quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Meningite afugenta operários em Minas


Galpão da empresa onde os funcionários teria contraído a meningite.
Morte de trabalhador causa pedidos de demissão em massa em obra da siderúrgica Gerdau Açominas, em Ouro Branco.
Outras 17 pessoas estão internadas com suspeita da doença; 1.200 operários foram medicados.

A morte de um operário por meningite meningocócica tipo C em Ouro Branco (a 100 km de Belo Horizonte) desencadeou pedidos de demissão em massa de 380 trabalhadores da construtora Paranasa, que realiza a expansão da siderúrgica Gerdau Açominas.

Com medo da doença, parte dos 2.500 trabalhadores da obra pediu demissão depois da morte do colega e da internação de outros 17 com suspeita da doença.

A Secretaria Municipal de Saúde informou que, além da morte, foi confirmado mais um caso -16 pessoas continuam internadas com suspeita da doença. Foram coletados materiais para mais exames. Os resultados devem sair em uma semana. De acordo com Milton Moraes, presidente do sindicato dos trabalhadores da construção civil do Alto Paraopeba, 250 oficiais (carpinteiros, pedreiros, armadores) e 130 ajudantes, todos do Nordeste, pediram demissão.

Desse total, cerca de 80 ainda estavam em processo de contratação. Nem o salário atual de R$ 1.100 (oficiais), com chance de aumento em novembro (mês do dissídio), foi capaz de segurá-los. O valor é superior ao que recebem os operários que trabalham na reconstrução do Mineirão, o estádio que sediará a Copa em Belo Horizonte (R$ 961,40).

O funcionário de 19 anos que morreu na sexta-feira era de Sergipe e vivia em um dos alojamentos da empresa. Foram medicados 1.200 operários do mesmo alojamento onde estava o trabalhador que morreu, medida preventiva para quem teve contato com pessoa doente.

Os alojamentos ficam na área externa da siderúrgica, a 6 km de Ouro Branco, cidade de 36 mil habitantes. Em cada quarto, dormem quatro operários. Segundo o sindicato, o alojamento é "bom".

Ontem, representantes da Paranasa, da Gerdau e do sindicato se reuniram com todos os funcionários para informá-los sobre a doença e os cuidados necessários, como manter a higiene e a ventilação nos alojamentos.

A Paranasa informou que os funcionários que quiseram se desligar foram demitidos para ter direito aos direitos trabalhistas. A Secretaria de Estado da Saúde disse que não poderia se pronunciar sobre os casos suspeitos porque não foi a Funed (Fundação Ezequiel Dias), ligada ao Estado, que fez os exames.

A bactéria que causa a meningite C tem a particularidade, segundo o infectologista Caio Rosenthal, de ser transmitida por contato próximo.

De acordo com o médico do Emílio Ribas, quem corre mais risco neste caso são os operários que dividiam o alojamento com o homem infectado. A bactéria é transmitida por gotículas de saliva e outras secreções.

Por: Paulo Peixoto
Belo Horizonte
Em condições normais, o micróbio responsável pela meningite C é um habitante inofensivo da garganta. Até 15% dos adultos carregam a bactéria, sem que ela cause danos. O problema é quando o micro-organismo consegue invadir o sangue e desencadear a inflamação das meninges, membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal.

A chance de o problema acontecer é maior em pessoas com o sistema de defesa do organismo em baixa, mas epidemias podem ocorrer. A transmissão da doença acontece via gotículas de saliva, expelidas quando o infectado tosse ou espirra.

O micróbio se espalha com mais facilidade em grandes aglomerações e entre as pessoas em contato próximo com o doente. Entre os cuidados para evitar a infecção, é bom não dividir alimentos e bebidas com o doente, não beijá-lo nem usar a mesma escova de dente. É preciso tratar a doença rapidamente com antibióticos quando detectada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...