quinta-feira, 21 de março de 2013

Radar salva-vidas


Por: Marina Sequinel
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Um sistema que reconhece o uso do cinto de segurança por motoristas está em desenvolvimento na Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em Santa Catarina. O software pode facilitar a fiscalização da lei 9.503 de 1997, que obriga os ocupantes de veículos automotores a utilizar o dispositivo em todo o território nacional.

A tecnologia funciona a partir da captura de imagens por câmeras que seriam instaladas em rodovias, de forma similar aos radares de monitoramento de velocidade. O sistema identifica, primeiramente, os elementos estáveis no vídeo, como rodovia, faixas e placas. Assim, é capaz de distingui-los de objetos em movimento. Uma vez que um veículo é detectado, um algoritmo de processamento de imagem reconhece o para-brisa e, finalmente, localiza o cinto de segurança.

“Hoje, o programa é capaz de reconhecer o cinto em 90% dos casos. O que nos resta agora é trabalhar em cima dos 10% restantes”

O sistema foi testado no ano passado em duas vias de Florianópolis e uma de Blumenau (SC). Ao analisar as câmeras, os pesquisadores separaram os casos em que o uso do cinto de segurança foi detectado corretamente daqueles em que não houve identificação. O nível de acerto do software foi de 85%.

“Ainda podemos melhorar bastante. Na verdade, do ano passado para cá, já tivemos evoluções. Hoje, o programa é capaz de reconhecer o cinto em 90% dos casos. O que nos resta agora é trabalhar em cima dos 10% restantes”, diz o cientista da computação Eros Comunello, do programa de pós-graduação em Computação Aplicada da Univali.

Por enquanto, o software só consegue verificar o uso do cinto por motoristas. “O equipamento ainda não reconhece o comportamento dos passageiros do veículo, mas esse é um ponto no qual estamos trabalhando também”, explica Comunello.

Restrições

Há ainda outros problemas a resolver. Como o sistema usa câmeras normais, sem recursos como sensor infravermelho, é difícil capturar imagens noturnas, por exemplo. Além disso, os pesquisadores buscam contornar interferências, como a reflexão da luz do sol, que pode saturar os quadros de vídeo, e limitações, como a identificação do cinto em pessoas com roupa preta ou em carros com vidros escuros.

“Nosso objetivo é resolver essas dificuldades e mostrar a viabilidade da técnica. Hoje, o policial tem que ir às ruas para fiscalizar o uso do cinto. Queremos facilitar esse trabalho com o auxílio do computador”, afirma o pesquisador da Univali.

“Hoje, o policial tem que ir às ruas para fiscalizar o uso do cinto. Queremos facilitar esse trabalho com o auxílio do computador”

Segundo ele, aproveitar equipamentos baratos – câmeras normais e computadores mais simples – minimiza o custo do projeto e possibilita que o sistema entre em operação com mais facilidade.

A previsão é de que o primeiro protótipo esteja pronto em julho deste ano. O andamento do projeto depende da parceria com empresas e órgãos do governo. Caso os pesquisadores consigam negociar com a polícia rodoviária até o final de 2013, a expectativa é de que o programa seja lançado daqui a três anos aproximadamente.

Veja no VÍDEO abaixo uma demonstração do sistema em funcionamento

http://www.youtube.com/watch?v=Xg-L4EHBmzU&feature=player_embedded

Estatísticas

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o não uso de cinto de segurança é a terceira maior causa de mortes no trânsito no Brasil. A infração só perde para excesso de velocidade e ultrapassagem em local proibido.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística indicam que 27% dos brasileiros não usam o cinto – tanto no banco da frente quanto no banco traseiro.

De acordo com o Departamento de Trânsito do Paraná, oito em cada dez pessoas morrem em acidentes em que pelo menos um veículo está a menos de 20km/h por não usarem o cinto de segurança.

O uso do dispositivo evita 47% das mortes no trânsito, segundo a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego.

Marina Sequinel
Especial para a CH On-line/ PR

http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2013/03/radar-salva-vidas

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