Por Laercio Silva
Jornalista especializado em Higiene Ocupacional e Segurança do
Trabalho.
Reescrevo o texto para
torná-lo mais compreensível transcrevendo as informações do vídeo com
adaptações.
“Na verdade, o profissional
está desistindo. Ele se sente desvalorizado ao ser tratado como um simples
peão, pois ele é um especialista não é um bicho! Enquanto o mercado continuar
tratando os profissionais da construção civil dessa forma, o problema só vai piorar.
O mercado vive dizendo que falta mão de obra qualificada, mas eu vejo isso de
outra maneira. Muitos profissionais estão desistindo porque não encontram
respeito, condições de trabalho digno e a valorização que merecem. O problema
não é a falta de mão de obra, o problema é como ela é tratada. Muitas vezes, os
trabalhadores não têm banheiro, alojamento um local adequado para descansar e
fazer refeição, ficam expostos ao sol o dia todo e não recebem água gelada.
Falta segurança, equipamentos coletivo de proteção, EPI adequado. Além disso,
vejo empresas querendo pagar por produtividade, não informam o valor e não
fazem as medições corretamente. Quem trabalha com produtividade e os
empresários, empreiteiros e donos de negócios, o trabalhador merece estabilidade,
um salário justo e respeito pela sua atividade. Empresas devem oferecer
condições dignas, ferramentas adequadas, educação e respeito, é possível atrair
e reter os melhores profissionais. O problema está em uma cultura que trata os
trabalhadores como se fossem menos. Isso é inaceitável. Os profissionais da
construção civil são essenciais para o mercado, a economia e o futuro do
Brasil. Sem eles, nenhum prédio, casa ou obra sairia do papel. Precisamos mudar
essa visão e valorizar quem está no campo, tratando os profissionais com
compostura e dando as devidas importâncias. Em minha opinião, a falta de mão de
obra é causada por administração que não faz o trabalho acontecer.”
Trabalho
análogo
Recentemente, uma operação resgatou trabalhadores em situação de trabalho escravo na Paraíba.
A operação resgatou 59
trabalhadores em condições semelhantes à escravidão em obras da construção
civil em João Pessoa e Cabedelo, na Paraíba. A ação foi realizada pelo Grupo
Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) do Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério
Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal
(PF) entre os dias 3 e 5 de fevereiro de 2025.
Durante a fiscalização,
foram encontrados cenários em condições de trabalho degradantes, em cinco dos
sete estabelecimentos inspecionados. Os trabalhadores resgatados são naturais
de 13 municípios paraibanos, Alagoa Grande, Mari, Sapé, Mulungu, Serra Redonda,
Gurinhém, Sobrado, Caiçara, Juazeirinho, Itabaiana, Mogeiro, Borborema e
Serraria, estavam alojados em condições precárias, espaços superlotados no
subsolo, sem ventilação adequada, instalações sanitárias impróprias e
alimentação insuficiente e falta de higiene, sem água filtrada e gelada, camas
improvisadas com restos de materiais da construção, colchões sobre tábuas de madeira
ou diretamente no chão, em cima de tijolos e cavaletes. Não tinham roupa de
cama e nem armários, as instalações sanitárias inadequadas e em número
insuficiente, por exemplo, um vaso sanitário era compartilhado por 40
trabalhadores, cada trabalhador precisava armazenar seus alimentos, cozinhar,
preparar refeições para o seu consumo, de forma improvisada dentro dos próprios
cômodos, em meio a ferramentas, poeira e maquinários.
A fiscalização também
constatou que alguns cômodos estavam alagados e com fiações elétricas expostas,
oferecendo risco de choque elétrico e curto-circuito.
Os trabalhadores,
contratados para diversas funções na construção civil servente, pedreiro,
armador, betoneiro e guincheiro, estavam submetidos a riscos graves e iminentes
à vida em virtude da ausência de medidas coletiva de segurança na obra e EPIs,
equipamentos de proteção individual que eram em quantidade insuficiente, todos
trabalhando sem treinamento especifico e sem profissionais para orientar e
fiscalização de uso.
Duas empresas concordaram em pagar R$ 250 mil em indenizações por danos morais individuais e coletivos, através do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho (MPT). As outras empresas serão processadas por não concordarem com o valor proposto pelo MPT para as indenizações, e poderão entrar para "Lista Suja" que é um cadastro público de empregadores que submetem trabalhadores a condições análogas à escravidão
Os resgatados também foram
cadastrados pelo Ministério do Trabalho e Emprego para receber o
seguro-desemprego por três meses e foram encaminhados aos órgãos municipais e
estaduais de assistência social para atendimento prioritário.
DENUNCIE!
Denúncias de trabalho
análogo ao de escravo e de aliciamento de pessoas para fins de trabalho escravo
podem ser feitas no site do MPT na Paraíba
www.prt13.mpt.mp.br/servicos/denuncias pelo portal nacional do MPT www.mpt.mp.br, pelo aplicativo MPT Pardal, pelo
Disque 100 e também pelo site www.ipe.sit.trabalho.gov.br
do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE. Na Paraíba, o MPT também recebe
denúncias pelo WhatsApp (83-3612-3128).
Fotos registradas em obras João Pessoa PB
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