Por Laercio Silva
Jornalista especializado em segurança no trabalho, ergonomia
aplicada e higienista ocupacional.
Um
assunto de extrema importância para a cidade de João Pessoa é a especulação
imobiliária, que traz benefícios para poucos e problemas para muitos. A
população deveria ter acesso a mais informações sobre esse tema.
Em meio à recente polêmica sobre o aumento do gabarito e a altura dos prédios na orla de João Pessoa, o arquiteto e urbanista Washington Sobrinho, comenta os impactos que essa mudança pode trazer para o equilíbrio urbano, ambiental e paisagístico da cidade.
Na
entrevista a seguir, ele destaca a importância do planejamento responsável, da
preservação da ventilação natural e do papel técnico dos profissionais de
arquitetura e urbanismo nesse debate que envolve o futuro da capital paraibana.
Sobre
os impactos - O aumento do gabarito na orla pode bloquear a ventilação natural
trazida pelos ventos predominantes do Sudeste, essenciais para o conforto
térmico da cidade, além do mas com edifícios mais altos e contínuos junto a
orla, haverá o sombreamento prolongado sobre as praias.
A
verticalização excessiva, também provoca maior adensamento populacional,
sobrecarga viária, impactos paisagísticos irreversíveis e descaracterização da
identidade visual da orla de João Pessoa.
Sobre
conciliar o desenvolvimento imobiliário com a preservação da paisagem litorânea
- Sim, é possível! Mas exige planejamento urbano e responsabilidade técnica. O
crescimento deve ocorrer de forma escalonada, mantendo a faixa de proteção de
500 metros da orla com limites de altura (12,90m a 35m). Além disso, soluções
como, fachadas ventiladas, tetos verdes e corredores de ventilação, garantem o
equilíbrio entre rentabilidade imobiliária e qualidade ambiental.
Não
esquecendo, e importante frisar, que há um risco iminente nas construções
verticais no topo da falésia. Essa ocupação pode alterar a direção natural dos
ventos, fazendo com que a ventilação passe por cima da cidade e crie um efeito
estufa, impedindo o ar quente de sair. O resultado é o acúmulo de calor e
poluição, deixando João Pessoa mais quente, abafada e com menor qualidade do
ar.
Sobre o papel do arquiteto e do planejamento urbano nessa discussão sobre limite de altura dos prédios - O arquiteto tem papel fundamental como mediador entre o projeto, o meio ambiente e a cidade. Cabe a nós traduzir os limites legais, como a Lei do Gabarito — em soluções urbanísticas, projetuais, criativas, sustentáveis.
Está em andamento um ataque sistemático contra restrições ambientalistas à especulação imobiliária que merece a atenção, no mínimo, de todos os pessoenses. Além da altura dos prédios da orla, recentemente tentaram emplacar um projeto de duplicação das praias, assorear uma laguna na área do antigo aeródrmo e ampliar o terminal de ônibus no Bessa, eliminando uma praça adotada pela comunidade local, só para citar alguns exemplos. Serão coincidências?
ResponderExcluirEste Prefeito no mandato anterior derrubou a Lei que proibia a construção de prédios com mais de 3 andares na primeira faixa da praia e dentro de um mês, os familiares dele que são Construtores já estavam com alguns projetos liberados para construção, agora começa tudo de novo !
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