Janeiro
Branco: “Falar sobre saúde mental precisa ser tão normal quanto falar sobre
futebol ou novela”, defende psicólogo que criou a campanha
Leonardo
Abrahão fez palestra no Fórum Maximiano Figueiredo nesta quarta (24)
Um
espaço para falar, de forma franca e livre, sobre saúde mental e a necessidade
de normalizar a sua discussão. Foi nisto que o auditório do Fórum Maximiano
Figueiredo, em João Pessoa, se transformou nesta quarta-feira (24), quando
servidores, magistrados, jovens aprendizes e terceirizados do Tribunal Regional
do Trabalho da Paraíba (13ª Região), bem como o público externo assistiram a
palestra do psicólogo Leonardo Abrahão, criador da campanha e do Instituto
Janeiro Branco.
O
evento “Janeiro Branco 2024 – Saúde Mental enquanto há tempo” foi organizado de
forma conjunta pela Secretaria de Gestão de Pessoas e Pagamento de Pessoal
(Segepe), pela Coordenadoria de Saúde (CSaúde), pelos gestores do Programa
Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho e da Igualdade de Gênero, Raça e
Diversidade do TRT-13 e pela Escola Judicial (Ejud). Além da palestra, o
momento contou com relaxamento e ginástica laboral, promovido pela CSaúde.
Para
o palestrante Leonardo Abrahão, que criou o “Janeiro Branco” depois de uma
experiência pessoal na qual percebeu o quanto a saúde mental e a busca por
ajuda são relegadas a um segundo plano pela sociedade, o grande objetivo da
campanha é ampliar o debate acerca do tema. “Falar sobre saúde mental precisa
ser tão normal quanto falar sobre futebol ou novela, porque isso é do humano.
Somos prateleiras de sentimentos. Quando não falamos sobre nossos sentimentos e
a cabeça não está legal, o corpo adoece, porque não sabemos o que fazer com a
dor e o sofrimento”, afirmou.
O
psicólogo salientou, também, que há uma preocupação com o conhecimento de temas
mais objetivos e formais, mas que a subjetividade costuma ser ignorada.
“Preferimos conhecer Marte, a profundidade dos oceanos ou os átomos, mas não
sabemos nada sobre raiva, ciúmes, tristeza ou carinho. Não temos aula sobre isso
na escola. Somos obrigados a viver com os sentimentos sem compreendê-los. Por
isso, é urgente discutir a saúde mental para que o ser humano possa ser
realmente múltiplo e respeitar as emoções”, enfatizou.
A
servidora da Secretaria de Estado da Educação, Sílvia Moreira, conferiu a
palestra do psicólogo e relatou que o tema da saúde mental está ganhando espaço
nas escolas. “Muitas crianças já vêm de suas comunidades em situação de
violência constante e, ao chegarem à escola, encontram professores e gestores
desmotivados ou frustrados. Então, a falta de entendimento das questões
emocionais causa um prejuízo enorme para toda a sociedade. É preciso discutir a
temática com toda a comunidade escolar”, disse.
Saúde
mental: cresce afastamento de trabalhadores
Dados
do Ministério da Previdência Social mostram o quanto a saúde mental tem
prejudicado trabalhadores em todo o país. Em 2023, foram concedidos mais de 288
mil afastamentos devido a transtornos mentais e de comportamentos no Brasil. O
número representa um aumento de 38% em relação ao ano anterior.
“Tem
sido cada vez mais comum o ajuizamento de ações na Justiça do Trabalho nas
quais se alega assédio moral e adoecimento mental. Isso pode acontecer de
diversas formas e atingir não só o empregado que está na ponta em uma relação
de subordinação, mas também empregados em altos cargos. Aspectos como limitação
da jornada de trabalho, desconexão com o trabalho e ambiente de trabalho
saudável importam para a saúde mental”, destacou a juíza Rafaela Benevides, uma
das gestoras regionais do Programa Trabalho Seguro, durante a mesa de abertura
do evento.
Por
sua vez, o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho da Paraíba
(MPT-PB), Rogério Sitônio Wanderley, destacou o quanto o adoecimento mental é
reflexo do de como as relações de trabalho têm se dado nos últimos tempos.
“Tivemos aumento do número de denúncias no MPT. Quase 30% delas estão
relacionadas à saúde e segurança do
trabalho, onde está inserida a saúde
mental do trabalhador. O MPT não se limita mais a buscar nos Termos de Ajuste
de Conduta e nas Ações Civis Públicas a obrigação de abster-se de praticar
assédio, mas se preocupa com política preventiva, que deve ser instituída na
empresa, com a implementação de ouvidoria que garanta o anonimato, celeridade
na apuração e punição do culpado”, ressaltou.
Sobre a campanha
O
Janeiro Branco é muito mais do que apenas um mês no calendário. É um movimento
social com um propósito claro: construir uma cultura da Saúde Mental que
abranja toda a humanidade. No início de cada ano, Janeiro se torna um portal
para reflexões profundas. É quando as pessoas avaliam suas vidas,
relacionamentos e objetivos. Por isso, é o período propício para discutir a
saúde mental e pensar em estratégias focadas no bem-estar emocional.
Celina Modesto
Assessoria de Comunicação Social TRT-13
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