Arquitetos
e engenheiros, uni-vos!
As
edificações que se transformam em cenários de tragédias, por defeitos
intoleráveis, repetem-se com uma indiferença que não permite esperança alguma
do seu fim.
Não se
fizeram por si mesmas: foram criadas. Por arquitetos, por engenheiros, por
decoradores, por mestres improvisados, por gananciosos. E pelo poder público.
Não
importa mais discutir a cota de cada um na perversão que cria ou agiganta as
tragédias repetidas e repetidas e repetidas. A discussão não atenuaria o
problema.
O poder
público não é capaz nem de remediar os riscos de tragédia que estão por toda
parte nas cidades. Não só nas casas noturnas e soturnas. Também nos prédios
altos, em centros comerciais, no fogaréu dos restaurantes, em ginásios
esportivos, lugares de diversão, por toda parte.
Não se
pode crer que esse imenso mundo de riscos e imprevistos venha a ser fiscalizado
pelo poder público. A falta de pessoal, o despreparo, a corrupção desmentem que
o poder público seja poder fiscalizador.
Engenheiros
e arquitetos, sim, podem sê-lo. Voluntários da guerra às tragédias evitáveis.
Basta-lhes atentar para o que veem de irregular e de risco. Aos de maior senso
humanitário ou comunitário, passear ou entrar em lugares apenas para ver como
estão, nada lhes custaria. E depois comunicar às suas entidades de classe, aos
setores municipais apropriados e a jornais o que precisa ser corrigido esse
seria um serviço impagável em benefício da sociedade. E da vida.
O ar
inofensivo de prédios, de centros comerciais, de lugares de diversão, largados
ao seu cansaço e a seus defeitos, esconde que inúmeros deles são potenciais
casas da morte.
Engenheiros
e arquitetos têm algo a ver com isso. Não seria demais que homenageassem as
vítimas de Santa Maria tomando a sua tragédia como ponto de partida para uma
missão de grandeza.
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