A
construção civil é um dos principais setores da economia na geração de emprego
e renda hoje no País. Em contrapartida, o setor também está no alto da pirâmide
quando se fala em estatística de acidentes no trabalho. A construção civil é
considerada a segunda causadora de acidentes graves ou fatais. O Centro de
Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) em Uberlândia quer mudar essa
realidade e, para isso, promoveu nesta quarta feira (22) o 1° Simpósio em Saúde
do Trabalhador na Construção Civil, que foi realizado Universidade Federal de
Uberlândia.
Segundo
a coordenadora do Cerest, Silvia Fonseca, em Uberlândia a taxa de notificações
em acidentes mais que triplicou nos últimos três anos. Em 2010, foram
registrados 68 acidentes, enquanto no ano passado foram 205 casos. “Esse
primeiro seminário é somente um pontapé, queremos construir aqui um Fórum
Permanente de discussão sobre prevenção. Os nossos índices estão altos, temos
que diminuir essas notificações”, afirma Silvia Fonseca.
Para
o professor do Instituto de Geografia da (UFU) Samuel do Carmo Lima, que
ministrou a palestra de abertura do seminário, a saúde do trabalhador é
responsabilidade de toda a sociedade. “Esse tema não é responsabilidade só do
empregador ou trabalhador, mas sim de toda sociedade civil, e as ações na
prevenção devem ser conjuntas com todos os setores representados aqui”, afirma
o palestrante.
O
gerente regional do Ministério do Trabalho e Emprego, Juracy Alves dos Reis, a
ideia do seminário é justamente integrar os atores envolvidos em todo o
processo. “Precisamos unir aqui os construtores, sindicatos, técnicos de
segurança do trabalho, a fim de melhorar o planejamento no canteiro de obras
tendo como princípio a prevenção, afirma Juracy.
Para
o representante do Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho
(Sintest-MG), Winderson Arsênio, esse evento é um marco para Uberlândia.
“Não podemos continuar com essa realidade crescente em acidentes. De acordo com
as estatísticas, os casos mais graves estão na construção civil, onde, em sua
maioria, causam danos irreversíveis ao trabalhador”, afirma Winderson.
Para
o Ministério Público do Trabalho, que estava representado pela procuradora
Tatiana Campelo, as ações de prevenção não podem ser só de responsabilidade do
trabalhador. “Hoje, a culpa de forma geral pelas notificações não está somente
na não utilização dos equipamentos individuais de segurança. É necessário
também que o ambiente de trabalho ofereça os utensílios de prevenção de forma
coletiva. O foco é o planejamento antes do início da obra e as ações de
proteção” afirma a procuradora.
De
acordo com a presidente da Associação das Vítimas em Acidentes de Trabalho, o
número de acidentes se deve, principalmente, à sucessão de erros em processos
de segurança que ocorrem dentro do canteiro de obras. “No caso de acidente,
além das seqüelas físicas às vitimas, ainda existe o fator social. A família
perde um dos seus principais provedores e isso é muito grave”, afirma Viviane
Parreira.
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