Há duas décadas, de acordo com dados
oficiais, Mato Grosso segue imbatível nas estatísticas sobre desastres em
atividades laborais.
Os altos índices de acidentes de
trabalho, que têm como consequências mortes, incapacitados, sequelados e,
óbvio, muitas demandas judiciais por indenização, estão fazendo com que os
juízes da Justiça do Trabalho vão à campo conhecer as empresas e suas
atividades laborais.
De acordo com dados oficiais, há duas
décadas Mato Grosso se mantém em primeiro lugar nesta trágica estatística.
Aqui, são 15 mortes para cada 100 mil trabalhadores, enquanto a média nacional
é de seis, segundo estudo do professor Wanderley Pignatti, pesquisador do
Departamento de Saúde Coletiva da UFMT.
Registros do INSS apontam que em cinco
anos, entre 2008 e 2012, pouco mais de 80 mil trabalhadores receberam
benefícios por terem sido afastados do trabalho em decorrência de acidentes.
Desse total, cerca de 9 mil foram vítimas durante o trajeto de ir e vir. Esse
número mostra que o perigo se concentra mesmo nos ambientes de trabalho.
Há dois anos, com base na resolução
096/2012, do Conselho Superior da Justiça do Trabalho(CSJT), os magistrados
estão deixando seus gabinetes, onde analisam e julgam as ações, para conhecer
os ambientes e riscos a que estão expostos os trabalhadores. E ainda, tentar
entender onde, como e quando acorrem as falhas que levam a tantas tragédias.
Para sistematizar o trabalho e agregar
parceiros, criou-se o programa Trabalho Seguro, executado por meio do Grupo de
Trabalho Interinstitucional(Getrin). As reuniões do Getrin reúne na mesma mesa
patrões, empregados, entidades sindicais, órgãos de fiscalização, educação e
saúde, entre tantos outros. São mais de 30 representações.
Em 2013, por exemplo, o foco das ações
foram as Cipas(Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) cuja obrigatoriedade
depende do número de funcionários e da classificação de riscos das atividades
laborais na empresa.
O juiz auxiliar da presidência do
Tribunal Regional do Trabalho(TRT23), Plínio Podolan, diz com essas ações se
percebe que falta informação tanto para o empregador quanto para o funcionário.
No caso das Cipas, a inexistência ou atuação acanhada advém, por exemplo, do
medo que os funcionários têm de sofre retaliações dos patrões.
Há casos de empresários, diz, que
deixam de cumprir as exigências legais, de oferecer e fiscalizar o uso de equipamentos
de prevenção, porque não sabem como lidar com a questão. Entretanto, observa,
muitos assumem os riscos de não fazer a prevenção corretamente acreditando na
impunidade.
Ao visitar a empresa, um frigorífico,
por exemplo, o juiz terá uma percepção diferente no momento de analisar uma
demanda. Transformado em programa permanente, a principal função do Getrin é
prevenir os acidentes.
Fonte: Diário de Cuiabá.
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