Álcool e energético representam uma mistura perigosa.
Segundo cardiologista, coração é um dos órgãos mais prejudicados pela associação entre as bebidas.
A música embala e para curtir a noite sem cansaço a moçada já adotou uma receita: álcool com energético. A mistura mascara o efeito da primeira substância e deixa a pessoa 'mais ligada' - tudo isso porque a cafeína contida nos energéticos provoca a aceleração do metabolismo, diminuindo o sono e fazendo com que o indivíduo pense que está muito bem e que pode continuar bebendo até o final da festa.
E é aí onde está um dos perigos dessa associação. A pessoa pode não perceber, mas o corpo sente todos os efeitos da bebida e o coração é um dos órgãos mais prejudicados.
Segundo o cardiologista Ricardo Queiroga, “a associação pode desencadear vários tipos de arritmia (alteração na frequência normal de batimentos do coração), inclusive uma taquicardia maligna - aceleração do coração que pode levar à morte súbita”.
Além disso, apesar de a pessoa está em um estado de vigília, a coordenação motora e o reflexo estão diminuídos. Por isso, dirigir ou fazer qualquer outra atividade que exija concentração será arriscado. “A resposta do organismo à ingestão da bebida com cafeína vai variar de indivíduo para indivíduo. Mas além dos próprios efeitos da intoxicação por cafeína, a substância pode causar ainda mal-estar, desconforto no estômago e ansiedade.
Conforme o cardiologista Ricardo Queiroga, não existe determinação por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que regulamente ou proíba o uso desses energéticos. Também não há como mensurar em que quantidade ele se apresenta como um perigo. “Está havendo um uso indiscriminado das substâncias. Também não podemos dizer que apenas uma dose não faz mal”, alertou o especialista, ao recomendar que o ideal é que não se faça a mistura.
“Algumas pessoas podem ter uma patologia no coração não diagnosticada e ao ingerir as substâncias ter consequências mais sérias”, completou.
Para Ministério da Saúde, houve aumento no consumo abusivo do álcool na Paraíba nos últimos cinco anos.
Por aumentar o período de exposição da pessoa ao álcool, a mistura dessa substância com o energético potencializa o risco de alcoolismo. Na capital paraibana, nos últimos cinco anos houve um aumento no consumo abusivo do álcool, conforme pesquisa do Ministério da Saúde.
Enquanto em 2006 a ingestão excessiva da bebida era praticada por 16,5% da população, em 2010 o número chegou em 18%. O percentual da capital paraibana foi semelhante ao número nacional.
Segundo o estudo sobre a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), que entrevistou a população adulta de 27 cidades brasileiras, a frequência do consumo abusivo de bebidas alcoólicas foi de 18% em 2010, contra os 16,1% verificados em 2010.
Em consequência desses números, a Presidência da República lançou, em dezembro do ano passado, um conjunto de ações integradas para enfrentar o crack, álcool e outras drogas. Até 2014, a ação receberá investimentos de R$ 4 bilhões do governo federal para aumentar a oferta de tratamento de saúde aos usuários de drogas e enfrentar o tráfico.
Conforme a diretora do Centro de Atenção Psicossocial que atende os usuários de álcool e drogas de toda a Paraíba (Caps-AD), Marileide Martins, a demanda no local aumentou consideravelmente nos últimos anos. “Só de álcool temos uma demanda de 40%”, comentou Marileide, ao acrescentar que as ações de prevenção são feitas no âmbito das Unidades de Saúde da Família.
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de João Pessoa, o órgão também tem trabalhado junto ao Samu, STTrans e outras entidades para conscientizar a população quanto à ingestão de álcool. Segundo a assessoria, 30% dos atendimentos feitos no Ortotrauma de Mangabeira são por acidentes de trânsito – a maioria deles tendo relação com o consumo de álcool.
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