Cerca de cinco mil trabalhadores rurais vindos de todas as partes do país realizaram manifestações na manhã e tarde de terça-feira, 20 de março, em Brasília. Pela manhã o ato organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Agricultura - Contag foi em frente ao Ministério do Trabalho e Emprego (M T E), pela adoção de políticas públicas que garantam direitos trabalhistas. Eles denunciam que há mais de três milhões de trabalhadores rurais na informalidade, sem qualquer garantia de assistência e sem acesso aos mínimos direitos. Eles também lembraram os oito anos da Chacina de Unaí e a impunidade dos assassinos.
Em frente ao Palácio do Planalto um outro grupo colocou caixões simbolizando trabalhadores rurais mortos em consequência de exposição a agrotóxicos utilizados em excesso nas lavouras.
O Sinait apoiou e participou da manifestação representado pela Auditora-Fiscal do Trabalho Jacqueline Carrijo (GO). A pauta dos trabalhadores inclui reivindicações comuns com os Auditores-Fiscais do Trabalho, como a realização de concursos públicos e a melhoria da estrutura das Superintendências Regionais do Trabalho e emprego – SRTEs.
Na parte da tarde os manifestantes se encontraram com o Secretário-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho para cobrar dele respostas à pauta de reivindicações entregue no dia 29 de fevereiro. A audiência aconteceu depois de uma manifestação em frente ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para denunciar as medidas adotadas que inviabilizam o fortalecimento da agricultura familiar, a manutenção dos postos de trabalho no campo e melhores condições de emprego e renda aos assalariados e assalariadas rurais de todo o país.
A pauta contém as reivindicações do movimento, mas o Secretário pediu mais 30 dias para analisá-las. Mais uma vez, o Secretário e a presidente Dilma Rousseff se deparam com um pedido de fortalecimento da Auditoria-Fiscal do Trabalho, desta vez para combater a informalidade no campo e fiscalizar o uso indiscriminado de agrotóxicos. Além disso, o documento pleiteia o fim da pulverização aérea com agrotóxicos e um programa de habitação para os assalariados e assalariadas rurais, entre outros itens.
Sentimento de abandono
O acompanhamento permanente das ações de fiscalização pelos trabalhadores rurais, fez com que durante a manifestação, esses denunciassem o abandono a que estão relegadas as instalações da grande maioria dos órgãos do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE em todo o país, reforçando um sentimento de abandono por parte do governo em relação à Pasta, o que prejudica diretamente o atendimento da população.
Isso se traduz concretamente no sucateamento das instalações físicas, das precárias condições de trabalho e da falta de atenção do governo federal para com as necessidades da Auditoria-Fiscal do Trabalho, que desenvolve suas atividades sem carros, sem manutenção dos veículos, e com um número reduzido de profissionais. Além de prédios mal conservados, com paredes rachadas, com mofo, instalações hidráulicas e elétricas precárias, a dificuldade de acesso aos sistemas de informação tem comprometido seriamente a realização de um trabalho mais eficaz.
Segurança
O movimento dos trabalhadores rurais pediu mais proteção à saúde dos trabalhadores na aplicação de agrotóxicos. Denunciaram que venenos que estão proibidos, mas que continuam sendo amplamente aplicados nas lavouras do país. Para o Sinait, a insuficiência do número de Auditores-Fiscais do Trabalho para garantir a proteção dos trabalhadores nos vários ambientes de trabalho agrava o quadro.
Mobilização dos assalariados rurais termina sem acordo com o governo
Verônica Tozzi
Depois de um intenso dia de mobilização na Esplanada dos Ministérios, os 5 mil trabalhadores assalariados e assalariadas rurais de todo o país saíram de Brasília sem uma resposta concreta do governo federal à pauta de reivindicações, entregue em 29 de fevereiro ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Os ministérios envolvidos alegaram que o prazo foi insuficiente para analisar todas as questões. O secretário de Assalariados e Assalariadas Rurais da CONTAG, Antonio Lucas, aceitou aguardar mais 30 dias desde que o governo anuncie um pacote de medidas que satisfaça os trabalhadores(as). "Vamos adotar uma postura diferente nas próximas audiências de negociação. Se o governo insistir em não atender as principais demandas dos assalariados e assalariadas rurais, vamos organizar ocupações e o que for preciso para conquistar os nossos direitos", alerta o secretário.
Lucas destaca que o Governo Dilma sempre contou com o apoio da categoria trabalhadora rural e que, por esse e outros motivos, espera que os ministérios e a presidenta se empenhem e reconheçam a importância dessas pessoas para o desenvolvimento rural sustentável do país e, principalmente, para a garantia da soberania e segurança alimentar. "Aliás, o modelo de desenvolvimento agrícola que está sendo colocado em prática pelo patronato, a partir de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), coloca em evidência a falta de prioridade do governo com as reivindicações do nosso público, ficando comprovado nessa resposta o tratamento desigual do governo em relação ao agronegócio e aos trabalhadores(as) rurais assalariados. Essa invisibilidade gera o aumento da informalidade nas relações de trabalho no campo, a falta de um a fiscalização constante e eficiente para combater o trabalho escravo, além da falta de um programa de transição da mecanização, que está extinguindo milhares de postos de trabalho no campo, principalmente no setor sucroalcooleiro", alerta.
Já o presidente da CONTAG, Alberto Broch, avalia que apesar de não ter saído uma resposta concreta desta audiência, o fato de o ministro Gilberto Carvalho ter assumido que os assalariados e as assalariadas rurais nunca estiveram na pauta do governo e que agora serão incluídos, já é uma importante vitória. "Também saímos com o compromisso do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), de que a Proposta de Emenda à Constituição 438/2001, mais conhecida como a PEC do Trabalho Escravo, será votada em 8 de maio", anuncia Broch.
A audiência contou com a presença da diretoria da CONTAG, de representantes das 27 Federações dos Trabalhadores na Agricultura, dos ministros Gilberto Carvalho e Pepe Vargas (Ministério do Desenvolvimento Agrário) e demais representantes de ministérios envolvidos nas reivindicações da Primeira Mobilização Nacional dos Assalariados e Assalariadas Rurais.
Lucas cobrou, ainda, uma resposta efetiva do governo quanto a inserção desses trabalhadores(as) na política de habitação rural; a extensão dos direitos trabalhistas, como PIS, seguro-desemprego e décimo terceiro salário, aos assalariados e assalariadas rurais contratados por tempo determinado; e a qualificação de 400 mil trabalhadores(as) em um período de quatro anos. "Reivindicamos também concurso público para aumentar o número de auditores fiscais do trabalho e a indicação de um novo ministro para o Ministério do Trabalho e Emprego", completa o secretário.
Mesmo pedindo um prazo maior para a negociação da pauta, o ministro Gilberto Carvalho adianta que a presidenta Dilma Rousseff é favorável à votação da PEC do Trabalho Escravo. "Temos que acabar com essa vergonha nacional. Aliás, acredito que podemos trabalhar a proposta de impedir a liberação de financiamentos aos empregadores envolvidos nessa prática", afirma.
Já o recém empossado Pepe Vargas, elogiou o formato da mobilização e declarou o seu apoio e da presidenta Dilma à agricultura familiar e à organização dos assalariados e assalariadas rurais. "Fiz questão de estar aqui para aplaudir a ação de vocês. Essa pauta desmembrada facilita a negociação e o atendimento à pauta", avalia. O ministro adianta que pretende recolocar os assalariados(as) nos programas de acesso à terra.
Preocupados com a possível frustração das delegações de voltarem aos seus estados sem a apresentação dos resultados da negociação por um representante do governo, os demais diretores da CONTAG presentes na audiência fizeram outras cobranças, como a regularização dos STTRs que aguardam a liberação dos registros sindicais e a falta de compromisso em manter um diálogo permanente de negociação das pautas encaminhadas anteriormente. Mas, segundo os sindicalistas, não foi possível avançar nesse primeiro momento. A Secretaria-Geral da Presidência da República fez o compromisso de agendar novas audiências para negociar a pauta com todos os ministérios envolvidos (Desenvolvimento Agrário, Trabalho e Emprego, Previdência, Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza, Educação, Saúde e Planejamento).
Depois que Antonio Lucas e Alberto Broch anunciaram aos trabalhadores(as) que as negociações não avançaram, todos(as) concordaram em conceder ao governo mais 30 dias para analisar as reivindicações e dar uma resposta mais satisfatória aos cerca de 4,8 milhões de assalariados e assalariadas rurais brasileiros.
http://www.sinait.org.br/noticias_ver.php?id=5122
Em frente ao Palácio do Planalto um outro grupo colocou caixões simbolizando trabalhadores rurais mortos em consequência de exposição a agrotóxicos utilizados em excesso nas lavouras.
O Sinait apoiou e participou da manifestação representado pela Auditora-Fiscal do Trabalho Jacqueline Carrijo (GO). A pauta dos trabalhadores inclui reivindicações comuns com os Auditores-Fiscais do Trabalho, como a realização de concursos públicos e a melhoria da estrutura das Superintendências Regionais do Trabalho e emprego – SRTEs.
Na parte da tarde os manifestantes se encontraram com o Secretário-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho para cobrar dele respostas à pauta de reivindicações entregue no dia 29 de fevereiro. A audiência aconteceu depois de uma manifestação em frente ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para denunciar as medidas adotadas que inviabilizam o fortalecimento da agricultura familiar, a manutenção dos postos de trabalho no campo e melhores condições de emprego e renda aos assalariados e assalariadas rurais de todo o país.
A pauta contém as reivindicações do movimento, mas o Secretário pediu mais 30 dias para analisá-las. Mais uma vez, o Secretário e a presidente Dilma Rousseff se deparam com um pedido de fortalecimento da Auditoria-Fiscal do Trabalho, desta vez para combater a informalidade no campo e fiscalizar o uso indiscriminado de agrotóxicos. Além disso, o documento pleiteia o fim da pulverização aérea com agrotóxicos e um programa de habitação para os assalariados e assalariadas rurais, entre outros itens.
Sentimento de abandono
O acompanhamento permanente das ações de fiscalização pelos trabalhadores rurais, fez com que durante a manifestação, esses denunciassem o abandono a que estão relegadas as instalações da grande maioria dos órgãos do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE em todo o país, reforçando um sentimento de abandono por parte do governo em relação à Pasta, o que prejudica diretamente o atendimento da população.
Isso se traduz concretamente no sucateamento das instalações físicas, das precárias condições de trabalho e da falta de atenção do governo federal para com as necessidades da Auditoria-Fiscal do Trabalho, que desenvolve suas atividades sem carros, sem manutenção dos veículos, e com um número reduzido de profissionais. Além de prédios mal conservados, com paredes rachadas, com mofo, instalações hidráulicas e elétricas precárias, a dificuldade de acesso aos sistemas de informação tem comprometido seriamente a realização de um trabalho mais eficaz.
Segurança
O movimento dos trabalhadores rurais pediu mais proteção à saúde dos trabalhadores na aplicação de agrotóxicos. Denunciaram que venenos que estão proibidos, mas que continuam sendo amplamente aplicados nas lavouras do país. Para o Sinait, a insuficiência do número de Auditores-Fiscais do Trabalho para garantir a proteção dos trabalhadores nos vários ambientes de trabalho agrava o quadro.
Mobilização dos assalariados rurais termina sem acordo com o governo
Verônica Tozzi
Depois de um intenso dia de mobilização na Esplanada dos Ministérios, os 5 mil trabalhadores assalariados e assalariadas rurais de todo o país saíram de Brasília sem uma resposta concreta do governo federal à pauta de reivindicações, entregue em 29 de fevereiro ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Os ministérios envolvidos alegaram que o prazo foi insuficiente para analisar todas as questões. O secretário de Assalariados e Assalariadas Rurais da CONTAG, Antonio Lucas, aceitou aguardar mais 30 dias desde que o governo anuncie um pacote de medidas que satisfaça os trabalhadores(as). "Vamos adotar uma postura diferente nas próximas audiências de negociação. Se o governo insistir em não atender as principais demandas dos assalariados e assalariadas rurais, vamos organizar ocupações e o que for preciso para conquistar os nossos direitos", alerta o secretário.
Lucas destaca que o Governo Dilma sempre contou com o apoio da categoria trabalhadora rural e que, por esse e outros motivos, espera que os ministérios e a presidenta se empenhem e reconheçam a importância dessas pessoas para o desenvolvimento rural sustentável do país e, principalmente, para a garantia da soberania e segurança alimentar. "Aliás, o modelo de desenvolvimento agrícola que está sendo colocado em prática pelo patronato, a partir de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), coloca em evidência a falta de prioridade do governo com as reivindicações do nosso público, ficando comprovado nessa resposta o tratamento desigual do governo em relação ao agronegócio e aos trabalhadores(as) rurais assalariados. Essa invisibilidade gera o aumento da informalidade nas relações de trabalho no campo, a falta de um a fiscalização constante e eficiente para combater o trabalho escravo, além da falta de um programa de transição da mecanização, que está extinguindo milhares de postos de trabalho no campo, principalmente no setor sucroalcooleiro", alerta.
Já o presidente da CONTAG, Alberto Broch, avalia que apesar de não ter saído uma resposta concreta desta audiência, o fato de o ministro Gilberto Carvalho ter assumido que os assalariados e as assalariadas rurais nunca estiveram na pauta do governo e que agora serão incluídos, já é uma importante vitória. "Também saímos com o compromisso do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), de que a Proposta de Emenda à Constituição 438/2001, mais conhecida como a PEC do Trabalho Escravo, será votada em 8 de maio", anuncia Broch.
A audiência contou com a presença da diretoria da CONTAG, de representantes das 27 Federações dos Trabalhadores na Agricultura, dos ministros Gilberto Carvalho e Pepe Vargas (Ministério do Desenvolvimento Agrário) e demais representantes de ministérios envolvidos nas reivindicações da Primeira Mobilização Nacional dos Assalariados e Assalariadas Rurais.
Lucas cobrou, ainda, uma resposta efetiva do governo quanto a inserção desses trabalhadores(as) na política de habitação rural; a extensão dos direitos trabalhistas, como PIS, seguro-desemprego e décimo terceiro salário, aos assalariados e assalariadas rurais contratados por tempo determinado; e a qualificação de 400 mil trabalhadores(as) em um período de quatro anos. "Reivindicamos também concurso público para aumentar o número de auditores fiscais do trabalho e a indicação de um novo ministro para o Ministério do Trabalho e Emprego", completa o secretário.
Mesmo pedindo um prazo maior para a negociação da pauta, o ministro Gilberto Carvalho adianta que a presidenta Dilma Rousseff é favorável à votação da PEC do Trabalho Escravo. "Temos que acabar com essa vergonha nacional. Aliás, acredito que podemos trabalhar a proposta de impedir a liberação de financiamentos aos empregadores envolvidos nessa prática", afirma.
Já o recém empossado Pepe Vargas, elogiou o formato da mobilização e declarou o seu apoio e da presidenta Dilma à agricultura familiar e à organização dos assalariados e assalariadas rurais. "Fiz questão de estar aqui para aplaudir a ação de vocês. Essa pauta desmembrada facilita a negociação e o atendimento à pauta", avalia. O ministro adianta que pretende recolocar os assalariados(as) nos programas de acesso à terra.
Preocupados com a possível frustração das delegações de voltarem aos seus estados sem a apresentação dos resultados da negociação por um representante do governo, os demais diretores da CONTAG presentes na audiência fizeram outras cobranças, como a regularização dos STTRs que aguardam a liberação dos registros sindicais e a falta de compromisso em manter um diálogo permanente de negociação das pautas encaminhadas anteriormente. Mas, segundo os sindicalistas, não foi possível avançar nesse primeiro momento. A Secretaria-Geral da Presidência da República fez o compromisso de agendar novas audiências para negociar a pauta com todos os ministérios envolvidos (Desenvolvimento Agrário, Trabalho e Emprego, Previdência, Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza, Educação, Saúde e Planejamento).
Depois que Antonio Lucas e Alberto Broch anunciaram aos trabalhadores(as) que as negociações não avançaram, todos(as) concordaram em conceder ao governo mais 30 dias para analisar as reivindicações e dar uma resposta mais satisfatória aos cerca de 4,8 milhões de assalariados e assalariadas rurais brasileiros.
http://www.sinait.org.br/noticias_ver.php?id=5122
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