Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil
Repórter Agência Brasil
Brasília – Acusadas pela
organização não governamental Oxfam de não adotarem medidas para
prevenir e resolver conflitos agrários resultantes da crescente demanda mundial
por açúcar, algumas das dez grandes empresas de alimentos e
refrigerantes garantiram à Agência
Brasil que já possuem
mecanismos corporativos para assegurar uma produção justa e sustentável ao
longo de toda a cadeia produtiva.
Por e-mail, as duas principais
fabricantes de refrigerantes do mundo, Coca-Coca e Pepsi, informaram à
reportagem que todos seus fornecedores são obrigados a respeitar os respectivos
códigos de conduta das companhias.
“Nosso Guia
de Princípios de Agricultura Sustentável reconhece e assegura os direitos das
comunidades e povos locais para garantir o acesso à terra e aos recursos
naturais e respeita os direitos humanos e do trabalho”, posicionou-se a
Coca-Cola, garantindo a disposição de trabalhar com a Oxfam para promover uma
agricultura sustentável nos países onde atua.
A Pepsi garantiu que possui um
código de conduta ajustado às expectativas globais quanto às relações de
trabalho, à saúde, segurança e gestão ambiental. A empresa informou que esse
código vem sendo incorporado na contratação de fornecedores em todos os países
em que opera. “Continuamos comprometidos em agir ética e responsavelmente com
nossos parceiros e organizações externas como a Oxfam”.
Empresa melhor classificada na
avaliação da Oxfam, embora em um grau considerado ruim, a Nestlé reconheceu que
a segurança alimentar é um dos mais importantes problemas mundiais e que o
setor alimentício tem um papel vital para a construção de um sistema alimentar
sustentável.
“Nossa abordagem em relação às
questões fundiárias engloba muitas das preocupações levantadas pela Oxfam,
cujos esforços apoiaremos. Vamos analisar detalhadamente suas solicitações.
Estamos totalmente empenhados em melhorar ainda mais as condições de vida dos
690 mil agricultores que nos fornecem matérias-primas, mas acreditamos que é
necessária uma abordagem conjunta pela sociedade civil, governo e empresas para
que avancemos em direção a um sistema alimentar sustentável”, comentou a Nestlé,
revelando preocupação também em relação ao uso sustentável da água.
A Danone se limitou a reafirmar
que seu modelo de crescimento mundial se sustenta no compromisso com seus
colaboradores; em oferecer e garantir aos consumidores acesso a produtos saudáveis
e nutritivos e no compromisso com a sustentabilidade, que, além de garantir o
futuro do planeta, assegura a perenidade dos negócios da empresa.
Já a Mars, que no Brasil vende os
chocolates M&M e Twix, além dos molhos Masterfoods, garantiu que, entre
outras iniciativas para garantir a sustentabilidade de suas ações, assumiu
compromissos de certificação do cacau, peixe, chá, café e óleo de palma.
“Estamos comprometidos a trabalhar com os nossos fornecedores, com a indústria
de alimentos em geral e com organizações não-governamentais como a Oxfam, o
World Resources Institute e o WWF para tratar dos impactos sociais, ambientais
e econômicos em nossa cadeia de suprimento”.
Argumentando não ser um grande
comprador mundial de açúcar, a Unilever reafirmou seu compromisso de, até 2020,
só usar matérias-primas agrícolas certificadamente obtidas de fontes
sustentáveis – hoje, 36% da meta já foi atingida. “A Unilever reconhece que o
direito à terra é fundamental para a segurança alimentar. Estamos analisando a
melhor forma de implementar as diretrizes do Comitê de Segurança Alimentar
Mundial da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
(FAO). A empresa vai continuar trabalhando de forma transparente com seus
fornecedores, considerando os riscos e os impactos associados à questão da
terra, como forma de atingirmos nossas metas de sustentabilidade”.
Associated British Foods (ABF),
Kellogg's e Mondelez International não se manifestaram sobre o assunto até a
publicação da matéria. A reportagem ligou para o número de telefone informado
no site da General Mills no Brasil, mas não
houve retorno dos pedidos de contato com os representantes ou assessores de
imprensa da empresa no país.
Edição:
Davi Oliveira
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