Maria Bernadete Vieira de Melo,
doutora em Engenharia de Produção, professora da UFPB e membro do CPR-PB,
discorreu na reunião sobre “Gestão da segurança e saúde no trabalho e dos resíduos gerados
no processo construtivo: sustentabilidade, ética e responsabilidade social na
indústria da construção”, destacando os seguintes tópicos:
- A construção civil é uma das
atividades industriais mais desfavoráveis em matéria de saúde e segurança no
trabalho, apresentando elevadas taxas de incidência de acidentes e doenças.
Também se destaca pelos impactos ao meio ambiente devido aos resíduos gerados
no processo construtivo. Os resíduos de construção e demolição (RCD) são
classificados, conforme a resolução CONAMA nº 307 (05/07/2002), nas classes A,
B, C e D.
Considera-se poluidora a empresa que dispõe seus resíduos em lugares
inadequados do meio ambiente e também aquela
empresa que retira da comunidade pessoas saudáveis e as devolve mutiladas ou
doentes. O desenvolvimento sustentável e a melhoria da saúde e segurança nos
ambientes de trabalho caminham lado a lado, uma vez que a sustentabilidade é
muito mais que a proteção do ambiente ecológico: inclui uma dimensão econômica
e social e implica em bons ambientes de trabalho e no desenvolvimento contínuo
dos recursos humanos. Responsabilidade social é a atitude ética da empresa em
todas as suas atividades. Por ética, compreende-se um conjunto de valores
morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade;
- Utilizando um estudo de caso
comparativo entre duas empresas construtoras de João Pessoa, foi possível
mostrar que a implantação de um sistema de gestão da segurança e saúde no
trabalho reduz o impacto negativo da industrialização, protegendo tanto a
integridade física e mental dos trabalhadores como o meio ambiente. A primeira
empresa executava uma obra de edifício residencial com 150 trabalhadores. A
segunda empresa, com 280 trabalhadores, executava obras de infra-estrutura
hídrica, barragens, esgotamento sanitário e abastecimento d’água. Variáveis
estudadas: tamanho da empresa; sistema de gestão da segurança e saúde no
trabalho; política de SST e guia de procedimentos para realização segura do
processo construtivo; gerenciamento dos resíduos de construção e demolição e
condições de segurança e saúde no trabalho nos canteiros de obras. Indicadores
estudados: número de trabalhadores; documentos que comprovem a existência de
política e planejamento de SST, implantação e operação, verificação e ação
corretiva; documento que comprove a existência de uma política de gestão dos resíduos
produzidos; existência do PCMAT, presença dos riscos ambientais e suas medidas
de controle, proteções coletivas e individuais, capacitação e treinamento dos
operários;
- A partir dos dados obtidos
nas duas empresas, a autora concluiu que: 1) Os responsáveis pelo processo
decisório nas empresas nem sempre estão preparados ou conscientes sobre as
consequências dos meios e modos de produzir sobre a saúde das pessoas e o meio
ambiente; 2) A segurança e saúde no trabalho, quando não integradas à estrutura
de gestão das empresas, não permitem a implantação de ações preventivas,
resultando em ambientes de trabalho insalubres que comprometem também a
sustentabilidade das empresas; 3) Sem o compromisso das pessoas que
decidem sobre a vida da empresa em relação à segurança e saúde no trabalho e à
qualidade de vida, sustentabilidade e responsabilidade social, não há chance de
se alcançar resultados positivos; 4) Quando disposto em local inadequado, o RCD
pode causar diversos problemas ambientais e de saúde pública, devendo ser
depositado em local cadastrado pelo município ou em aterros de reciclagem. O
RCD é considerado de responsabilidade daquele que o produziu e sua disposição
inadequada é considerada crime ambiental;
- Vários comentários foram
feitos em decorrência do tema apresentado, incluindo uma discussão sobre a
problemática das obras no campus da UFPB.
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