terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Janeiro Branco: “Falar sobre saúde mental"

 

Janeiro Branco: “Falar sobre saúde mental precisa ser tão normal quanto falar sobre futebol ou novela”, defende psicólogo que criou a campanha

Leonardo Abrahão fez palestra no Fórum Maximiano Figueiredo nesta quarta (24)

Um espaço para falar, de forma franca e livre, sobre saúde mental e a necessidade de normalizar a sua discussão. Foi nisto que o auditório do Fórum Maximiano Figueiredo, em João Pessoa, se transformou nesta quarta-feira (24), quando servidores, magistrados, jovens aprendizes e terceirizados do Tribunal Regional do Trabalho da Paraíba (13ª Região), bem como o público externo assistiram a palestra do psicólogo Leonardo Abrahão, criador da campanha e do Instituto Janeiro Branco.

O evento “Janeiro Branco 2024 – Saúde Mental enquanto há tempo” foi organizado de forma conjunta pela Secretaria de Gestão de Pessoas e Pagamento de Pessoal (Segepe), pela Coordenadoria de Saúde (CSaúde), pelos gestores do Programa Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho e da Igualdade de Gênero, Raça e Diversidade do TRT-13 e pela Escola Judicial (Ejud). Além da palestra, o momento contou com relaxamento e ginástica laboral, promovido pela CSaúde.

Para o palestrante Leonardo Abrahão, que criou o “Janeiro Branco” depois de uma experiência pessoal na qual percebeu o quanto a saúde mental e a busca por ajuda são relegadas a um segundo plano pela sociedade, o grande objetivo da campanha é ampliar o debate acerca do tema. “Falar sobre saúde mental precisa ser tão normal quanto falar sobre futebol ou novela, porque isso é do humano. Somos prateleiras de sentimentos. Quando não falamos sobre nossos sentimentos e a cabeça não está legal, o corpo adoece, porque não sabemos o que fazer com a dor e o sofrimento”, afirmou.

O psicólogo salientou, também, que há uma preocupação com o conhecimento de temas mais objetivos e formais, mas que a subjetividade costuma ser ignorada. “Preferimos conhecer Marte, a profundidade dos oceanos ou os átomos, mas não sabemos nada sobre raiva, ciúmes, tristeza ou carinho. Não temos aula sobre isso na escola. Somos obrigados a viver com os sentimentos sem compreendê-los. Por isso, é urgente discutir a saúde mental para que o ser humano possa ser realmente múltiplo e respeitar as emoções”, enfatizou.

A servidora da Secretaria de Estado da Educação, Sílvia Moreira, conferiu a palestra do psicólogo e relatou que o tema da saúde mental está ganhando espaço nas escolas. “Muitas crianças já vêm de suas comunidades em situação de violência constante e, ao chegarem à escola, encontram professores e gestores desmotivados ou frustrados. Então, a falta de entendimento das questões emocionais causa um prejuízo enorme para toda a sociedade. É preciso discutir a temática com toda a comunidade escolar”, disse.

Saúde mental: cresce afastamento de trabalhadores

Dados do Ministério da Previdência Social mostram o quanto a saúde mental tem prejudicado trabalhadores em todo o país. Em 2023, foram concedidos mais de 288 mil afastamentos devido a transtornos mentais e de comportamentos no Brasil. O número representa um aumento de 38% em relação ao ano anterior.

“Tem sido cada vez mais comum o ajuizamento de ações na Justiça do Trabalho nas quais se alega assédio moral e adoecimento mental. Isso pode acontecer de diversas formas e atingir não só o empregado que está na ponta em uma relação de subordinação, mas também empregados em altos cargos. Aspectos como limitação da jornada de trabalho, desconexão com o trabalho e ambiente de trabalho saudável importam para a saúde mental”, destacou a juíza Rafaela Benevides, uma das gestoras regionais do Programa Trabalho Seguro, durante a mesa de abertura do evento.

Por sua vez, o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho da Paraíba (MPT-PB), Rogério Sitônio Wanderley, destacou o quanto o adoecimento mental é reflexo do de como as relações de trabalho têm se dado nos últimos tempos. “Tivemos aumento do número de denúncias no MPT. Quase 30% delas estão relacionadas à saúde e segurança  do trabalho, onde está inserida  a saúde mental do trabalhador. O MPT não se limita mais a buscar nos Termos de Ajuste de Conduta e nas Ações Civis Públicas a obrigação de abster-se de praticar assédio, mas se preocupa com política preventiva, que deve ser instituída na empresa, com a implementação de ouvidoria que garanta o anonimato, celeridade na apuração e punição do culpado”, ressaltou.

Sobre a campanha

O Janeiro Branco é muito mais do que apenas um mês no calendário. É um movimento social com um propósito claro: construir uma cultura da Saúde Mental que abranja toda a humanidade. No início de cada ano, Janeiro se torna um portal para reflexões profundas. É quando as pessoas avaliam suas vidas, relacionamentos e objetivos. Por isso, é o período propício para discutir a saúde mental e pensar em estratégias focadas no bem-estar emocional.

 Celina Modesto

Assessoria de Comunicação Social TRT-13

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