quarta-feira, 10 de julho de 2013

O que mata e mutila o trabalhador na Paraíba: análise dos acidentes graves e fatais


Abelardo da Silva Melo Júnior, médico do trabalho, auditor fiscal do trabalho da SRTE-PB e mestre em engenharia de produção, discorreu sobre o tema acima e destacou os seguintes tópicos:
  
- O estudo objetivou identificar a incidência dos fatores imediatos e fatores causais dos acidentes, ocorridos no período de janeiro/2001 a dezembro/2012, registrados no Sistema Federal da Inspeção do Trabalho - SFIT e objeto de investigação pelos auditores-fiscais do trabalho da SRTE-PB. Foram investigados e analisados no período 304 acidentes de trabalho fatais (32,89%) e não fatais (67,11%);

- Das 10 principais ocupações geradoras de acidentes de trabalho, 6 pertenciam à indústria da construção (segmento de edificações), totalizando 120 acidentes de trabalho (74,07%),   de um montante de 162 acidentes. O servente de obra liderou essa estatística (41,97% do total), o que correspondeu a 21 acidentes fatais e 47 não fatais; 

- Quando identificadas todas as ocupações vinculadas à construção civil, verificou-se que o volume de acidentes assumiu proporções assustadoras, atingindo 144 vítimas (47,36%), sendo 54 fatais (17,76%) e 90 não fatais (29,60%).

- A indústria de transformação apareceu em seguida, com 20,39% do total dos acidentes, onde os casos fatais aparecem com 4,93% e os não fatais com 15,46%. Quando especificado o tipo de atividade industrial, o setor calçadista somou 3.169 acidentes, o setor cerâmico, 408 e o setor têxtil, 223 acidentes;

- De um total de 196 fatores imediatos do acidente, as maiores taxas registradas foram: impacto causado por objeto lançado (15,82%); exposição a outras linhas de distribuição (13,78%); apertado, comprimido, colhido ou esmagado (13,27%) e impacto causado por desabamento (11,73%);

- Com relação à construção civil, foram identificados 25 fatores imediatos de risco, com 243 vitimas (79,93%), sendo 70 fatais (23,02%) e 173 não fatais (56,90%). As maiores incidências foram: impacto causado por objeto lançado (12,76%); apertado, comprimido, colhido ou esmagado (10,70%); impacto causado por desabamento (9,47%); queda de um nível para outro (4,53%); queda em ou de cabina de elevador de obras (2,88%); contato com serra circular (2,06%); queda de escada de mão (2,06%); queda de ou em andaime simplesmente apoiado (2,06%); outras quedas de nível a outro (1,65%); queda da periferia de edificação (1,65%) e queda de abertura de piso (1,65%);

- Com relação aos fatores causais dos acidentes do trabalho, a análise dos dados do SFIT identificou 43 fatores causais, sendo os principais: falha na antecipação ou na detecção do risco (18,57%); modo operatório inadequado à segurança (15,57%); improvisação (9,38%); falta de planejamento ou de preparação para o trabalho (8,25%); falta ou inadequação de análise de risco da tarefa (8,25%) e ausência ou insuficiência de treinamento (8,07%);

- O autor concluiu que a maioria dos acidentes do trabalho ocorreu na indústria da construção, onde os trabalhadores se acidentaram por queda de altura ou soterramento. O setor tem por característica a baixa qualificação da mão de obra e nele predominam diversos fatores causais, dentre os quais: improvisação, modo operatório inadequado à segurança e ausência ou insuficiência de treinamento. Urge, portanto, a necessidade de mudanças no modo de construir, agregando sistemas de gestão em segurança e saúde do trabalho para que sejam reduzidos significativamente esses índices.

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