Será que o jogo World of Warcraft pode preparar para o
mundo do trabalho? É o que o Departamento de Energia dos EUA e várias
universidades estão tentando descobrir. Essas instituições estão financiando um
esforço para treinar estudantes de faculdade entusiastas do videogame para
operar fábricas químicas deixando-os jogar games que simulam o trabalho.
O objetivo é atrair jovens brilhantes para essa indústria - que possui
poucos trabalhadores especializados e se prepara para uma onda de aposentadoria
da geração baby-boomers. As fábricas do futuro, de acordo com
empresários do meio, precisarão de uma força de trabalho educada, que consiga
pensar rápido, colaborar com outros colegas e que entenda matemática,
engenharia e computadores.
O projeto Avestar (Advanced Virtual Energy Simulation Training and
Research) está sendo testado na West Virginia University, e os financiadores
esperam levá-lo para outras escolas. Nesse projeto, estudantes colocam óculos
para assistirem a imagens em telas 3D e “jogam” uma fábrica química virtual
utilizando um controle parecido com o de um console de videogame, descobrindo
como se dá o funcionamento da indústria.
Wesley Vassar, recém-graduado em Engenharia Química, conta que sua parte
favorita na simulação foi conseguir retirar toda a etapa de contenção de grandes
peças de equipamento, como reatores e vasos de separação, e conseguir ver o que
ocorria dentro das máquinas.
"É muito difícil, senão impossível, ter essa experiência na vida
real", disse o rapaz de 22 anos, que já possui engatilhado um trabalho na
divisão Chlor Alkali da Olin Corp em St. Gabriel, no Estado da Louisiana.
Outra simulação permite a alunos tomarem o controle de toda uma fábrica,
de forma que eles nunca conseguiriam no mundo real, onde apenas apertar o botão
errado pode custar a vida de alguém. Os estudantes sentam em uma sala de
controle virtual e veem o que acontece quando eles mudam variáveis, como o
fechamento de uma válvula de vapor.
Eles podem também praticar respostas às emergências: o software consegue
simular um desastre e fazê-los reagirem, gravando e reproduzindo suas decisões.
De acordo com Richard Turton, professor de Engenharia Química da West
Virgínia University, os simuladores não substituem visitas a uma fábrica real,
mas são mais confortáveis para uma geração de estudantes que não cresceu vendo
seus pais consertando coisas pela casa e, portanto, perderam as habilidades
práticas das gerações anteriores.
O professor conta que precisa lembrar aos alunos de que ao usarem os
simuladores, eles estão se preparando para mais do que um jogo. Uma ação dentro
de uma fábrica pode afetar centenas de peças de equipamento - fechar uma
válvula que está soltando vapor porque é barulhenta e perturbadora, por
exemplo, pode causar a explosão de um reator ligado a essa válvula. "Você
precisa de uma grande imersão e entender exatamente o processo antes de
realizar um julgamento rápido", completa.
Fonte: (The
Wall Street Journal)
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