Pará
é o estado da região Norte onde mais ocorrem acidentes de trabalho na
construção civil. A situação traz prejuízos para o setor e sequelas para os
trabalhadores. Nos últimos seis anos o Ministério da Previdência registrou
quase 32 mil casos no Norte, 40% deles (12.623) no estado do Pará.
Os
dados mostram a escalada de acidentes na construção civil no Pará entre os anos
de 2010, quando eram 1.578 acidente, e 2014, quando chegaram a 2.722. Em 2015
houve queda de quase 37% nos registros de acidentes.
O
setor é responsável por 10% do PIB, que é a soma das riquezas do país, e só no
Pará mantém 42 mil postos de trabalho.
“Nós
temos hoje 60% do nosso setor movido por um ambiente informal. Ou seja, pessoas
que não têm registro, preparo próprio, então não estão habilitadas a exercer
aquela função que tem, muitas das vezes, um risco alto”, diz o presidente do
Sinduscon Alex Dias Carvalho.
O
Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho calculou o volume de
despesas do INSS entre 2012 e 2016 só com o afastamento de trabalhadores
envolvidos com a construção de edifícios de todo o país. Os gastos chegaram a
mais de 423 milhões de reais.
“Nós
temos um déficit entre 800 e 1.000 fiscais em todo o Brasil”, diz o auditor
fiscal do Ministério do Trabalho Fernando Ferreira Filho.
O
professor engenheiro do IPOG especialista na área de obras Alexander Camargo
Gomes explica que muitas atividades ocorrerem em ambientes informais no Pará,
mas é obrigação da empresa ou do dono da obra oferecer equipamentos de segurança
para os empregados trabalharem, e também é obrigação do empregado usar. “O
funcionário tem de ter consciência de que esse equipamento vai salvar a vida
dele”, diz.
Segundo
o engenheiro também é missão da empresa trabalhar a conscientização do funcionário.
“A empresa não deve apenas oferecer o equipamento e sim ensinar o funcionário a
usar e conscientizá-lo sobre a importância do uso”, diz.
Raimundo
Portilho é pedreiro e já caiu de um andaime no fim do expediente. Ele conta que
tinha acabado de tirar o cinto de segurança e que estava a oito metros de
altura. Foram quase cinco anos de benefício. “Na época caímos três pessoas. Eu
machuquei a coluna, tanto a dorsal como a cervical”, conta.
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