No dia 2 de março, o Sintesp (Sindicato dos
Técnicos de Segurança do Trabalho no Estado de São Paulo) deu um importante
passo em prol da categoria. Com a implantação da Diretoria de Ética, Cidadania
e Trabalho, dirigida por Cosmo Palásio que contou, em entrevista divulgada no
site da entidade, sobre essa iniciativa e apontou o direcionamento dos
trabalhos, objetivos e o que a nova Diretoria irá agregar para os técnicos de
segurança:
Qual será a principal linha de
trabalho desta nova Diretoria?
Essa diretoria contém em seu nome três palavras que por si são muito complexas, Ética, Cidadania e Trabalho e que justamente definem a linha de trabalho. Ética: o primeiro ponto e direção e que não é possível existir prática cidadã ou mesmo trabalho adequado sem que seja observada a ética – uma palavra hoje com seu sentido um tanto quanto prejudicado em meio a sociedade brasileira e muitas vezes mais associada a corporativismos do que de fato interesses maiores.
A palavra ética é derivada do
grego, e significa aquilo que pertence ao caráter que por sua vez – o caráter –
é o que determina a conduta, os valores e a firmeza moral que definem a
coerência das ações, no caso profissionais.
Não é preciso pensar muito para
entender o quanto isso nos falta hoje em toda sociedade e o quanto é uma das
principais causas de todos os males que sentimos em nossas vidas. Claro que em
uma área que lida com saúde e vidas, isso quando mal cuidado torna-se ainda
mais grave pelas consequências que pode ter.
A ambiciosa ideia passa pelo
entendimento de que temos hoje atuando em SST muita gente que nasceu na era da
Lei de Gerson e que aprendeu a vantagem como uma qualidade e pelo caminho só
teve isso alimentando pelas circunstancias sem maiores chances de ser
apresentando a um novo olhar. Aprendeu também – vendo o que ocorre – que a
ética boa parte das vezes é utilizada entre iguais para se protegerem em
determinas situações – e isso fez mais ainda com que a palavra perde-se seu
rico e pleno sentido. Nos queremos demonstrar através de pequenas ações o
quanto isso é problema e o quanto a ética é muito mais ampla e necessária para
que nossas ações sejam bem pautadas e o faremos inserindo o assunto em todas as
oportunidades e meios possíveis (inclusive no PP) e o quanto todos ganhamos
quando entendemos a importância da ética para o coletivo. Ética pode
significar muita coisa – em relação a muitas outras coisas basta que coloquemos
o olhar de forma mais ampla.
Claro que não há qualquer
dificuldade em entender o quanto nos tempos atuais houve um tendência a
conhecer direitos e ao mesmo tempo um certo desconhecimento em relação aos
deveres – isso empobrece as relações e o coletivo. No caso da profissão técnico
de segurança do trabalho é muito comum as pessoas se preocuparem apenas com o
quanto vão ganhar sem supor que isso tem uma contrapartida, é comum exigirmos a
continuidade da NR 4 mas sem nos preocuparmos com sua plena aplicação – ou seja
direitos sem deveres. Isso é uma doença que além de tudo leva pessoas a
realizações deficientes, comportamentos sociais bastante vagos.
Além disso, antes de sermos
profissionais em suas especialidades somos todos cidadãos, ou seja, que o
conhecimento que temos na atuação que nos permite o sustento pode e deve ser
aplicado em prol do coletivo mais amplo – em outras palavras, o aspecto
cidadão do especialista. Pouca gente tem ideia do quanto isso é necessário e
melhor ainda o quanto nos faz melhores como pessoas. O que desejamos aqui é
ampliar a consciência quanto as possibilidades de atuação, os espaços que podem
e precisam ser ocupados o levar a segurança e saúde no trabalho para todas as
pessoas e em todos os lugares.
Trabalho: em relação ao
trabalho precisamos compreender o que vem ocorrendo e o que vai ocorrer nesse
campo – qual o papel que pode existir para os técnico de segurança do trabalho
no hoje e, mais ainda, no amanhã e o que precisa ser feito para que isso ocorra
de forma a atender os interesses da sociedade e também os da categoria – nessa
ordem. Além disso existe a intenção de auxiliar da prospecção – a partir de
muitas fontes – de possíveis vagas visando auxiliar a colocação e a recolocação
de pessoas.
Como os TSTs serão envolvidos
nas ações desta nova Diretoria?
Em diversos momentos e oportunidades, a primeira delas com a abertura de um canal via e-mail por meio do endereço etica@sintesp.org.br – onde todos os assuntos serão tratados com rigoroso sigilo para informações, denuncias e qualquer tipo de comunicação relativa a atuação de nossos profissionais (registro em mais de um emprego por exemplo) ou de situações de empresas que tenham obrigação de atender a NR-4 e não o façam, etc. Em outros momentos em atividades dentro do próprio sindicato ou nas suas regionais através de ações informativas ou educativas pertinentes aos temas da diretoria.
Um ponto importante que já
iniciamos são as visitas aos locais de trabalho onde, no papel de Diretor desta
nova pasta, em companhia de outros diretores, dedicaremos parte do tempo a
estar próximo aos nossos colegas, aproximando o Sindicato da realidade dos
técnicos de segurança do trabalho. Essa experiência tem sido muito interessante
porque o profissional técnico de segurança geralmente atua isolado dentro de
uma empresa – se é cadastrado no sindicato ainda recebe informações – mas
quando não pouco ou nada sabe do que esta ocorrendo – é o saber, o estar informado
em SST é uma base para a atuação correta.
Claro que o uso das nossas
mídias também será de suma importância, chamando a atenção tanto para a ética
na atuação profissional, como para a cidadania.
Quais suas perspectivas à
frente desse trabalho no Sintesp?
Tenho muitas perspectivas e mais ainda expectativas de dar uma forte contribuição para que lá no final do processo, lá na ponta, tenhamos uma segurança e saúde do trabalho melhor. Vejo isso como uma oportunidade de servir, de propiciar melhoras no âmbito da nossa categoria e, por consequência, que isso impacte a sociedade de forma geral em relação a SST. Bem, sabemos que a luta será árdua e que muito trabalho deverá ser feito sob o prisma da ética, cidadania e trabalho.
Fonte: Sintesp/Ass. Imprensa
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