A partir de agora, são pequenas as chances de encontrar trabalhadores
com vida.
Trabalhador reage após ter sido
resgatado de mina AFP/BULENT KILIC.
O número de mortos na explosão em uma mina de
carvão no oeste da Turquia já está em 282 e são pequenas as esperanças de se
encontrar sobreviventes, informou nesta quinta-feira (15) o ministro de Energia
turco, Taner Yildiz.
O ministro detalhou que até o momento foram
recuperados 282 corpos e 217 deles já foram entregues às suas famílias,
enquanto os trabalhos de resgate podem voltar a ser interrompidos nas próximas
horas "pelo acúmulo de gás e porque o incêndio prossegue" no interior
da mina.
"Nas últimas 12 horas não foi possível
resgatar ninguém com vida", afirmou o ministro em outro sinal de que as
possibilidades de que ainda existam sobreviventes são muito pequenas, sobretudo
quando o incêndio persiste dentro da mina.
Yildiz se negou a dar uma estimativa total de
mortos na tragédia, mas a imprensa turca situa o número em cerca de 350.
Cinco dos maiores sindicatos do país, todos eles
ligados à oposição, convocaram hoje uma greve e pediram que os cidadãos vistam
roupas pretas ou utilizem um laço dessa cor em sinal de solidariedade com as
vítimas.
Na quarta-feira (14), ocorreram protestos em
dezenas de localidades do país, desde o local da tragédia, Soma, até as três
maiores cidades do país: Istambul, Ancara e Izmir.
Nas três cidades aconteceram enfrentamentos entre
os manifestantes, que pediam a renúncia do governo, e a polícia, que dispersou
os protestantes com jatos d'água e gás lacrimogêneo.
As palavras do primeiro-ministro, Recep Tayyip
Erdogan, em entrevista coletiva no local da tragédia, contribuíram para
aumentar a indignação de parte da população.
Erdogan ressaltou que este "tipo de acidente
ocorre todo o momento" e enumerou uma série de acidentes industriais na
mineração desde o século XIX para justificar suas palavras.
A Turquia tem o pior índice de acidentes no
trabalho da Europa, com uma média de três mortes por dia, e a mineração é,
proporcionalmente, o setor mais afetado.
Em média, 80 operários morrem por ano em acidentes
nas minas da Turquia, o que equivale a um de cada mil trabalhadores, segundo
dados de um estudo universitário recente.
Os sindicatos consideram que a pressão dos
responsáveis pela mina — uma empresa privada — para reduzir custos, além da
falta de equipamentos e de medidas de segurança, estão por trás das causas do
acidente.
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