terça-feira, 9 de junho de 2020

Perfil José Hélio Lopes Batista, Técnico em Segurança do Trabalho, e Psicólogo Organizacional da Fundacentro PE

José Hélio Lopes Batista
Técnico de segurança do trabalho
Psicólogo organizacional
Tecnologista da Fundacentro (CRNE-Pernambuco).

Aluno da primeira turma no Brasil de ensino Técnico em Segurança do Trabalho, José Helio Lopes Batista, 61 anos, nasceu no Rio de Janeiro RJ, mas adotou como sua terra Recife, onde criou raízes há mais de meio século. Toda sua trajetória profissional foi construída na Fundacentro, onde ingressou em 1978 na Regional Pernambuco. José Hélio é membro do conselho editorial da revista Proteção.


PROTEÇÃO - Como começou sua história prevencionista?

JOSÉ HELIO - Concluí o curso de técnico em Segurança do Trabalho em 1977, na antiga Escola Técnica Federal de Pernambuco, atual IFPE. Na época, fui muito incentivado pela médica do Trabalho Jandira Dantas, professora e coordenadora do curso. Sinto orgulho de ter sido aluno da primeira turma no Brasil de ensino técnico em Segurança do Trabalho. Anos depois, graduei-me em Psicologia Organizacional pela Universidade Católica de Pernambuco.

PROTEÇÃO - Fale sobre sua trajetória profissional.

JOSÉ HELIO - Toda a minha trajetória profissional foi construída na Fundacentro, onde ingressei em 1978 na Regional Pernambuco. São 41 anos dedicados à saúde do trabalhador, mais de dois terços da minha vida. A aposentadoria já está batendo à minha porta, sinalizando o fim do meu ciclo nesta valorosa entidade. A formação técnica em Segurança do Trabalho foi potencializa Aluno da primeira turma no Brasil de ensino técnico em Segurança do Trabalho, José Hélio Lopes Batista, 61 anos, nasceu no Rio de Janeiro, mas adotou como sua terra Recife, onde criou raízes há mais de meio século. Toda sua trajetória profissional foi construída na Fundacentro, onde ingressou em 1978 na Regional Pernambuco. José Helio é membro do conselho editorial da revista Proteção.

PROTEÇÃO - Quais as principais empresas, órgãos e entidades onde atuou e onde trabalha como TST?


JOSÉ HELIO -Toda a minha trajetória profissional foi construída na Fundacentro, onde ingressei em 1978 na Regional Pernambuco. São 41 anos dedicados à saúde do trabalhador, mais de 2/3 da minha vida. A aposentadoria já está batendo à minha porta, sinalizando o fim do meu ciclo nesta valorosa entidade. A formação técnica em segurança do trabalho foi potencializada após me graduar em Psicologia. As duas áreas se complementam e estão intimamente ligadas à missão institucional da Fundacentro.

PROTEÇÃO - Quais os principais desafios?

JOSÉ HELIO - Os acidentes de trabalho constituem um sério problema de saúde pública e eles não estão de quarentena. Trata-se de um desafio gigantesco a ser vencido, já que a prevenção ainda é um compromisso incompleto. O trabalho seguro e saudável deve ser um valor intrínseco à produção de bens e serviços. Ainda não descobriram uma vacina contra o coronavírus. Mas contra os acidentes de trabalho, ela existe há muito tempo, ou seja: planejamento, projetos, procedimentos e capacitação dos trabalhadores.

PROTEÇÃO - Fale sobre suas conquistas enquanto educador e tecnologista da Fundacentro/PE.

JOSÉ HELIO - Nos primeiros anos, participei de estudos e pesquisas em alguns setores econômicos: extração e beneficiamento do sal marinho no Rio Grande do Norte (que gerou uma cartilha no formato de história em quadrinhos), indústria da panificação (padarias), mineração a céu aberto (pedreiras) e renovadoras de pneus, todos no Grande Recife. A partir de 1987, nossa Unidade Móvel de Ensino percorreu centenas de obras, identificando situações de risco, sugerindo medidas de controle e promovendo ações educativas. Nesse período, publicamos um livreto sobre dados estatísticos de acidentes na construção civil em Pernambuco. Durante muito tempo, coordenei o CPR-PB, comitê interinstitucional para melhoria das condições de trabalho nas obras. Fundado em abril/1996 e sediado em João Pessoa, esse colegiado produziu muitas ações consistentes. Uma delas foi o programa que baniu o choque elétrico como causa de mortes nas obras de construção. Outra iniciativa arrojada do CPR-PB foi a montagem do roteiro da peça “A Construção”, uma aposta no valor do teatro como ferramenta educativa na prevenção de acidentes. Após o êxito das encenações, a peça foi convertida em ARQUIVO PESSOAL de o pela Fundacentro. No biênio 2009/2010, a Fundacentro/PE fez um estudo sobre segurança e saúde na indústria moveleira do agreste alagoano que culminou na produção de um vídeo e de três cartilhas em quadrinhos. Nacionalmente, a Fundacentro concebeu um projeto voltado às condições de trabalho e seus impactos na saúde dos professores da educação básica. Tive a honra de ser coautor de um dos livros gerados no contexto desse projeto. Em julho de 2010, ele foi lançado em grande estilo no Teatro Castro Alves, em Salvador, para cerca de mil participantes. Na ocasião, foi exibido também o famoso documentário “Carregadoras de Sonhos”.

PROTEÇÃO - Fale do seu estudo sobre a CIPA.

JOSÉ HELIO - Ainda na década de 2010, desenvolvi estudo sobre as várias configurações legais da CIPA, que norteou as palestras que conduzi sobre o tema. Participei ainda da pesquisa sobre as condições de trabalho dos servidores do Ministério da Saúde em hospitais e policlínicas do Recife, a pedido do sindicato da categoria. Importante enaltecer três eventos grandiosos coordenados pela Fundacentro/ PE que reuniram milhares de participantes: o Congresso Nacional da Indústria da Construção (em 2005), o Congresso Nacional do Trabalho Portuário e Aquaviário (em 2019) e o Seminário Revisitando as Normas Regulamentadoras de SST. Este último, viabilizado de forma itinerante em cinco cidades nordestinas. Destaco, ainda, a participação nas ações do Movimento 28 de Abril e nas seis edições do Congresso Pernambucano do Trabalho Seguro, promovido pelo Getrin6. Dentre os inúmeros cursos que coordenei, posso mencionar o de benzeno em postos de combustíveis (em seis estados) e o de riscos à saúde em radiologia diagnóstica (em cinco estados). Incorporando conceitos sobre assédio moral no trabalho, idealizei a palestra ‘Meu trabalho tem valor, minha saúde não tem preço’. E tive o privilégio de ministrá-la em diversas ocasiões, inclusive na Justiça Federal e Eleitoral, Procuradoria da República e Ministério Público do Trabalho.

PROTEÇÃO - Conte um fato marcante.

JOSÉ HELIO - Em janeiro de 2017, quatro agricultores morreram durante a limpeza de uma cacimba na zona rural de Barra de São Miguel, no Cariri paraibano. Eles foram vítimas do baixíssimo nível de oxigênio no ambiente. A partir desse trágico acidente, reunimos várias entidades e elaboramos um guia sobre prevenção de acidentes em espaços confinados, em homenagem aos quatro trabalhadores. O lançamento na pequena cidade foi comovente, com a presença dos familiares das vítimas e o depoimento de uma das viúvas. Não contivemos o choro quando ela nos agradeceu de público pela obra. Meses depois, voltamos ao sertão em duas ocasiões para capacitar professores e agentes de saúde sobre normas de Segurança no Trabalho em poços e cisternas.

PROTEÇÃO - Em que trabalho está envolvido atualmente?

JOSÉ HELIO - Atualmente, ao lado de vários colegas da Fundacentro, estou envolvido em duas frentes de trabalho: a produção de material educativo referente a medidas de prevenção contra o coronavírus nos serviços essenciais e a preparação de livreto sobre SST em rede externa de telecomunicações, uma demanda do sindicato da categoria. Aproveite o dia, não se aposente da alegria de viver. E deixe um legado para as futuras gerações, como bem disse o personagem vivido pelo ator Russel Crowe no filme Gladiador: “O que fazemos em vida ecoa pela eternidade”.

Esse espaço apresenta informações sobre as profissões que atuam na área de SST. Mande suas notícias para a redação da Revista Proteção: 


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