Técnico de segurança do
trabalho
Psicólogo organizacional
Tecnologista da Fundacentro
(CRNE-Pernambuco).
Aluno
da primeira turma no Brasil de ensino Técnico em Segurança do Trabalho, José
Helio Lopes Batista, 61 anos, nasceu no Rio de Janeiro RJ, mas adotou como sua
terra Recife, onde criou raízes há mais de meio século. Toda sua trajetória
profissional foi construída na Fundacentro, onde ingressou em 1978 na Regional
Pernambuco. José Hélio é membro do conselho editorial da revista Proteção.
PROTEÇÃO - Como começou sua história prevencionista?
JOSÉ
HELIO - Concluí o curso de técnico em Segurança do Trabalho em 1977, na antiga
Escola Técnica Federal de Pernambuco, atual IFPE. Na época, fui muito
incentivado pela médica do Trabalho Jandira Dantas, professora e coordenadora
do curso. Sinto orgulho de ter sido aluno da primeira turma no Brasil de ensino
técnico em Segurança do Trabalho. Anos depois, graduei-me em Psicologia
Organizacional pela Universidade Católica de Pernambuco.
PROTEÇÃO
- Fale sobre sua trajetória profissional.
JOSÉ
HELIO - Toda a minha trajetória profissional foi construída na Fundacentro,
onde ingressei em 1978 na Regional Pernambuco. São 41 anos dedicados à saúde do
trabalhador, mais de dois terços da minha vida. A aposentadoria já está batendo
à minha porta, sinalizando o fim do meu ciclo nesta valorosa entidade. A
formação técnica em Segurança do Trabalho foi potencializa Aluno da primeira turma
no Brasil de ensino técnico em Segurança do Trabalho, José Hélio Lopes Batista,
61 anos, nasceu no Rio de Janeiro, mas adotou como sua terra Recife, onde criou
raízes há mais de meio século. Toda sua trajetória profissional foi construída
na Fundacentro, onde ingressou em 1978 na Regional Pernambuco. José Helio é
membro do conselho editorial da revista Proteção.
PROTEÇÃO - Quais as principais empresas, órgãos e
entidades onde atuou e onde trabalha como TST?
JOSÉ HELIO -Toda a minha
trajetória profissional foi construída na Fundacentro, onde ingressei em 1978
na Regional Pernambuco. São 41 anos dedicados à saúde do trabalhador, mais de
2/3 da minha vida. A aposentadoria já está batendo à minha porta, sinalizando o
fim do meu ciclo nesta valorosa entidade. A formação técnica em segurança do
trabalho foi potencializada após me graduar em Psicologia. As duas áreas se
complementam e estão intimamente ligadas à missão institucional da Fundacentro.
PROTEÇÃO
- Quais os principais desafios?
JOSÉ
HELIO - Os acidentes de trabalho constituem um sério problema de saúde pública
e eles não estão de quarentena. Trata-se de um desafio gigantesco a ser vencido,
já que a prevenção ainda é um compromisso incompleto. O trabalho seguro e
saudável deve ser um valor intrínseco à produção de bens e serviços. Ainda não
descobriram uma vacina contra o coronavírus. Mas contra os acidentes de
trabalho, ela existe há muito tempo, ou seja: planejamento, projetos,
procedimentos e capacitação dos trabalhadores.
PROTEÇÃO
- Fale sobre suas conquistas enquanto educador e tecnologista da
Fundacentro/PE.
JOSÉ
HELIO - Nos primeiros anos, participei de estudos e pesquisas em alguns setores
econômicos: extração e beneficiamento do sal marinho no Rio Grande do Norte
(que gerou uma cartilha no formato de história em quadrinhos), indústria da
panificação (padarias), mineração a céu aberto (pedreiras) e renovadoras de
pneus, todos no Grande Recife. A partir de 1987, nossa Unidade Móvel de Ensino
percorreu centenas de obras, identificando situações de risco, sugerindo
medidas de controle e promovendo ações educativas. Nesse período, publicamos um
livreto sobre dados estatísticos de acidentes na construção civil em
Pernambuco. Durante muito tempo, coordenei o CPR-PB, comitê interinstitucional
para melhoria das condições de trabalho nas obras. Fundado em abril/1996 e sediado
em João Pessoa, esse colegiado produziu muitas ações consistentes. Uma delas
foi o programa que baniu o choque elétrico como causa de mortes nas obras de
construção. Outra iniciativa arrojada do CPR-PB foi a montagem do roteiro da
peça “A Construção”, uma aposta no valor do teatro como ferramenta educativa na
prevenção de acidentes. Após o êxito das encenações, a peça foi convertida em
ARQUIVO PESSOAL de o pela Fundacentro. No biênio 2009/2010, a Fundacentro/PE
fez um estudo sobre segurança e saúde na indústria moveleira do agreste
alagoano que culminou na produção de um vídeo e de três cartilhas em
quadrinhos. Nacionalmente, a Fundacentro concebeu um projeto voltado às
condições de trabalho e seus impactos na saúde dos professores da educação básica.
Tive a honra de ser coautor de um dos livros gerados no contexto desse projeto.
Em julho de 2010, ele foi lançado em grande estilo no Teatro Castro Alves, em
Salvador, para cerca de mil participantes. Na ocasião, foi exibido também o
famoso documentário “Carregadoras de Sonhos”.
PROTEÇÃO
- Fale do seu estudo sobre a CIPA.
JOSÉ
HELIO - Ainda na década de 2010, desenvolvi estudo sobre as várias
configurações legais da CIPA, que norteou as palestras que conduzi sobre o
tema. Participei ainda da pesquisa sobre as condições de trabalho dos
servidores do Ministério da Saúde em hospitais e policlínicas do Recife, a
pedido do sindicato da categoria. Importante enaltecer três eventos grandiosos coordenados
pela Fundacentro/ PE que reuniram milhares de participantes: o Congresso
Nacional da Indústria da Construção (em 2005), o Congresso Nacional do Trabalho
Portuário e Aquaviário (em 2019) e o Seminário Revisitando as Normas
Regulamentadoras de SST. Este último, viabilizado de forma itinerante em cinco
cidades nordestinas. Destaco, ainda, a participação nas ações do Movimento 28
de Abril e nas seis edições do Congresso Pernambucano do Trabalho Seguro,
promovido pelo Getrin6. Dentre os inúmeros cursos que coordenei, posso
mencionar o de benzeno em postos de combustíveis (em seis estados) e o de
riscos à saúde em radiologia diagnóstica (em cinco estados). Incorporando
conceitos sobre assédio moral no trabalho, idealizei a palestra ‘Meu trabalho
tem valor, minha saúde não tem preço’. E tive o privilégio de ministrá-la em
diversas ocasiões, inclusive na Justiça Federal e Eleitoral, Procuradoria da
República e Ministério Público do Trabalho.
PROTEÇÃO
- Conte um fato marcante.
JOSÉ
HELIO - Em janeiro de 2017, quatro agricultores morreram durante a limpeza de
uma cacimba na zona rural de Barra de São Miguel, no Cariri paraibano. Eles
foram vítimas do baixíssimo nível de oxigênio no ambiente. A partir desse
trágico acidente, reunimos várias entidades e elaboramos um guia sobre
prevenção de acidentes em espaços confinados, em homenagem aos quatro
trabalhadores. O lançamento na pequena cidade foi comovente, com a presença dos
familiares das vítimas e o depoimento de uma das viúvas. Não contivemos o choro
quando ela nos agradeceu de público pela obra. Meses depois, voltamos ao sertão
em duas ocasiões para capacitar professores e agentes de saúde sobre normas de
Segurança no Trabalho em poços e cisternas.
PROTEÇÃO
- Em que trabalho está envolvido atualmente?
JOSÉ
HELIO - Atualmente, ao lado de vários colegas da Fundacentro, estou envolvido
em duas frentes de trabalho: a produção de material educativo referente a
medidas de prevenção contra o coronavírus nos serviços essenciais e a
preparação de livreto sobre SST em rede externa de telecomunicações, uma
demanda do sindicato da categoria. Aproveite o dia, não se aposente da alegria
de viver. E deixe um legado para as futuras gerações, como bem disse o
personagem vivido pelo ator Russel Crowe no filme Gladiador: “O que fazemos em
vida ecoa pela eternidade”.
Esse
espaço apresenta informações sobre as profissões que atuam na área de SST.
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