O
ex-fumigador argentino sofria de uma doença neurológica causada pela exposição
ao glifosato.
Fabián
Tomasi foi fotografado por Pablo Piovano para a série fotográfica "O custo
humano dos agrotóxicos" / Pablo Piovano.
Fabián
Tomasi, trabalhador rural da cidade de Basavilbaso, localizada no estado de
Entre Ríos, na Argentina, e símbolo da luta contra os agrotóxicos mundialmente,
morreu no último dia 7 de setembro 2018, aos 53 anos.
Tomasi
passou parte de sua vida trabalhando em um avião fumigador nas plantações de
soja do agronegócio argentino, sem nenhum tipo de proteção, porque seus patrões
não o comunicaram que a exposição contínua poderia ser tão prejudicial, nem
sequer ofereceram uma vestimenta adequada para que ele pudesse se proteger dos
vapores tóxicos ou respingos de produtos como o glifosato. Este agrotóxico foi
categorizado em 2015 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como
“provavelmente cancerígeno”.
Seu
trabalho consistia em abrir as embalagens que continham as substâncias
químicas, colocá-las em um recipiente e fumigar os cultivos de uma soja em um
avião fumigador.
Esta
experiência que teve consequências graves para sua saúde. Devido à exposição a
pesticidas como o glifosato, Fabián adquiriu uma polineuropatia tóxica, um
distúrbio neurológico que causa o mau funcionamento dos nervos periféricos,
causando, entre outros sintomas, dores severas nas articulações, dificuldade de
ingerir alimentos sólidos e limitação na mobilidade.
A
história de Tomasi foi narrada no livro "Envenenados", do escritor e
jornalista argentino Patricio Eleisegui, publicado em Buenos Aires pela Editora
Gárgola (2017).
Com
o passar dos anos, apesar do avanço da doença, que provocou uma debilidade
física, o argentino se dedicou a denunciar sua condição e a de milhares de
trabalhadores e comunidades rurais vítimas da exposição aos agrotóxicos, concedendo
entrevistas e participando de campanhas contra os agrotóxicos e contava com o
apoio de organizações ambientalistas e movimentos camponeses, apesar das
constantes ameaças que sofria.
Em
uma de suas entrevistas, concedida para a agência pública argentina Télam,
comentou o descaso sofrido no país, um dos maiores consumidores de agrotóxicos
na América Latina:
"Eu
sempre dou o meu nome, meu endereço, para que os engenheiros químicos, os
médicos, os políticos venham discutir o tema comigo, mas nunca tive a sorte de
conversar com uma autoridade que se interesse pelo tema: ele é tratado quando a
opinião pública se manifesta”, afirmou.
Edição:
Vivian Fernandes
Versão
para o português: Luiza Mançano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário