Entre
2011 e 2015 foram registradas 253.721 ocorrências no Estado. No período, foram
1.158 mortes.
Uma
verdadeira tragédia se abate sobre o Paraná ano após ano. Não se trata de
desastres naturais, guerra ou mesmo alguma alta nos índices de violência. São
os acidentes de trabalho, registrados em média a cada dez minutos no Estado.
Entre 2011 e 2015, último ano com dados disponíveis, foram 253.721 acidentes,
dos quais 1.158 foram fatais – o que representa uma morte a cada 38 horas.
Em
27 de julho celebra-se o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho,
uma forma de destacar o problema ao mesmo tempo em que se renova o compromisso
com a prevenção, a saúde e a segurança no trabalho.
Segundo
dados da Previdência Social, somente em 2015 o Paraná registrou um total de
47.337 acidentes desse tipo, o que deixa o estado em quarto lugar no ranking
nacional quando considerados os números absolutos, atrás apenas de São Paulo,
Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Com relação aos óbitos, foram 212 - apenas
São Paulo (662) e Minas Gerais (304) registraram mais acidentes fatais.
No
mesmo ano o estado contabilizou um gasto de R$ 18,9 milhões em benefícios
concedidos em decorrência de acidentes de trabalho, enquanto o total nacional
ultrapassou os R$ 289 milhões, divididos em 222.450 benefícios acidentários.
Para
o presidente da Associação Paranaense de Medicina do Trabalho, Guilherme Murta,
os números “saltam aos olhos”. “Nos últimos cinco anos tivemos um surto de
acidentes do trabalho, com impacto de mais de R$ 22 bilhões nos cofres
públicos. Foram mais de 3,5 milhões de acidentes de trabalho no período e mais
de 13 mil óbitos”, aponta o especialista, citando os dados da Previdência.
Mas
se os dados oficiais são alarmantes, a realidade pode ser ainda mais tenebrosa,
segundo aponta Adir de Souza, presidente do Sindicato dos Técnicos de Segurança
do Trabalho no Estado do Paraná (Sintespar).
“Os
números são grandes, uma verdadeira tragédia, mas esses são só os dados
oficiais, de trabalhadores com carteira assinada. Aí não está o trabalhador
autônomo, o trabalhador rural. Isso está muito longe da realidade”, afirma
Adir.
Evolução
dos acidentes
Ocorrências
2015
47.337
2014
52.977
2013
52.574
2012
50.009
2011
50.824
Óbitos
2015
212
2014
231
2013
273
2012
227
2011
215.
Consequências
(dados de 2015)
Assistência
Médica 7.049
Incapacidade
temporária – menos de 15 dias 29.489
Incapacidade
temporária – mais de 15 dias 10.924
Incapacidade
permanente 799
Óbito
212
Fonte:Previdência
Social
Transtornos mentais
são problema crescente.
De
acordo com o médico do trabalho Guilherme Murta, os problemas mais recorrentes
de acidentes do trabalho são traumas em membros superiores, principalmente
punhos e mãos, e problemas ósseos-musculares, como tendinite e dores
musculares. Uma outra situação, porém, vem na crescnte nos últimos anos: os
transtornos mentais, caso da depressão e do estresse pós-traumático, entre
outros.
“Não
existe uma causa única, mas é uma conjunção de fatores. No trabalho os fatores
influenciadores desses distúrbios são monotonia nas atividades, grande
exigênxia nas tarefas, pouca autonomia, atividades muito repetitivas, exigência
de metas impraticáveis, ambientes de trabalho com perigo muito grande. É uma
gama de fatores que podem suscitar ansiedade, depressão”, explica o presidente
da Associação Paranaense de Medicina do Trabalho.
Terceirização pode
agravar problema
Em
março deste ano a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei 4.302/1998, que
permite o uso da terceirização em todas as áreas (atividade-fim e atividade-meio)
das empresas. Sancionada dias depois pelo presidente Michel Temer, a legislação
pode impactar diretamente nos índices de acidente do trabalho no Brasil.
Estudos do Dieese e da CUT, inclusive, já apontam a relação entre maior número
de acidentes e empresas terceirizadas.
“Com
certeza vai impactar. Os terceirizados ganham um salário menor e trabalham em
condições piores. Eles se acidentam porque não tem uma capacitação rigorosa e
as empresas não dão o mesmo tratamento para o terceirizado que dão para os empregados
da própria empresa”, argumenta Adir de Souza, presidente do Sintespar.
Já
o médico do trabalho Guilherme Murta destaca o fato de a redução de custos ser
o principal fator que leva os empresários a terceirizar a mão de obra.
“Questiona-se, então, se os cuidados com a saúde do trabalhador, o
comprometimento, serão mantidos. Há uma exigência legal de que sejam, isso é
importante de se afirmar. Agora, se realmente vai acontecer, é difícil de
prever, até porque uma empresa vai se dividir em várias empresas terceirizadas
e não se sabe ainda como será o alcance da fiscalização com mais empresas
atuando”, finaliza.
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