sábado, 15 de outubro de 2011

Lençol de lixo hospitalar dos EUA é revendido no Brasil


Quase 50 toneladas de lixo hospitalar, ilegalmente importado dos EUA, foram descobertas nesta semana em contêineres desembarcados no porto de Suape (PE).

Os lençóis sujos de sangue, seringas, luvas e gaze interceptados pela Receita Federal incorporam-se ao rol de grandes carregamentos de resíduos sólidos ilegais que têm aportado na costa brasileira com frequência cada vez maior.

Em 2010, mais de 20 toneladas de fraldas, produtos de limpeza e ração para cachorro em decomposição chegaram ao país trazidos por uma exportadora chinesa cujo navio zarpara de Hamburgo.

Um ano antes, 64 contêineres contendo cerca de 1.200 toneladas de lixo tóxico, proveniente do Reino Unido, foram descobertos em Santos e no porto gaúcho de Rio Grande. Em 2004, carregamentos de cádmio e chumbo foram despachados da Itália, da Espanha e dos Estados Unidos para o Brasil.

As apreensões dão apenas uma ideia do verdadeiro montante de dejetos contaminados que ganham livre circulação dentro do país.

No interior de Pernambuco, como relata reportagem publicada hoje nesta Folha, é possível comprar lençóis, fronhas e restos de tecido com logomarcas de hospitais norte-americanos.

A importação de dejetos que causem dano ao ambiente ou à saúde humana e animal é vedada pela legislação brasileira. Mas as descobertas recorrentes indicam que o Brasil se tornou um importante destino dos resíduos produzidos na Europa e nos EUA, a exemplo do que acontece em outros países, africanos sobretudo, onde a compra desse lixo é permitida.

Lençóis sujos de sangue, seringas, máscaras, luvas cirúrgicas, cateteres e gazes.
Paradoxalmente, o comércio internacional do rebotalho europeu e norte-americano ganhou forte impulso na última década, com a aprovação de legislações ambientais cada vez mais exigentes quanto ao tratamento do lixo nas nações desenvolvidas.

A maior taxação dos resíduos e a exigência de reciclagem e de tratamento adequado tornaram lucrativa a venda do subproduto a atravessadores, responsáveis por vendê-lo, legal e ilegalmente, a importadores em países pobres.

As autoridades brasileiras precisam se preparar melhor para combater essa mudança de escala no comércio ilegal do lixo.

Além de aumentar a fiscalização dos carregamentos que chegam à nossa costa, é necessário intensificar gestões junto aos países ricos para que o mesmo seja feito em seus portos. Não adianta aprovar leis ambientais exemplares se a sujeira continua a ser varrida para debaixo do tapete.

Vigilância Sanitária encontra lixo hospitalar dos EUA em Pernambuco

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