sábado, 31 de maio de 2025

Água Inteligente: O Sertão Conectado à Esperança

 

 A seca no Nordeste sempre foi tratada como um desafio quase místico, algo a ser suportado, nunca vencido. Mas os tempos mudaram, e com eles, surgiram ferramentas capazes de transformar a realidade.

Uma destas é a Internet das Coisas, que permite o monitoramento e controle remoto de objetos físicos por meio da internet, chegando como um divisor de águas (literalmente) na luta contra a escassez hídrica.

Hoje, comunidades inteiras podem ser monitoradas por sensores que controlam o nível das cisternas, detectam vazamentos, otimizam o uso da água para agricultura familiar e informam em tempo real quando a fonte está secando.

Israel transformou desertos em campos verdes com uso de sensores para irrigação por gotejamento.

Na Índia, pequenos agricultores usam a mesma, para saber o momento exato de irrigar, economizando até 40% da água.

O Quênia monitora seus poços com sensores solares que evitam o colapso do abastecimento.

Estes exemplos concretos, com resultados visíveis.

No Brasil, esse futuro é possível e começa a se desenhar.

A América Latina já ocupa o 4º lugar mundial no uso da internet das coisas, o que mostra nosso potencial.

Para comunidades sertanejas, um sistema básico de sensores pode ser instalado com investimentos a partir de R$ 30 mil.

Já uma estrutura mais robusta, para cidades de médio porte, pode variar entre R$ 5 e R$ 10 milhões, mas que representam uma fração dos prejuízos causados pela falta d’água.

A ADESG no Nordeste pode ser o agente articulador nesse cenário, somando forças com universidades, institutos de pesquisa, com o I Grupamento de Engenharia e Construção, e órgãos públicos.

Seu papel será de fomentar, orientar e viabilizar soluções sustentáveis que cheguem aos recantos mais secos do Brasil com inteligência e eficiência.

Parcerias Público-Privadas (PPPs) surgem como alternativa promissora para viabilizar esses projetos. Enquanto o poder público garante o acesso, a demanda e a estabilidade institucional, o setor privado entra com inovação, estrutura e eficiência.

As PPPs unem o útil ao agradável financeiramente: o Estado economiza com investimentos diretos e a população se beneficia com soluções rápidas e eficazes. Já o parceiro privado lucra com um modelo sustentável e seguro, onde a rentabilidade vem junto da responsabilidade social.

É preciso deixar claro: a transposição do Rio São Francisco, por mais grandiosa que seja, não resolverá sozinha os desafios hídricos do Nordeste.

Soluções precisam ser múltiplas, integradas e escaláveis.

Com vontade política, engajamento social e uso estratégico da tecnologia, a água pode voltar a brotar onde hoje há sede.

Clerton Franca

Jornalista – ADESG PB Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra.

Pesquisa Integrada

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