Em
uma entrevista exclusiva ao Perspectiva CAU, Washington Dionísio Sobrinho,
conselheiro federal suplente do conselho de arquitetura e urbanismo do Brasil
(CAU/BR), reside em João Pessoa PB.
A perícia e a avaliação de imóveis vêm se consolidando como um importante campo de atuação para arquitetos e urbanistas, ampliando as possibilidades profissionais e reforçando o papel técnico da arquitetura em diferentes áreas.
Em
entrevista exclusiva ao Perspectiva CAU, o conselheiro federal suplente do
Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), Washington Dionísio
Sobrinho, destaca que o fortalecimento da parceria entre o CAU/BR e o Instituto
Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE) contribui para a
qualificação e o reconhecimento dos arquitetos nesse segmento.
O
conselheiro comenta os resultados da participação do IBAPE na Conferência
Internacional CAU 2025, realizada em Brasília, e aborda as perspectivas para o
XXIII Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliações e Perícias, que ocorrerá
em novembro, em João Pessoa (PB).
Confira
os trechos da entrevista:
Perspectiva
CAU: Na Conferência Internacional CAU 2025, realizada de 4 a 6 de setembro, em
Brasília, o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE)
participou com palestras e cursos sobre perícia e avaliação de imóveis para
arquitetura. Como o senhor vê essa aproximação do CAU/BR com o instituto em mais
esse campo de atuação?
Washington
Dionísio Sobrinho: Vejo essa aproximação de forma extremamente positiva, pois
ela fortalece o vínculo institucional entre o CAU/BR e o IBAPE, promovendo
parcerias e ampliando as oportunidades de inserção dos arquitetos na área de
perícias. O IBAPE, como referência técnica e ética nesse campo, pode contribuir
significativamente para o aprimoramento da atuação dos profissionais de
arquitetura nesse segmento.
Perspectiva CAU: Em continuidade a essa parceria, o CAU/BR e o CAU/PB estarão presentes no XXIII Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliações e Perícias, de 17 a 21 de novembro, em João Pessoa. Essa é uma boa oportunidade para arquitetos conhecerem melhor a área de avaliações e perícias, ainda pouco explorada na profissão. Como é o trabalho nessa área? Quais os desafios técnicos mais comuns enfrentados por profissionais que atuam com perícias e avaliações?
Washington
Dionísio Sobrinho: De fato, a área de perícias ainda é pouco explorada pelos
arquitetos. O Congresso do IBAPE, que será realizado em João Pessoa/PB,
representa uma oportunidade ímpar para que os profissionais conheçam melhor
esse campo de atuação, que se mostra cada vez mais promissor para a
arquitetura. Trata-se de um segmento que exige sólida base técnica, atualização
constante e compreensão interdisciplinar, envolvendo aspectos construtivos,
legais e normativos. Participar de eventos como esse amplia o conhecimento e
contribui para a qualificação dos arquitetos que desejam ingressar ou aprimorar
sua atuação em avaliações e perícias.
O
trabalho do perito consiste em analisar, de forma técnica e imparcial,
situações relacionadas a edificações, terrenos, obras e sistemas construtivos,
com o objetivo de esclarecer fatos de interesse judicial ou extrajudicial. Cabe
ao perito identificar causas de anomalias, avaliar condições de conservação,
estimar valores ou propor soluções técnicas fundamentadas em normas e boas
práticas profissionais.
Entre
os principais desafios da atividade estão a necessidade de constante
atualização técnica, a correta interpretação das normas e legislações
aplicáveis, a análise criteriosa das evidências e a elaboração de laudos
claros, objetivos e tecnicamente fundamentados. Além disso, o perito deve
manter postura ética e isenta, conciliando o conhecimento técnico com a
responsabilidade de produzir informações que subsidiem decisões judiciais,
administrativas ou contratuais.
Perspectiva
CAU: Que habilidades ou formações complementares são mais importantes para quem
deseja ingressar nesse campo?
Washington
Dionisio Sobrinho: Para atuar na área de perícias e avaliações, é fundamental
que o profissional possua sólida formação técnica e busque constante
atualização das Normas e Conhecimentos Técnicos. Além da graduação em
Arquitetura e Urbanismo, recomenda-se a realização de cursos de especialização
ou capacitação em perícias, avaliações e patologia das construções,
preferencialmente reconhecidos por instituições como o IBAPE.
Entre
as habilidades mais importantes estão o raciocínio analítico, a capacidade de
observação, o domínio das normas técnicas, a clareza na comunicação escrita e a
postura ética e imparcial. O perito deve também desenvolver competências em
gestão de informações, interpretação de laudos e relatórios técnicos, além de
habilidades interpessoais para lidar com clientes, advogados, magistrados e
outros profissionais envolvidos nos processos.
Perspectiva
CAU: De que forma o avanço tecnológico, como o uso do BIM e de drones, tem
transformado o trabalho dos peritos?
Washington
Dionisio Sobrinho: O avanço tecnológico tem impactado profundamente o trabalho
dos peritos, tornando as análises mais precisas, seguras e eficientes.
Ferramentas como o BIM (Building Information Modeling) permitem uma visão
integrada do projeto e da edificação, facilitando o diagnóstico de falhas
construtivas, o levantamento de informações e a elaboração de laudos técnicos
com maior nível de detalhamento e confiabilidade.
O
uso de drones, por sua vez, tem se mostrado uma importante ferramenta de apoio
nas vistorias, especialmente em áreas de difícil acesso ou em grandes
empreendimentos, possibilitando registros aéreos de alta resolução e
mapeamentos tridimensionais. Essas tecnologias não substituem o olhar técnico
do perito, mas complementam sua atuação, oferecendo dados mais completos e auxiliando
na tomada de decisões fundamentadas em evidências visuais.
Perspectiva
CAU: A perícia também permite atuação junto a órgãos públicos, como o sistema
judiciário e bancos, além do patrimônio. O senhor pode falar um pouco sobre
esse campo de trabalho?
Washington
Dionisio Sobrinho: A perícia oferece um campo de atuação bastante
diversificado, permitindo ao profissional contribuir em diferentes esferas,
tanto públicas quanto privadas. No âmbito judicial, o perito atua como auxiliar
da Justiça, elaborando laudos técnicos que subsidiam decisões de magistrados em
processos que envolvem questões construtivas, avaliativas ou patrimoniais.
Junto
a instituições financeiras, como bancos, o perito pode realizar avaliações de
imóveis para fins de garantia, financiamento ou reavaliação patrimonial. Já nos
órgãos públicos e entidades de preservação, o arquiteto perito pode atuar na
análise e conservação de bens tombados, edificações históricas e áreas de
interesse cultural.
Trata-se
de um campo que valoriza o conhecimento técnico aliado à responsabilidade
social, no qual o arquiteto encontra a oportunidade de aplicar sua formação,
ética e comprometimento com o interesse público e privado
Perspectiva
CAU: Há editais abertos para esse tipo de serviço? Como os profissionais podem
saber mais sobre o assunto?
Washington
Dionisio Sobrinho: Sim, há editais e oportunidades recorrentes para serviços de
perícias e avaliações, especialmente em órgãos públicos, prefeituras, tribunais
de justiça, instituições financeiras e empresas que demandam análises técnicas
especializadas. Esses editais podem envolver desde avaliações imobiliárias até
perícias em obras públicas, contratos e patrimônios históricos.
Os
profissionais interessados devem acompanhar as publicações oficiais — como diários
de justiça e portais de transparência — além de manter vínculo com entidades de
classe, como o CAU/BR, os CAU/UF e o IBAPE, que frequentemente divulgam cursos,
eventos e oportunidades na área.
A
perícia e a avaliação de imóveis representam um importante campo de atuação
para o arquiteto, pois unem conhecimento técnico, responsabilidade social e
compromisso ético. Trata-se de uma área que valoriza a precisão, a
imparcialidade e o olhar analítico característico da arquitetura.
À
medida que cresce a demanda por diagnósticos técnicos qualificados, a
participação do arquiteto perito torna-se essencial para garantir soluções
seguras, sustentáveis e embasadas nas boas práticas profissionais. A
aproximação entre o CAU e o IBAPE reforça esse movimento de valorização e
consolida um espaço de reconhecimento para os arquitetos que desejam contribuir
de forma efetiva com a sociedade, por meio da perícia técnica e da excelência
profissional.
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