segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Falta trabalho para 26,4 milhões de brasileiros, aponta IBGE



Dados do 4º trimestre de 2017 incluem trabalhadores desocupados, mas que poderiam trabalhar, e também aqueles que trabalham menos de 40 horas por semana.

Por Daniel Silveira e Marina Gazzoni, G1, Rio de Janeiro.

Faltava trabalho para cerca de 26,4 milhões de brasileiros no quarto trimestre de 2017, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) trimestral divulgada nesta sexta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Esse número representa os trabalhadores subutilizados no país, grupo que reúne pessoas que poderiam trabalhar, mas estão desocupadas, e aqueles que trabalham menos de 40 horas semanais.

O índice de subutilização atingiu 23,6% da força de trabalho no quarto trimestre de 2017, uma queda em relação trimestre anterior, de 23,9%, mas ainda acima do registrado no mesmo período do ano passado, de 22,2%.

Veja o que são considerados trabalhadores subutilizados e quantos estavam nessa condição no 4º trimestre de 2017:

12,3 milhões de desempregados: pessoas que não trabalham, mas procuram empregos nos últimos 30 dias;

6,5 milhões de subocupados: pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana, mas gostariam de trabalhar mais;

7,3 milhões de pessoas que poderiam trabalhar, mas não trabalham (força de trabalho potencial): grupo que inclui 4,3 milhões de desalentados (que desistiram de procurar emprego) e outras 3 milhões de pessoas que podem trabalhar, mas que não têm disponibilidade por algum motivo, como mulheres que deixam o emprego para cuidar os filhos.

Desalento: brasileiros sem emprego desistem de procurar trabalho.

Segundo o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, a população de trabalhadores subutilizados tem "praticamente um perfil único" por conta, sobretudo, das dificuldades inerentes ao ingresso no mercado de trabalho.

“Os jovens, dadas as dificuldades e barreiras deles se inserirem no mercado de trabalho – falta de experiência, falta de qualificação. Isso também vai abranger um maior contingente da população preta e parda, que também tem maior dificuldade de se inserir por conta da formação e da qualificação e pela falta de experiência.”

Veja o perfil desses trabalhadores subutilizados:

54,2% são mulheres
55,8% são pretos e pardos
26,5% têm entre 18 e 24 anos
39,1% não têm ensino médio

Veja os números da subutilização da força de trabalho no país.

Veja os números da subutilização da força de trabalho no país Veja os números da subutilização da força de trabalho no país Desempregados.

A taxa de desemprego vem caindo no Brasil ficou em 11,8% no quarto trimestre do ano, 0,6 ponto percentual abaixo dos valores registrados três meses antes. Cerca de 12,3 milhões de brasileiros estavam desocupados no fim do ano.

Subocupados

A taxa de subocupados no quarto trimestre foi de 18%, abaixo do registrado no trimestre anterior (18,5%), mas ainda acima do que patamar do quarto trimestre do ano anterior (17,2%).

Jorgina Cordeiro Muniz, de 38-anos, trabalha apenas 4 horas por dia, mas gostaria de trabalhar ao menos o dobro para ter renda maior de 38 anos, trabalha apenas 4 horas por dia, mas gostaria de trabalhar ao menos o dobro para ter renda maior.

Jorgina Cordeiro Muniz, de 38 anos, trabalha apenas 4 horas por dia, mas gostaria de trabalhar ao menos o dobro para ter renda maior.

Mãe de quatro filhos, a promotora de vendas Jorgina Cordeiro Muniz, de 38 anos, é um exemplo de trabalhador subocupada. Após dois anos desempregada, ela conseguiu ser contratada para distribuir jornal de circulação gratuita pelas ruas do Rio. Sua jornada diária de trabalho é de 4 horas por dia – 20 horas semanais -, sempre pelas manhãs.

“Eu não só posso trabalhar mais, como quero trabalhar mais. Preciso muito complementar minha renda”, afirmou.

Sem ocupação após o meio dia, Jorgina busca trabalhos diversos, os chamados bicos, para lhe garantir um complemento de renda. Nesta semana, ela conseguiu uma oportunidade de distribuir nas ruas da cidade panfletos de uma rede de alimentação carioca. Mas, ela confessa que gostaria de ter uma ocupação fixa que lhe rendesse maior renda sem ter de se dividir em mais de uma atividade.

"Pra mim, hoje, é melhor fazer só 4 horas e poder pegar outros serviços. Mas eu estou querendo mesmo é outro trabalho de carteira assinada que me pague melhor", revelou.

Jovens, mulheres, pretos e pardos são mais afetados pelo desemprego no país, aponta IBGE.

Força de trabalho potencial

Aqueles trabalhadores que desistiram de procurar emprego deixam de fazer parte da população desempregada do país e passam a compor o que o IBGE classifica como "desalento". Ou seja, alguém que pode e quer trabalhar, mas não procurou emprego nos últimos 30 dias.


Os dados do IBGE mostram que existiam 4,3 milhões de pessoas nessa condição no Brasil no quarto trimestre de 2012, o maior contingente registrado desde 2012, quando começou a série histórica da pesquisa.

De acordo com o coordenador do IBGE, desalento está diretamente relacionado ao desemprego. “Se a desocupação está alta, o desalento também fica alto. A pessoa desalentada acha que é muito nova ou muito velha para trabalhar, ou que não tem experiência, ou acha que não tem vaga".

"Ela ouve falar tanto em desemprego, que fica desestimulada a procurar emprego”.

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