terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Síndrome de burnout afeta grande número de profissionais


Você se irrita ao extremo no trabalho e está com a sensação de esgotamento físico e mental? Apresenta falta de concentração e falhas de memória? Fique atento, pois você pode ser mais uma vítima da Síndrome de Burnout, que vem atingindo um número cada vez maior de brasileiros.

De acordo com o psiquiatra e médico do trabalho Duílio Antero de Camargo, presidente da Comissão Técnica de Saúde Mental e Trabalho da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), o transtorno está vinculado a uma exposição contínua a fatores de estresse crônicos no ambiente profissional e costuma causar inúmeros prejuízos ao trabalhador.

A síndrome, classicamente, resulta em três problemas principais: a exaustão emocional, caracterizada por fadiga, fraqueza, falta de esperança, impaciência, irritabilidade e dificuldade em lidar com as situações estressantes; a diminuição da realização pessoal, caracterizada, por exemplo, pela baixa satisfação com as atividades do trabalho e pela perda da competência; e a despersonalização, ou seja, o distanciamento afetivo e a insensibilidade em relação às demais pessoas. Camargo ressalta que, embora a pessoa afetada possa apresentar alguns sintomas de depressão, a síndrome não se caracteriza como um transtorno depressivo, segundo diversos autores.

"Por ser muito limitante, a síndrome acaba gerando altos índices de absenteísmo (faltas) e incapacidade ocupacional, além de fazer com que a pessoa tenha grandes dificuldades de manter os relacionamentos pessoais" acrescenta o representante da ANAMT.

Uma característica marcante dos trabalhadores que desenvolvem a Síndrome de Burnout é a dedicação exagerada ao trabalho, afirma o médico Clóvis Cechinel, responsável pelo setor de medicina do trabalho da DASA, prestadora de serviços de medicina diagnóstica. O desejo de ser o melhor e sempre demonstrar alto grau de desempenho é uma fase importante da síndrome: o portador de Burnout mede a autoestima pelo sucesso profissional.

"O que tem início com satisfação e prazer termina quando esse desempenho não é reconhecido. Nesse estágio, o profissional apresenta necessidade de se afirmar, e o desejo de realização profissional se transforma em obstinação e compulsão" diz Cechinel.

A psicóloga Fátima Bittencourt, diretora do Grupo Sanare, esclarece, por sua vez, que o Burnout não acontece do dia para a noite: é um estado de esgotamento emocional e físico causado pelo estresse excessivo e prolongado. A doença afeta especialmente aqueles profissionais obrigados a manter contato intenso e solidário com a causa alheia, como é o caso dos médicos, enfermeiros, psicólogos, professores e policiais. Recentemente, foram detectados muitos casos entre os funcionários das companhias aéreas, por conta dos grandes níveis de estresse no setor nos últimos anos.

"É muito comum confundir o transtorno com o estresse por conta de sintomas parecidos, como dores de cabeça, insônia, gastrite, lapsos de memória, falta de atenção, diarréia, alterações menstruais e de humor. No entanto, é preciso deixar claro que a síndrome está diretamente ligada à tentativa de adaptação a uma situação claramente desconfortável no trabalho", esclarece Fátima.

Pesquisa realizada pela International Stress Management Association do Brasil (ISMA-BR) com mil profissionais de São Paulo e Porto Alegre, com idades entre 25 a 60 anos, revela que no Brasil o problema atinge 30% da população economicamente ativa (PEA). Os dados mostram ainda que, dos 30% dos entrevistados que sofrem de Burnout, 94% se sentem incapacitados para trabalhar; 89% praticam presenteísmo - o que significa que estão presentes no trabalho, mas não conseguem realizar as tarefas propostas - e 47% sofrem de depressão.

O estudo fez ainda um comparativo do desempenho profissional de um portador de Burnout com o dos demais trabalhadores: em média, é de menos cinco horas. Entre os sintomas de Burnout que mais incomodam, 93% alegam a exaustão; 86%, a irritabilidade; 82% a falta de concentração; e 74% enfatizam a dificuldade de relacionamento no ambiente profissional.
 Fonte: O Globo Online

Um comentário:

  1. Sr. Laércio,

    não vi, em no texto acima, nenhuma colocação de que a Síndrome de Burnout, descoberta pela Dra PHd Christina Malash, tem relação direta co'queima"m o ambiente de trabalho, que condições adversas podem ser a causa e o gatilho desencadeante da Síndrome, que é realmente terrível, e mais que o absenteísmo ou diminição de produtividade, a Burnout,"queima" as demais relações do portador.
    Suas relações pessoais, profissionais e afetivas amorosas, com esposa e filhos, pais e demais amigos e parentes são muito afetadas e são determinantes para a "explosão" do portador. A preocupação excessiva se dá quanto maior for o ambiente de competitividade, comum nas empresas,e mais, os profissionais de RH, geralmente psicólogos, estão sendo substituidos por administradores, o que na prática se traduz em cuidar mais de dinheiro da empresa do que da saúde do trabalhador, por isso a preocupação com absenteísmo e diminuição de desempenho, pois enquanto o sindrômico está operante a todo vapor, com produção muito além dos demais colaboradores, trazendo frutos à empresa e realizando milagres com menos recursos de pessoal, equipamentos, apoio efetivo da direção da empresa, todos se calam e deixam até que o trabalhador caia da posição de super colaborador, para o de paciente psiquátrico.
    A Lei preconiza que a empresa é responsável pela saúde do trabalhador e Burnout está, inclusive, relacionada como doença de trabalho pela Lei 1339 - com Cod: Z56.3 e Z56.6, as tais dificuldades e ritmo penoso são causados por condições adversas que são de responsabilidade das empresas que negam melhores condições ou por acreditarem que o colaborador portador dará conta e economiza, ou para simplesmente poupaqr recursos em nome, mais uma vez, da economia, corte de "custos".
    Desta forma cabe esclarecer ao Público em geral que a Síndrome tem relação com as condições de trabalho e não só com o trabalhador ou sua maneira de realizar as tarefas e seu ritmo, ao contrário as condições impulsionam o colaborador e engatilham seu comportamento obcessivo de realizar mais e melhor, competindo e ganhando, não para ele, mas para sua empresa, que muitas vezes não reconhece, vinge não perceber as péssimas condições enfrentadas, por comodismo e irresponsabilidade para com seu colaborador, e realmente colaborador intenso.
    Quando ele se afasta ainda corre o risco de ser deixado de lado, sem preocupação nenhuma da empresa com seu estado físico-mental, sem apoio para vencer a depressão que se instala pela improdutividade e sensação de abandono justamente de quem e para quem se dedicou tanto, sem revanchismo algum, temos que responsabilizar os que perpetraram as condições e se aproveitaram dela enquanto lhe aprouvieram o trabalho pelos resultados do exaustivo e estafante, estressante e obcecado trabalho feito.
    Estou inclusive realizando um trabalho neste sentido, para que administradores e principalmente os responsáveis pela saúde do trabalhador, que não o RH, mais sim o de Saúde do Trabalho, dirigido de forma independente e imparcial por Médicos do Trabalho e Psicólogos que possam encaminhar tais questões com maior celeridade e profissionalismo, para o diagnóstico correto a ser feito por Psiquiatra da área, e jamis por leigos administradores de empresa, que sabem de números e não de pessoas.
    Obrigado

    André Arruda
    Santos/SP
    (13) 91337847
    e-mail: andrelsa68@yahoo.com.br

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