terça-feira, 8 de outubro de 2013

Uma em cada oito pessoas sofre de fome crônica no mundo, segundo FAO

Por Agência Efe publicado 


Crianças da Somália aguardam ajuda humanitária com alimentos. 
Insegurança alimentar ainda fora da pauta dos governos mundiais.

Roma – Cerca de 842 milhões de pessoas, um em cada oito habitantes do mundo, sofreram de fome crônica entre 2011 e 2013, ao carecer de alimentos suficientes para levar uma vida ativa e saudável, segundo um relatório publicado nesta terça-feira pela Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Mesmo assim, o número de pessoas que passam fome reduziu com relação aos 868 milhões medido no período de 2010 a 2012, indica o documento "O Estado da Insegurança Alimentícia no Mundo (SOFI)", elaborado anualmente pela FAO, o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA).

A maior parte das pessoas que passam fome vivem em países em desenvolvimento, mas cerca de 15,7 milhões estão em países desenvolvidos. "O constante crescimento econômico nos países em desenvolvimento melhorou a renda e o acesso aos alimentos", indica o relatório.

Apesar dos progressos realizados em vários países do mundo, ainda persistem as diferenças na redução da fome.

A África Subsaariana obteve apenas progressos modestos nos últimos anos e continua sendo "a região com a prevalência mais alta de subalimentação" e calcula-se que um em cada quatro africanos (24,8%) sofra de fome.

Também não foram observados avanços recentes na Ásia ocidental, enquanto o Sul da Ásia e o norte da África o progresso se dá muito lentamente. Na maioria dos países da Ásia Oriental, Sudeste Asiático e América Latina ocorreram reduções mais importantes no número de famintos e na prevalência da subalimentação.

Embora de forma desigual, o documento destaca que as regiões em desenvolvimento em conjunto fizeram avanços significativos para alcançar o objetivo de reduzir pela metade a proporção de pessoas que sofrem de fome para 2015.

Esta meta foi acordada em nível internacional dentro dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Se a diminuição média anual desde 1990 continuar no mesmo ritmo até 2015, a prevalência da subalimentação alcançará um nível próximo à meta dos ODM sobre a fome.

Um objetivo mais ambicioso estabelecido na Cúpula Mundial sobre a Alimentação (CMA) de 1996, o de reduzir pela metade o número de pessoas que sofrem de fome para o ano 2015, não poderá ser cumprido em nível global, apesar de 22 países terem alcançado a meta já no final de 2012.

O relatório ressalta que o crescimento econômico é a chave para o progresso na redução da fome, mas não pode levar mais e melhores empregos e renda para todos, a menos que as políticas sejam dirigidas especificamente aos pobres, especialmente nas zonas rurais.

"Nos países pobres, a redução da fome e da pobreza só será alcançada com um crescimento que não seja somente sustentado, mas também seja amplamente partilhado", segundo o SOFI.

O relatório sobre a fome da ONU não mede apenas a fome crônica, mas apresenta um novo conjunto de indicadores para todos os países para captar as múltiplas dimensões da insegurança alimentícia.

Em alguns países, por exemplo, a prevalência da fome pode ser baixa, enquanto ao mesmo tempo as taxas de subalimentação podem ser muito altas, como demonstra a proporção de crianças com atraso do crescimento ou com falta de peso, cuja saúde e desenvolvimento futuros são colocados em risco.

Estas distinções são importantes para melhorar a eficácia das medidas para reduzir a fome e a insegurança alimentícia em todas suas dimensões.

As conclusões e recomendações do SOFI 2013 serão debatidas por representantes dos Governos, a sociedade civil e o setor privado em reunião do Comitê de Segurança Alimentaria Mundial que acontecerá de 7 a 11 de outubro na sede da FAO em Roma. 

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