sexta-feira, 21 de março de 2025

Falta mão de obra ou falta respeito?

 Por Laercio Silva

Jornalista especializado em Higiene Ocupacional e Segurança do Trabalho.

Reescrevo o texto para torná-lo mais compreensível transcrevendo as informações do vídeo com adaptações.

“Na verdade, o profissional está desistindo. Ele se sente desvalorizado ao ser tratado como um simples peão, pois ele é um especialista não é um bicho! Enquanto o mercado continuar tratando os profissionais da construção civil dessa forma, o problema só vai piorar. O mercado vive dizendo que falta mão de obra qualificada, mas eu vejo isso de outra maneira. Muitos profissionais estão desistindo porque não encontram respeito, condições de trabalho digno e a valorização que merecem. O problema não é a falta de mão de obra, o problema é como ela é tratada. Muitas vezes, os trabalhadores não têm banheiro, alojamento um local adequado para descansar e fazer refeição, ficam expostos ao sol o dia todo e não recebem água gelada. Falta segurança, equipamentos coletivo de proteção, EPI adequado. Além disso, vejo empresas querendo pagar por produtividade, não informam o valor e não fazem as medições corretamente. Quem trabalha com produtividade e os empresários, empreiteiros e donos de negócios, o trabalhador merece estabilidade, um salário justo e respeito pela sua atividade. Empresas devem oferecer condições dignas, ferramentas adequadas, educação e respeito, é possível atrair e reter os melhores profissionais. O problema está em uma cultura que trata os trabalhadores como se fossem menos. Isso é inaceitável. Os profissionais da construção civil são essenciais para o mercado, a economia e o futuro do Brasil. Sem eles, nenhum prédio, casa ou obra sairia do papel. Precisamos mudar essa visão e valorizar quem está no campo, tratando os profissionais com compostura e dando as devidas importâncias. Em minha opinião, a falta de mão de obra é causada por administração que não faz o trabalho acontecer.”


Trabalho análogo

Recentemente, uma operação resgatou trabalhadores em situação de trabalho escravo na Paraíba.

A operação resgatou 59 trabalhadores em condições semelhantes à escravidão em obras da construção civil em João Pessoa e Cabedelo, na Paraíba. A ação foi realizada pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) do Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF) entre os dias 3 e 5 de fevereiro de 2025.

Durante a fiscalização, foram encontrados cenários em condições de trabalho degradantes, em cinco dos sete estabelecimentos inspecionados. Os trabalhadores resgatados são naturais de 13 municípios paraibanos, Alagoa Grande, Mari, Sapé, Mulungu, Serra Redonda, Gurinhém, Sobrado, Caiçara, Juazeirinho, Itabaiana, Mogeiro, Borborema e Serraria, estavam alojados em condições precárias, espaços superlotados no subsolo, sem ventilação adequada, instalações sanitárias impróprias e alimentação insuficiente e falta de higiene, sem água filtrada e gelada, camas improvisadas com restos de materiais da construção, colchões sobre tábuas de madeira ou diretamente no chão, em cima de tijolos e cavaletes. Não tinham roupa de cama e nem armários, as instalações sanitárias inadequadas e em número insuficiente, por exemplo, um vaso sanitário era compartilhado por 40 trabalhadores, cada trabalhador precisava armazenar seus alimentos, cozinhar, preparar refeições para o seu consumo, de forma improvisada dentro dos próprios cômodos, em meio a ferramentas, poeira e maquinários.

A fiscalização também constatou que alguns cômodos estavam alagados e com fiações elétricas expostas, oferecendo risco de choque elétrico e curto-circuito.


Os trabalhadores, contratados para diversas funções na construção civil servente, pedreiro, armador, betoneiro e guincheiro, estavam submetidos a riscos graves e iminentes à vida em virtude da ausência de medidas coletiva de segurança na obra e EPIs, equipamentos de proteção individual que eram em quantidade insuficiente, todos trabalhando sem treinamento especifico e sem profissionais para orientar e fiscalização de uso. 

Duas empresas concordaram em pagar R$ 250 mil em indenizações por danos morais individuais e coletivos, através do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho (MPT). As outras empresas serão processadas por não concordarem com o valor proposto pelo MPT para as indenizações, e poderão entrar para "Lista Suja" que é um cadastro público de empregadores que submetem trabalhadores a condições análogas à escravidão

Os resgatados também foram cadastrados pelo Ministério do Trabalho e Emprego para receber o seguro-desemprego por três meses e foram encaminhados aos órgãos municipais e estaduais de assistência social para atendimento prioritário.

DENUNCIE!

Denúncias de trabalho análogo ao de escravo e de aliciamento de pessoas para fins de trabalho escravo podem ser feitas no site do MPT na Paraíba www.prt13.mpt.mp.br/servicos/denuncias pelo portal nacional do MPT www.mpt.mp.br, pelo aplicativo MPT Pardal, pelo Disque 100 e também pelo site www.ipe.sit.trabalho.gov.br do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE. Na Paraíba, o MPT também recebe denúncias pelo WhatsApp (83-3612-3128).

Fotos registradas em obras João Pessoa PB














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