Durante a 68ª Assembleia
Mundial da Saúde, que aconteceu nesta semana em Genebra, o ministro Arthur
Chioro apresentou propostas para promover uma política de prevenção aos
acidentes com motos no Brasil. Segundo o ministro, é preciso propor novas
medidas e elevar essa discussão a um problema de saúde pública.
"Algumas
propostas em estudo são a obrigatoriedade de apresentação da habilitação no
momento da compra da moto, por exemplo, e a possibilidade de financiamento do
capacete como um Equipamento de Proteção Individual (EPI), possibilitando
a venda do item de segurança junto do veículo”, exemplificou Chioro.
Em
novembro, o Brasil sediará o 2º Road Safety, Conferência Global de Alto Nível
sobre Segurança no Trânsito, com o objetivo de repactuar metas e traçar novas
estratégias do governo e da sociedade para garantir a segurança da população e
salvar milhões de vidas.
Campanha
educativa
Em
2010, o Ministério da Saúde implantou o Projeto Vida no Trânsito com o objetivo
de reduzir os casos de mortes e feridos em decorrência de acidentes no
trânsito. Entre as ações do projeto está a realização de campanhas educativas e
a qualificação dos sistemas de informação sobre acidentes, feridos e vítimas
fatais.
Desde a
implantação do projeto, já foram liberados cerca de R$ 41,3 milhões para as
atividades. Em 2012, o Ministério autorizou o repasse de R$ 12,8 milhões e, em
2013, foram repassados R$ 13,5 milhões para as capitais dos 26 estados e o
Distrito Federal.
Segundo
o Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, o Brasil
registrou 4.292 mortes de motociclistas em 2003, número 280% menor do que o
registrado 10 anos depois (12.040). Parte do aumento de acidentes envolvendo
motos se deve ao crescimento vertiginoso da frota no País. Entre 2003 e 2013, o
número de motocicletas aumentou 247,1%, enquanto a população teve um
crescimento de 11%.
De 2008 a 2013, o número de internações devido a acidentes de
transporte terrestre aumentou 72,4%. Considerando apenas os acidentes
envolvendo motociclistas, o índice chega a 115%. Em 2013, o SUS registrou
170.805 internações por acidentes de trânsito e R$ 231 milhões foram gastos no
atendimento às vitimas.
Desse total, 88.682 foram decorrentes de motos, o que gerou um
custo ao SUS de R$ 114 milhões – crescimento de 170,8% em relação a 2008. Esse
valor não inclui custos com reabilitação, medicação e o impacto em outras áreas
da saúde.
Perfil
das vítimas
Segundo Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva
2011), que traça o perfil das vítimas de violências e acidentes atendidas em
serviços de urgência e emergência do Sistema Único de Saúde em capitais
brasileiras, 78,76% das vítimas de acidente de transporte terrestre envolvendo
motociclista são homens, na faixa etária de 20 a 39 anos. Entre os
motociclistas ouvidos, 19,6% informaram o uso de bebida alcoólica antes do
acidente e 19,7% estavam sem capacete.
“Os acidentes pegam uma faixa etária delicada da população. Para
um país que está envelhecendo, essas pessoas impactam muito, já que estão em
sua idade produtiva. Esses acidentes interferem no sistema de saúde, na
previdência, no trabalho e, principalmente, na vida pessoal do indivíduo”,
lembrou o ministro.
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