quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A cada 100 trabalhadores de SP, um sofre de LER

São Paulo/SP - Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), de cada 100 trabalhadores do Estado de São Paulo, um apresenta algum sintoma relacionado a esse mal. E o pior, o problema costuma se manifestar no auge da carreira profissional, entre 30 e 40 anos.

O que é LER? Segundo o médico Renato Igino dos Santos, clínico-geral e especialista em saúde e segurança do trabalho, a LER - ou lesão por esforço repetitivo - não é uma doença em si. É a classificação de um conjunto de males provocados pela atividade que a pessoa executa durante o trabalho. Esses problemas afetam o chamado sistema muscular-esquelético, que engloba os membros superiores, os inferiores, a coluna cervical e a lombar.

Entre as doenças classificadas como LER estão a tendinite, que é a inflamação dos tendões, a cervicalgia e a epicondilite - respectivamente, dor no pescoço e no cotovelo.

Quais os sintomas característicos da LER?

Cansaço, diminuição da força física, dor ao efetuar certos movimentos e até sensação de formigamento. Esses são avisos do organismo indicando que a musculatura está sobrecarregada pela atividade do dia a dia. Em geral, os sintomas estão relacionados com problemas nos braços e no pescoço. 
Mas, dependendo do trabalho exercido pelo indivíduo, pernas e outras partes do corpo também acabam afetadas.

O que fazer se a LER já se tornou crônica?

Segundo Igino, cerca de 90% dos casos, se detectados logo, obtêm melhora após três meses de tratamento. O tratamento combina exercícios fisioterápicos, remédios e reeducação postural. Se os sintomas persistirem após o dobro desse tempo, a lesão é classificada como crônica.

O que acontece quando a LER não é tratada?

A tendência é que os sintomas se agravem tornando-se até insuportáveis.

Que cuidados uma pessoa que digita oito horas por dia deve tomar?

O que se deve levar em conta é a carga de digitação nessas oito horas. É importante que durante a jornada de trabalho a pessoa realize pausas e faça exercícios de alongamento.

O que acontece com o funcionário que sofre de LER? Ele deve ser afastado do trabalho?

Dependendo da atividade que a pessoa exerce, a relação entre o trabalho e o local da lesão por esforço repetitivo é direta, isto é, com o grupo muscular mais solicitado. Não há casos específicos, mas sim condições específicas de relação direta entre o local da lesão, o movimento realizado e o grupo muscular solicitado. Nessa situação, o trabalhador deve, temporariamente, ser reconduzido a outra atividade diferente daquela que exige do grupo muscular afetado. Para isso, é necessário realizar uma análise ergonômica do trabalho para tomar as medidas necessárias. Segundo Igino, o afastamento da atividade é necessário quando a função expõe ainda mais o trabalhador a realizar movimentos repetitivos.

Fonte: Portal Nacional de Seguros

LER/DORT


As Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou as Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT) são um conjunto de doenças causadas por esforço repetitivo. A LER envolve tenossinovite, tendinite, bursite e outras doenças. Podem ser causadas por esforço repetitivo devido à má postura, stress ou trabalho excessivo. Também certos esportes se praticados intensivamente podem causar LER.


As lesões por esforços repetitivos (LER) ou as lesões por traumas cumulativos (LTC) são um grupo de doenças causadas pelo uso excessivo de determinada articulação, principalmente envolvendo as mãos, os punhos, cotovelos, ombros e joelhos. Essas doenças têm merecido destaque ultimamente devido ao aumento de casos que estão aparecendo, principalmente nas pessoas que trabalham com computadores e vem apresentando sintomas de dor e inflamação nas mãos. Por serem doenças que envolvem certas profissões, elas são consideradas doença do trabalho e muitas vezes levam o paciente à perda de dias de serviço, bem como afetam o andamento das empresas. Por essa razão, as empresas estão cada vez mais se preocupando em orientar os funcionários, para que esses possam se prevenir das lesões.
A causa direta parece ser o uso excessivo de determinadas articulações do corpo, em geral relacionado a certas profissões. Como exemplo, podem ser citados os digitadores, os operadores de caixas registradoras, os profissionais da área de computação, os trabalhadores de linhas de montagem, costureiras, etc.. Essas pessoas passam horas fazendo o mesmo movimento com as mãos ou braços, provocando uma inflamação das estruturas ósseas, ou nos músculos, nos tendões ou mesmo comprimindo nervos e a circulação. Existem várias doenças que podem ser enquadradas nesse grupo LER, cada uma delas com uma característica diferente, mas que irão levar no final aos sintomas de dor, fraqueza e fadiga das articulações, impedindo a pessoa de trabalhar normalmente.
Alguns dos principais tipos de lesões por esforços repetitivos são:
  • Síndrome do túnel do carpo – Essa doença é uma forma bastante comum de LER, provocada pela compressão do nervo mediano, que vem do braço e passa pelo punho, numa região chamada túnel do carpo. Esse nervo é o responsável pela movimentação do dedo polegar, além de promover a sensação nos dedos polegar, indicador e médio na parte da palma das mãos. Devido ao uso excessivo dos dedos e punhos, começa a haver uma inflamação e inchaço das estruturas que passam pelo túnel do carpo, resultando na compressão do nervo mediano. Como resultado, esse nervo passa a ficar mais “fraco”, provocando a sensação de formigamento e amortecimento dos dedos das mãos, principalmente dos dedos polegar, indicador e médio. Às vezes, pode dar até a sensação de “choque” sentida nos dedos e indo em direção ao braço. Em geral, os sintomas pioram com o decorrer do dia, principalmente após um dia de trabalho. Alguns pacientes acordam no meio da noite com as mãos amortecidas. Essa doença é comum em mulheres de 30 a 50 anos, e acomete 3 vezes mais o sexo feminino do que o masculino. Normalmente, os sintomas estão presentes nas duas mãos, mas são notados primeiramente na mão dominante. Para se fazer o diagnóstico da doença é preciso colher os dados de dor nas mãos, a perda de sensibilidade nos dedos, ou formigamento ou mesmo adormecimento dos mesmos. Também é comum o paciente se queixar que não consegue segurar bem as coisas, principalmente fazer o movimento de pinçar. A relação com a profissão tem importância fundamental no diagnóstico. Ao exame físico, um exame de grande importância é a manobra de Phalen, em que se pede para o paciente colocar as mãos em flexão, ou seja, com os dedos voltados para baixo, e unir dorso contra dorso das mãos, durante um minuto. Os cotovelos devem ficar num ângulo de 90 graus e na mesma altura dos punhos. A presença de dor ou sintomas de formigamento ou adormecimento aponta fortemente para o diagnóstico de Síndrome do túnel do carpo. Outro teste é o chamado teste de Tinnel que consiste da compressão do nervo mediano no trajeto dele pelo túnel do carpo. A presença de dor indica a presença da síndrome do túnel do carpo. Caso seja necessário, poderá ser feito um teste para medir a condução do nervo mediano, para ver se está normal ou não. Os exames de raio-X das mãos são importantes para afastar as outras causas de dor nas mãos, como artrites, tumores ou fraturas ósseas. O tratamento se baseia no uso de antiinflamatórios, como o ibuprofeno, para aliviar a dor bem como a inflamação das estruturas envolvidas. Também o uso de munhequeiras ajuda a manter a articulação dos punhos fixa, aliviando assim a dor. O repouso é uma das melhores formas de tratamento e muitas vezes o paciente deve ficar alguns dias sem trabalhar as articulações para haver a diminuição completa da inflamação. Também pode ser administrada a vitamina B6 para melhorar as condições do nervo. Em casos mais severos, poderão ser utilizados corticóides injetados diretamente nas articulações afetadas. Nos casos em que há grande comprometimento do nervo mediano está indicada a cirurgia para a descompressão do mesmo. Essa cirurgia leva a uma melhora dos sintomas em 95% dos casos. A medida mais importante é evitar usar as articulações durante muito tempo. Dê umas paradas no serviço para relaxar a musculatura das mãos e dedos. Outro fator importante é a posição em que você está trabalhando. Para aqueles que usam computadores ou máquinas de escrever, é muito importante a posição em que você está sentado. Os pés devem ficar paralelos ao chão, as pernas devem ficar flexionadas no joelho, sendo que a coxa forme um ângulo de 90 graus com as costas. A cadeira deve ser bem confortável e as costas devem estar apoiadas no encosto. Os braços devem ficar na mesma altura do teclado, sendo que as mãos ficam também no mesmo nível, não forçando assim os punhos. Coloque a tela do computador de modo que você fique a uma distância de 40 a 60 centímetros dela e sua visão direta forme um ângulo de 15 a 30 graus.
  • Tendinites dos extensores dos dedos – Tendões são estruturas que se parecem com cordões extremamente fortes, responsáveis pela fixação dos músculos nos ossos. Toda vez que o músculo se contrai, os tendões se esticam, dando-se assim o movimento desejado. O termo tendinite significa uma inflamação dessas estruturas, em geral causada por excessivo uso daquela articulação envolvida. A tendinite pode ocorrer em qualquer articulação, mas é mais comum nos punhos, nos joelhos, ombros e cotovelos. Devido à inflamação, a pessoa irá apresentar dor quando movimentar as articulações em questão. No caso das mãos, existe um grupo de músculos que estendem os dedos e as mãos, e os respectivos tendões passam pela parte dorsal das mãos. Da mesma forma que para a síndrome do túnel do carpo, o uso excessivo e repetitivo de certa articulação irá provocar o inchaço das estruturas presentes nas costas das mãos, provocando dor ao movimento dos dedos e punhos. O diagnóstico pode ser feito através da queixa do paciente que revela dor na parte dorsal da mão, principalmente após o uso excessivo daquelas articulações. O paciente pode se queixar de fraqueza nas mãos bem como sensação de queimação em vez de dor. O tratamento indicado é o uso de antiinflamatórios e repouso da articulação envolvida. Para a prevenção, é preciso tomar cuidado com a posição em que se está sentado, observar a posição dos braços e mãos, principalmente para aqueles que trabalham com computadores e máquinas de escrever. Os punhos devem sempre ficar numa posição confortável, evitando que eles fiquem desalinhados com os braços e o teclado. Da mesma forma, pare o seu trabalho de tempos em tempos para relaxar a musculatura e os tendões.
  • Tenossinovite dos flexores dos dedos – Os tendões flexores dos dedos estão presentes na parte da palma das mãos. Esses tendões estão recobertos por uma bainha chamada sinovial, que faz com que a contração do músculo fique mais macia. Quando ocorre a inflamação dessa bainha sinovial, usa-se o termo tenossinovite, no caso dos tendões que fazem a flexão dos dedos. Devido à inflamação da bainha, quando houver contração do músculo para movimentar os dedos, aparecerá o sintoma de dor local, e o movimento das mãos não será bem realizado. No diagnóstico, o paciente irá se queixar dor e inflamação na parte interna da mão, principalmente quando fizer o movimento de flexão dos dedos (quando a pessoa fecha as mãos, por exemplo). Para o tratamento, são usados antiinflamatórios para aliviar a dor e inflamação, bem como é indicado o repouso das articulações envolvidas.
  • Tenossinovite estenosante (dedo em gatilho) – Essa doença envolve os tendões flexores dos dedos das mãos, que passam por túneis dentro dos dedos. Se houver a formação de um nódulo sobre o tendão ou ocorrer um inchaço na bainha que o cobre, ele então se tornará mais largo, ficando comprimido nos túneis por onde ele passa. Conforme a pessoa mexe os dedos, ela irá sentir um estalo ou escutar um barulho na articulação envolvida, principalmente no meio dos dedos. O diagnóstico pode ser feito através dos sintomas apresentados, bem como a referência de que a pessoa trabalha em serviços que requerem o uso da palma das mãos e o movimento de fechar os dedos, como carimbar e grampear, em movimentos repetitivos e por longos períodos. O tratamento mais indicado para este problema é o uso de antiinflamatórios e repouso das articulações. Para a prevenção, deve-se evitar o uso repetitivo das articulações, se possível usar um grampeador elétrico ou que ele seja acolchoado para evitar que a palma das mãos se force. A mesma coisa é válida para os carimbos. Também podem ser usadas luvas com gel para que amorteçam a batida contra a palma das mãos.
  • Epicondilite lateral – Essa doença é conhecida como tennis elbow (cotovelo de tênis) e é causada pela inflamação das pequenas protuberâncias dos ossos dos cotovelos, os chamados epicôndilos. Neste caso, os ossos envolvidos são os epicôndilos laterais, ou seja, da parte de fora do braço. Apesar do nome, poucos tenistas apresentam essa doença, sendo mais comum em pessoas que trabalham levantando peso, donas de casa, pessoas que fazem trabalhos manuais e que trabalham em escritórios. Alguns músculos que promovem a retificação do punho e dos dedos são presos pelos tendões no epicôndilo lateral do cotovelo. Quando houver um uso excessivo dessas estruturas, começará a se desenvolver uma inflamação das mesmas, iniciando os sintomas de dor. No diagnóstico, o paciente pode se queixar de dor aguda quando roda o antebraço. Em geral, a pessoa vai notando que a dor vai aumentando gradativamente conforme o uso das articulações, como ao abrir latas, ou ao abrir as fechaduras das portas ou mesmo quando vai parafusar alguma coisa. O tratamento é feito com o repouso da articulação em questão e com o uso de antiinflamatórios. São úteis também os exercícios de alongamento do antebraço e músculos das mãos. Poderá ser usado um suporte para o antebraço, para reduzir a pressão na área afetada. Em casos mais graves, podem ser injetados corticóides no local afetado. Caso não haja melhora, poderá ser indicada cirurgia para alívio dos sintomas.
  • Doença de Quervain - Essa doença decorre da inflamação dos tendões que passam pelo punho no lado do polegar. Se houver um uso excessivo dessa articulação, poderá ocorrer a inflamação desses tendões, dificultando o movimento do polegar e do punho, principalmente quando for pegar algum objeto ou rodar o punho. Em geral as pessoas que trabalham em escritório arquivando documentos, ou datilografando ou escrevendo a mão, em que há uso constante do polegar em direção ao dedo mínimo são as mais propensas a apresentar essa doença. Para o diagnóstico, o paciente irá revelar dor na região do polegar e punho, principalmente se estiver relacionada com profissões acima relacionadas. A manobra de Filkestein é em geral positiva, em que se segura a mão do paciente na parte das costas e leva-se o polegar em direção ao dedo mínimo e faz-se a flexão do punho. O paciente irá apresentar dor na região do punho que poderá se irradiar para o braço. O tratamento para a doença de Quervain consiste no uso de antiinflamatórios e repouso da articulação envolvida. Para a prevenção, procure relaxar as mãos durante o trabalho. Alterne o uso do polegar direito com o esquerdo quando for digitar a barra de espaço do computador ou máquina de escrever. Sempre sentar confortavelmente, com os punhos sempre no mesmo nível das teclas. Procure usar canetas e lápis que sejam bem confortáveis nas mãos, para não forçar o polegar. Se você trabalha com uma atividade que faça movimentos de pinçamento, use luvas de borracha e alterne as mãos.
Enfim, as LER/DORT representam um dos grupos de doenças ocupacionais mais polêmicos no Brasil e em outros países. Têm sido, nos últimos anos, dentre as doenças ocupacionais registradas, as mais prevalentes, segundo estatísticas referentes à população trabalhadora segurada.
Por definição, abrangem quadros clínicos do sistema músculo-esquelético adquiridas pelo trabalhador submetido a determinadas condições de trabalho. Caracterizam-se pela ocorrência de vários sintomas concomitantes ou não, tais como dor, parestesia, sensação de peso, fadiga, de aparecimento insidioso, geralmente nos membros superiores. Entidades neuro-ortopédicas definidas como tenossinovites, sinovites, compressões de nervos periféricos podem ser identificadas ou não. É comum a ocorrência de mais de uma dessas entidades neuro-ortopédicas e a concomitância com quadros mais inespecíficos como a síndrome miofascial. Frequentemente são causa de incapacidade laboral temporária ou permanente. São resultado da superutilização das estruturas anatômicas do sistema músculo-esquelético e da falta de tempo de recuperação.
As LER/DORT são termos utilizados como sinônimos de lesões por traumas cumulativos, distúrbios cervicobraquiais ocupacionais, síndrome ocupacional do overuse. Cada denominação tem relação com a história do processo de reconhecimento da doença como ocupacional nos diferentes países. A tendência mundial no meio científico é utilizar cada vez mais a denominação Work Related Musculoskeletal Disorders (WRMD), cuja tradução no Brasil foi Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), segundo Norma Técnica para Avaliação da Incapacidade Laborativa em Doenças Ocupacionais.
MANUAL DE LER/DORT
Clique no link para acessar um manual sobre o assunto, desenvolvido por uma equipe da Universidade Federal do Paraná (UFPR): http://qualidadeonline.files.wordpress.com/2009/12/manual-de-ler_dort.pdf

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