Estresse,
longas jornadas de trabalho e doenças contribuem para a morte de quase 2,8
milhões de trabalhadores todos os anos. Além disso, segundo a Organização
Internacional do Trabalho (OIT), 374 milhões de pessoas ficam doentes ou
feridas por conta de seus empregos. Essas estatísticas tendem a crescer
significativamente ao fim da pandemia do Coronavírus, que, de acordo com a ONU,
poderá acabar com 25
milhões de postos de trabalho no mundo.
A
escalada no número de casos da COVID-19 coincide com o Abril Verde, nome dado
ao movimento que, neste mês, realiza campanhas de conscientização, voltadas
para a sociedade, empresas e profissionais sobre os cuidados no ambiente de
trabalho, a fim de evitar acidentes laborais e proteger a saúde dos
trabalhadores. O movimento nasceu em 2014, na Paraíba, sob a tutela da
engenheira Civil e de Segurança do Trabalho, Maria Aparecida Rodrigues Estrela,
e do técnico em Segurança do Trabalho, José Nivaldo Barbosa. A escolha deste
mês para a realização da campanha é respaldada por duas datas importantes: o
Dia Mundial da Saúde, comemorado no dia 7 de abril, e o Dia Mundial em Memória
das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, no dia 28 de abril.
Após
7 anos de trabalho intenso, o Abril Verde está se tornando um projeto de larga
dimensão, alcançando o patamar internacional e o reconhecimento das
organizações mundiais. Em 2020, no entanto, em virtude da pandemia e do
isolamento social necessário ao seu combate, a preservação da saúde e da
segurança dos trabalhadores que continuam desempenhando suas funções em
atividades essenciais passa a ocupar um papel central.
Muitos
profissionais continuam trabalhando para prover a sociedade neste período de
crise. Indústrias do setor alimentício e farmacêutico são apenas exemplo dessa
realidade, que tende a gerar estresse e pressão para lidar com o ofício,
acrescido do risco de adoecer. De acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS), em cartilha publicada recentemente para os trabalhadores que continuam
na ativa durante a crise do Coronavírus, esse contexto laboral pode provocar
severos problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, e ainda aumentar
o número de acidentes em decorrência da elevação da carga de trabalho e do
estresse.
A
soma de todos esses fatores sublinha a importância da cultura de prevenção nas
organizações. A Engenharia de Segurança do Trabalho e seus profissionais só têm
a contribuir com este cenário de enfrentamento e conscientização. Por isso, o
Crea-PB entrevistou o presidente da Associação de Engenheiros de Segurança do
Trabalho no Estado da Paraíba – Aest/PB, o Engenheiro Mecânico e de Segurança
do Trabalho Edvaldo Nunes da S. Filho.
Além
de presidir a entidade, Edvaldo também é escritor e professor de Pós-Graduação
em Engenharia de Segurança do Trabalho. Nesta entrevista, ele conta que o tema
do Abril Verde este ano é “Todos Juntos pela Saúde e Segurança do Trabalho”, o
que, segundo o engenheiro, indica que a prevenção é alcançada mediante ações
coletivas e individuais, e isso serve tanto para o ambiente laboral como para o
desafio social apresentado pela pandemia. Confira a entrevista.
O
mundo vive uma pandemia sem precedentes e as empresas têm um novo desafio pela
frente. Qual o papel dos profissionais da Engenharia de Segurança do Trabalho
dentro das organizações neste momento, em especial?
O
engenheiro de segurança do trabalho atua na prevenção de acidentes de trabalho
e doenças ocupacionais, onde busca a eliminação ou neutralização de riscos
ocupacionais. Dentre estes, estão os riscos biológicos. Assim, é possível
difundir medidas protetoras que visem criar barreiras para a contaminação da
COVID-19.
Quais
as medidas adotadas nesse período de pandemia, visto que alguns profissionais
continuam em serviço? Há alguma recomendação específica para resguardar a saúde
deles?
São
as mesmas para todos. Evitar aglomerações e manter distância de pessoas,
evitando contatos, além de manter constante higienização de mãos após tocar
objetos, especialmente quando estiver em ambiente público.
O
Abril Verde geralmente conta com uma série de atividades de conscientização e
promoção do movimento que contam com a participação da AEST-PB. Como ficam
essas ações a partir de agora?
Ficam
um tanto prejudicadas haja vista o necessário isolamento social imposto pelo
momento ímpar em que estamos passando. É possível, no entanto, desenvolver
algumas ações eletronicamente, como a realização de “lives” (transmissões ao
vivo) e envio de mensagens eletrônicas.
A
retração da economia é uma resultante da pandemia. Como tratar empresas e
trabalhadores, em conjunto, para que não ocorra demissão em massa? Essa é uma
preocupação da AEST-PB?
Como
a retração da economia é inevitável, cabe ao governo desenvolver políticas
públicas que auxiliem as micro, pequenas e informais empresas. As empresas que
se mantêm em atividades já estão adotando medidas preventivas para seus
trabalhadores. Muitos bons exemplos são vistos, como, por exemplo, a
disponibilização de itens de higienização em estabelecimentos comerciais e
proteção coletiva de caixas de supermercados.
Em
relação à Segurança do Trabalho, o que a Paraíba pode levar de ensinamentos e
exemplos ao restante do país?
A
prevenção de uma forma geral é fundamental para o pleno desenvolvimento de
qualquer atividade. A adoção de medidas protetoras, e, também, que possam
minimizar os efeitos danosos de um acidente ou doença, faz-se necessário no
dia-a-dia.
Em
2019, a AEST-PB passou a compor o Plenário do CREA-PB. Quais mudanças o
registro no Conselho trouxe e quais as projeções da entidade para 2020?
O
nosso registro no Conselho permite aprimorar uma constante vigilância acerca do
papel do engenheiro de segurança do trabalho no contexto social e profissional.
Pretendemos uma maior aproximação com a sociedade, desenvolvendo ações em
vários níveis.
Fotos:
Arquivo Pessoal
*Grazielle
Uchôa (Assessoria de Comunicação do Crea-PB)
Raniery
Monteiro (Estagiário da Assessoria de Comunicação do Crea-PB)
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