sexta-feira, 30 de maio de 2025

Nordeste: A Virada Hídrica Soluções Inteligentes

 

Nordeste: A Virada Hídrica Soluções Inteligentes com Dessalinização, Energia Solar, PPPs Parcerias Público-Privadas e Engenharia Estratégica

O semiárido nordestino, há séculos castigado pela escassez de água potável, poderá estar diante de uma oportunidade histórica de transformação, caso exista interesse político.

A dessalinização da água, que já é realidade em várias partes do mundo, tornou-se uma solução viável graças aos avanços tecnológicos e à integração com energia solar fotovoltaica.

Enquanto populações inteiras ainda convivem com a seca, países como Israel, Arábia Saudita e Austrália provam que é possível garantir o abastecimento de água mesmo em regiões desérticas.

O segredo está na união entre tecnologia, gestão eficiente e fontes limpas de energia.

O Brasil pode, e deve, pensar nesse caminho.

Uma usina de dessalinização capaz de atender até 500 mil habitantes tem custo médio entre R$ 400 a R$ 700 milhões, dependendo do modelo e da infraestrutura necessária.

Quando aliada à energia solar, os custos operacionais podem ser reduzidos em até 70%, tornando o processo não apenas viável, mas sustentável.

Nesse cenário, as Parcerias Público-Privadas (PPPs) surgem como alternativa inteligente e estratégica.

A PPP é altamente viável para esse tipo de investimento porque permite o compartilhamento de riscos entre o setor público e a iniciativa privada; reduz o custo inicial para o Estado, viabilizando grandes obras sem a necessidade de desembolsos imediatos, aumenta a eficiência operacional, já que a empresa privada tende a operar com prazos e metas mais rígidos, estimula a inovação tecnológica, ao integrar ferramentas modernas de gestão hídrica e geração de energia , além de oferecer modelos de remuneração escalonada, baseados em desempenho e resultados.

Israel, Espanha e Chile são exemplos de países que utilizam PPPs com sucesso em projetos de dessalinização e reuso de água. No Brasil, estados como Bahia e Ceará já estudam ou implantam modelos híbridos, demonstrando que é possível adaptar essa experiência à nossa realidade.

Para garantir o sucesso, é essencial que os contratos sejam bem elaborados, com regras claras de desempenho, fiscalização rigorosa e participação social.

Embora a transposição do Rio São Francisco seja uma das mais importantes obras estruturantes já realizadas no Brasil, ela sozinha, e mesmo quando totalmente concluída, não será capaz de acabar com a seca nos diversos recantos do Nordeste.

A diversidade climática e territorial exige múltiplas soluções integradas e adaptadas às realidades locais.

Nesse sentido, o papel do I Grupamento de Engenharia e Construção do Exército Brasileiro, com sede em João Pessoa (PB), torna-se estratégico.

Com vasta experiência em obras estruturais no Nordeste, atua em barragens, adutoras, canais e sistemas emergenciais, além de participar de estudos técnicos e de viabilidade para projetos sustentáveis, contribuindo para a infraestrutura necessária à segurança hídrica da região.

Ao lado desse trabalho técnico, a ADESG Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra pode atuar em conjunto com todos os atores públicos e privados, promovendo articulação institucional, capacitação estratégica e mobilização social em prol de soluções hídricas duradouras e sustentáveis.

No Nordeste, as representações da ADESG têm um papel relevante ao fomentar o debate técnico, apoiar políticas públicas e estimular a cultura e o desenvolvimento regional.

A superação da crise hídrica no Nordeste exige também o engajamento de universidades, centros de pesquisa, órgãos públicos e agências de fomento. Instituições como as universidades federais do Nordeste (UFPB, UFPE, UFBA, UFC) possuem conhecimento técnico e científico para desenvolver soluções regionais, aliadas à atuação de órgãos como a ANA, Sudene, DNOCS e Codevasf.

A criação de núcleos interinstitucionais que unam ciência, engenharia, política pública e iniciativa privada pode acelerar projetos, maximizar recursos e garantir resultados concretos.

O futuro hídrico do Nordeste passa por tecnologia, inovação, cooperação e compromisso interinstitucional.

A seca não precisa ser um fardo permanente, com planejamento, investimento e vontade política, ela pode se tornar parte do passado.

 

Clerton Franca - Jornalista

ADESG PB Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra.

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