A seca no Nordeste sempre foi tratada como um desafio quase místico, algo a ser suportado, nunca vencido. Mas os tempos mudaram, e com eles, surgiram ferramentas capazes de transformar a realidade.
Uma
destas é a Internet das Coisas, que permite o monitoramento e controle remoto
de objetos físicos por meio da internet, chegando como um divisor de águas (literalmente)
na luta contra a escassez hídrica.
Hoje,
comunidades inteiras podem ser monitoradas por sensores que controlam o nível
das cisternas, detectam vazamentos, otimizam o uso da água para agricultura
familiar e informam em tempo real quando a fonte está secando.
Israel
transformou desertos em campos verdes com uso de sensores para irrigação por
gotejamento.
Na
Índia, pequenos agricultores usam a mesma, para saber o momento exato de
irrigar, economizando até 40% da água.
O
Quênia monitora seus poços com sensores solares que evitam o colapso do
abastecimento.
Estes
exemplos concretos, com resultados visíveis.
No
Brasil, esse futuro é possível e começa a se desenhar.
A
América Latina já ocupa o 4º lugar mundial no uso da internet das coisas, o que
mostra nosso potencial.
Para
comunidades sertanejas, um sistema básico de sensores pode ser instalado com
investimentos a partir de R$ 30 mil.
Já
uma estrutura mais robusta, para cidades de médio porte, pode variar entre R$ 5
e R$ 10 milhões, mas que representam uma fração dos prejuízos causados pela
falta d’água.
A
ADESG no Nordeste pode ser o agente articulador nesse cenário, somando forças
com universidades, institutos de pesquisa, com o I Grupamento de Engenharia e
Construção, e órgãos públicos.
Seu
papel será de fomentar, orientar e viabilizar soluções sustentáveis que cheguem
aos recantos mais secos do Brasil com inteligência e eficiência.
Parcerias
Público-Privadas (PPPs) surgem como alternativa promissora para viabilizar
esses projetos. Enquanto o poder público garante o acesso, a demanda e a
estabilidade institucional, o setor privado entra com inovação, estrutura e
eficiência.
As
PPPs unem o útil ao agradável financeiramente: o Estado economiza com
investimentos diretos e a população se beneficia com soluções rápidas e
eficazes. Já o parceiro privado lucra com um modelo sustentável e seguro, onde
a rentabilidade vem junto da responsabilidade social.
É
preciso deixar claro: a transposição do Rio São Francisco, por mais grandiosa
que seja, não resolverá sozinha os desafios hídricos do Nordeste.
Soluções
precisam ser múltiplas, integradas e escaláveis.
Com
vontade política, engajamento social e uso estratégico da tecnologia, a água
pode voltar a brotar onde hoje há sede.
Clerton
Franca
Jornalista
– ADESG PB Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra.
Pesquisa Integrada
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