terça-feira, 30 de outubro de 2012

Carmópolis: negligência pode ter gerado a explosão

Familiares e a comunidade estão desolados com acidente.

Estado em que se encontra o tanque da carreta (Fotos: Portal Infonet)
Profissionais que trabalham no ramo responsabilizam a empresa Transbet pela explosão do tanque da carreta de placa HXW 5511, licença de Fortaleza/CE, que deixou um saldo de duas vítimas fatais na cidade de Carmópolis, distante 45 km de Aracaju. O acidente ocorreu em torno das 9h30 da manhã desta segunda-feira, 29, segundo cálculos dos moradores, que ouviram o barulho e viram suas casas estremeceram com a explosão.

No acidente, morreram o mecânico Zenovaldo José Dias Rosário, 59, conhecido como Zeno, e o enteado Edvanildo da Conceição Santos, 26, o Pitoquinho, que trabalhavam fazendo a soldagem do tanque da carreta da empresa Transbet, que presta serviços à Petrobras no transporte de petróleo.

Entre os profissionais que atuam no ramo, o sentimento é de que houve negligência da empresa, proprietária da carreta. Atualmente desempregado, Rosevaldo da Silva revela que já atuou na área contratado por empresas que prestam serviços à Petrobras e que, neste caso específico, não tem dúvida de que ocorreu negligência da empresa.
Maria de Fátima, a viúva: "meu marido ainda respirava
“O veículo tinha que passar a noite jateando [sendo lavado com vapor] antes de trazer pra cá para a oficina para fazer a soldagem”, comenta.

O servidor público Severo Santos Filho também não tem dúvida que ocorreu falha da empresa, proprietária do veículo em questão. “Faltou limpeza do tanque para fazer este tipo de operação”, diz. “Sempre que há este procedimento, eles trazem um documento informando que foi aplicado vapor, só que desta vez isto não ocorreu”, complementou Severo Filho, que se identifica também como amigo da família. “Ele [Zeno] era um profissional bem experiente neste ramo. Alguma coisa errada aconteceu. Alguém informou que o tanque estava lavado, mas não estava”, observou.

Classificando-se como experiente no ramo, o técnico de manutenção empregado da Petrobras, que se identificou apenas como Nilton, também acredita que a empresa não adotou os procedimentos indispensáveis antes de encaminhar o veículo para a execução dos serviços de soldagem na oficina do senhor Zenovaldo.
Pai e enteado: vítimas da explosão
“Tinha que lavar com vapor o tanque e encher com água, se tivesse sido feito isto, ninguém tinha morrido. O problema é que este tipo de serviço [lavagem com vapor] tem sido desenvolvido por pessoal que não conhece os procedimentos corretos que devem ser adotados antes para soldar o tanque”, comenta Nilton.

A explosão

Aproximadamente às 9h30, a dona de casa Maria de Fátima da Conceição, companheira de Zenovaldo e mãe biológica de Edvanildo, estava em casa, um imóvel que fica bem próximo à oficina, instalada na avenida Contorno, área tida como a rota de fuga e usada pela Petrobras no transporte de cargas. “Quando ouvi o barulho da explosão corri pra ver o que acontecia e, quando cheguei, meu filho já estava morto, mas meu marido ainda estava respirando”, conta a dona de casa, entre lágrimas, desolada.
Vizinhos lamentam a tragédia: "Aqui morreram inocentes"
A explosão deixou a comunidade em pânico. A dona de casa Maria das Neves dos Santos Davi estava no médico, retornou para casa e, quando se dirigia à cozinha, ouviu o barulho. “Olhei no relógio e era 9 e meia da manhã. Fiquei assustada. Foi um barulho tão grande e tudo estremeceu dentro de casa, até meu fogão deu um papoco”, comentou.

Márcio de Jesus Santana, sobrinho do senhor Zenovaldo, também trabalhava na oficina. Ele lixou os locais onde seriam soldadas as placas que tapariam as perfurações do tanque, mas no momento da explosão, ele estava um pouco distante do local onde o veículo estava estacionado.

Segundo revelou, quando ocorreu a explosão, o pai e o enteado estavam em cima do tanque preparando as placas para fazer a soldagem. “Pitoquinho [como era conhecido Edvanildo] subiu para colocar a placa e, depois, tio Zeno segurou a placa, mas quando foi colocar a solda [elétrica] tudo explodiu”, lembra, ainda em estado de choque.
Severo: algo errado nos procedimentos
Edvanildo foi lançado de cima do tanque e caiu do outro da rua e Zeno, também lançado com a explosão, caiu embaixo da carroceria da carreta, morrendo alguns momentos depois.

Equipes do Departamento de Transporte e Trânsito (DMTT) da Prefeitura de Carmópolis [órgão vinculado à Secretaria Municipal de Defesa] interrompeu o tráfego de veículos na avenida para preservar o cenário do acidente até a chegada da equipe técnica da Secretaria de Estado da Segurança Pública para adotar os procedimentos legais até a remoção dos corpos.

A agente de trânsito, identificada apenas como Florípedes, diz que os efeitos da explosão foram percebidos até mesmo na sede do DMTT, que fica na parte baixa da cidade. “Parecia que tinha acontecido lá dentro do escritório, tudo tremeu e eu fiquei com uma pressão danada na cabeça”, revela.
Representantes da empresa não se manifestam a respeito do acidente
No local do acidente, foram localizados dois representantes da Transbet. Eles não se identificaram e disseram apenas que os veículos daquela empresa costumam transportar petróleo, mas se recusaram a falar sobre o acidente. Um deles disse apenas que “a empresa não se posicionaria, por enquanto, a respeito da explosão”.
O Portal Infonet permanece à disposição da empresa para prestar os esclarecimentos. Informações podem ser encaminhadas por e-mail jornalismo@infonet.com.br
Por Cássia Santana

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