quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Entrevista, demanda por diagnósticos técnicos abre oportunidades para arquitetos em perícia

Em uma entrevista exclusiva ao Perspectiva CAU, Washington Dionísio Sobrinho, conselheiro federal suplente do conselho de arquitetura e urbanismo do Brasil (CAU/BR), reside em João Pessoa PB.

A perícia e a avaliação de imóveis vêm se consolidando como um importante campo de atuação para arquitetos e urbanistas, ampliando as possibilidades profissionais e reforçando o papel técnico da arquitetura em diferentes áreas.

Em entrevista exclusiva ao Perspectiva CAU, o conselheiro federal suplente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), Washington Dionísio Sobrinho, destaca que o fortalecimento da parceria entre o CAU/BR e o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE) contribui para a qualificação e o reconhecimento dos arquitetos nesse segmento.

O conselheiro comenta os resultados da participação do IBAPE na Conferência Internacional CAU 2025, realizada em Brasília, e aborda as perspectivas para o XXIII Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliações e Perícias, que ocorrerá em novembro, em João Pessoa (PB).

Confira os trechos da entrevista:

Perspectiva CAU: Na Conferência Internacional CAU 2025, realizada de 4 a 6 de setembro, em Brasília, o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE) participou com palestras e cursos sobre perícia e avaliação de imóveis para arquitetura. Como o senhor vê essa aproximação do CAU/BR com o instituto em mais esse campo de atuação?

Washington Dionísio Sobrinho: Vejo essa aproximação de forma extremamente positiva, pois ela fortalece o vínculo institucional entre o CAU/BR e o IBAPE, promovendo parcerias e ampliando as oportunidades de inserção dos arquitetos na área de perícias. O IBAPE, como referência técnica e ética nesse campo, pode contribuir significativamente para o aprimoramento da atuação dos profissionais de arquitetura nesse segmento.

Perspectiva CAU: Em continuidade a essa parceria, o CAU/BR e o CAU/PB estarão presentes no XXIII Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliações e Perícias, de 17 a 21 de novembro, em João Pessoa. Essa é uma boa oportunidade para arquitetos conhecerem melhor a área de avaliações e perícias, ainda pouco explorada na profissão. Como é o trabalho nessa área? Quais os desafios técnicos mais comuns enfrentados por profissionais que atuam com perícias e avaliações?

Washington Dionísio Sobrinho: De fato, a área de perícias ainda é pouco explorada pelos arquitetos. O Congresso do IBAPE, que será realizado em João Pessoa/PB, representa uma oportunidade ímpar para que os profissionais conheçam melhor esse campo de atuação, que se mostra cada vez mais promissor para a arquitetura. Trata-se de um segmento que exige sólida base técnica, atualização constante e compreensão interdisciplinar, envolvendo aspectos construtivos, legais e normativos. Participar de eventos como esse amplia o conhecimento e contribui para a qualificação dos arquitetos que desejam ingressar ou aprimorar sua atuação em avaliações e perícias.

O trabalho do perito consiste em analisar, de forma técnica e imparcial, situações relacionadas a edificações, terrenos, obras e sistemas construtivos, com o objetivo de esclarecer fatos de interesse judicial ou extrajudicial. Cabe ao perito identificar causas de anomalias, avaliar condições de conservação, estimar valores ou propor soluções técnicas fundamentadas em normas e boas práticas profissionais.

Entre os principais desafios da atividade estão a necessidade de constante atualização técnica, a correta interpretação das normas e legislações aplicáveis, a análise criteriosa das evidências e a elaboração de laudos claros, objetivos e tecnicamente fundamentados. Além disso, o perito deve manter postura ética e isenta, conciliando o conhecimento técnico com a responsabilidade de produzir informações que subsidiem decisões judiciais, administrativas ou contratuais.

Perspectiva CAU: Que habilidades ou formações complementares são mais importantes para quem deseja ingressar nesse campo?

Washington Dionisio Sobrinho: Para atuar na área de perícias e avaliações, é fundamental que o profissional possua sólida formação técnica e busque constante atualização das Normas e Conhecimentos Técnicos. Além da graduação em Arquitetura e Urbanismo, recomenda-se a realização de cursos de especialização ou capacitação em perícias, avaliações e patologia das construções, preferencialmente reconhecidos por instituições como o IBAPE.

Entre as habilidades mais importantes estão o raciocínio analítico, a capacidade de observação, o domínio das normas técnicas, a clareza na comunicação escrita e a postura ética e imparcial. O perito deve também desenvolver competências em gestão de informações, interpretação de laudos e relatórios técnicos, além de habilidades interpessoais para lidar com clientes, advogados, magistrados e outros profissionais envolvidos nos processos.

Perspectiva CAU: De que forma o avanço tecnológico, como o uso do BIM e de drones, tem transformado o trabalho dos peritos?

Washington Dionisio Sobrinho: O avanço tecnológico tem impactado profundamente o trabalho dos peritos, tornando as análises mais precisas, seguras e eficientes. Ferramentas como o BIM (Building Information Modeling) permitem uma visão integrada do projeto e da edificação, facilitando o diagnóstico de falhas construtivas, o levantamento de informações e a elaboração de laudos técnicos com maior nível de detalhamento e confiabilidade.

O uso de drones, por sua vez, tem se mostrado uma importante ferramenta de apoio nas vistorias, especialmente em áreas de difícil acesso ou em grandes empreendimentos, possibilitando registros aéreos de alta resolução e mapeamentos tridimensionais. Essas tecnologias não substituem o olhar técnico do perito, mas complementam sua atuação, oferecendo dados mais completos e auxiliando na tomada de decisões fundamentadas em evidências visuais.

Perspectiva CAU: A perícia também permite atuação junto a órgãos públicos, como o sistema judiciário e bancos, além do patrimônio. O senhor pode falar um pouco sobre esse campo de trabalho?

Washington Dionisio Sobrinho: A perícia oferece um campo de atuação bastante diversificado, permitindo ao profissional contribuir em diferentes esferas, tanto públicas quanto privadas. No âmbito judicial, o perito atua como auxiliar da Justiça, elaborando laudos técnicos que subsidiam decisões de magistrados em processos que envolvem questões construtivas, avaliativas ou patrimoniais.

Junto a instituições financeiras, como bancos, o perito pode realizar avaliações de imóveis para fins de garantia, financiamento ou reavaliação patrimonial. Já nos órgãos públicos e entidades de preservação, o arquiteto perito pode atuar na análise e conservação de bens tombados, edificações históricas e áreas de interesse cultural.

Trata-se de um campo que valoriza o conhecimento técnico aliado à responsabilidade social, no qual o arquiteto encontra a oportunidade de aplicar sua formação, ética e comprometimento com o interesse público e privado

Perspectiva CAU: Há editais abertos para esse tipo de serviço? Como os profissionais podem saber mais sobre o assunto?

Washington Dionisio Sobrinho: Sim, há editais e oportunidades recorrentes para serviços de perícias e avaliações, especialmente em órgãos públicos, prefeituras, tribunais de justiça, instituições financeiras e empresas que demandam análises técnicas especializadas. Esses editais podem envolver desde avaliações imobiliárias até perícias em obras públicas, contratos e patrimônios históricos.

Os profissionais interessados devem acompanhar as publicações oficiais — como diários de justiça e portais de transparência — além de manter vínculo com entidades de classe, como o CAU/BR, os CAU/UF e o IBAPE, que frequentemente divulgam cursos, eventos e oportunidades na área.

A perícia e a avaliação de imóveis representam um importante campo de atuação para o arquiteto, pois unem conhecimento técnico, responsabilidade social e compromisso ético. Trata-se de uma área que valoriza a precisão, a imparcialidade e o olhar analítico característico da arquitetura.

À medida que cresce a demanda por diagnósticos técnicos qualificados, a participação do arquiteto perito torna-se essencial para garantir soluções seguras, sustentáveis e embasadas nas boas práticas profissionais. A aproximação entre o CAU e o IBAPE reforça esse movimento de valorização e consolida um espaço de reconhecimento para os arquitetos que desejam contribuir de forma efetiva com a sociedade, por meio da perícia técnica e da excelência profissional.

Link de acesso ao Site

https://caubr.gov.br/demanda-por-diagnosticos-tecnicos-abre-oportunidades-para-arquitetos-em-pericia/

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