança do trabalho no contexto social e profissional. Pretendemos uma maior aproximação com a sociedade, desenvolvendo ações em vários níveis.

Fotos: Arquivo Pessoal
*Grazielle Uchôa (Assessoria de Comunicação do Crea-PB)
Raniery Monteiro (Estagiário da Assessoria de Comunicação do Crea-PB)





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