terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Pesquisa revela comportamento em emergências portuárias


Depois que os desastres naturais e tecnológicos acontecem muitos perguntam se o número de vítimas e se o impacto ambiental poderia ter sido reduzido. Sim, poderia se houvesse maior investimento na prevenção e na resposta rápida com a comunidade que poderia ser afetada, na reciclagem de conhecimentos dos profissionais que atuam em emergências e na capacitação dos profissionais da mídia. Isto envolveria: programas de comunicação de risco, baseados em pesquisas de percepção de perigos, bem como o preparo (psicológico) de profissionais e das comunidades envolvidas visando ao gerenciamento de conflitos e orientações sobre "o que fazer" e o que "não fazer" nestas horas.

Visando embasar a discussão sobre estas questões, neste artigo serão apresentados padrões de comportamento humano que contribuem para amplificar e reduzir as consequências de cenários acidentais, de acordo com teoria desenvolvida por T. M. Leschine, tendo como estudo a análise de casos históricos e a pesquisa sobre percepção de risco realizada em 2010.

Foram entrevistados 261 indivíduos, maiores de 18 anos, que circulam e trabalham nas imediações dos Portos de Santos e de São Sebastião, ambos no Estado de São Paulo. O questionário possuía oito perguntas quantitativas e qualitativas, abordando o comportamento das pessoas durante uma situação de incêndio na área portuária. Serão aqui comentados os seguintes padrões de comportamento: aproximação do local do acidente, reação de pânico, telefones de emergência e a importância do treinamento.

A pesquisa sobre percepção de risco compreende o processo de organizar e interpretar dados sensoriais recebidos pelas pessoas entrevistadas diante de um evento perigoso, imprevisto ou provável, o qual poderia afetar a segurança e a vida humana, impactar os recursos naturais e os bens materiais, baseando-se em estudos de Paul Slovic e seus colaboradores. Estes estudos podem ser úteis em ações preventivas.

Curiosos

Por ocasião de acidentes rodoviários, entre outras ocorrências, é comum observarmos indivíduos se aproximarem do local do acidente, movidos pela curiosidade em saber o que está acontecendo e/ou pela intenção de tirar algum proveito da situação, sem ter noção de que estão se expondo ao perigo. Na pesquisa de percepção de risco realizada, questionados se iriam se aproximar do local do acidente, no caso um suposto incêndio na área portuária, a maioria dos entrevistados (68% ou 178 indivíduos) disse que não chegaria perto por ser perigoso. Esta opinião foi compartilhada por homens e mulheres (respectivamente 68,5% e 67,6%). A escolha desta alternativa coincide com a resposta à questão sobre qual seria a distância mais segura, pois 67% escolheram a maior, isto é, mais de mil me¬tros. Mas 32% disseram que se aproximariam para "ver o que estava acontecendo".

Os três casos históricos a seguir, estudados por I. R. F. Poffo, ilustram que, em fatos reais, a maioria se aproxima do local do acidente.

Autoras: Iris Regina F. Poffo e Maria Helena P. Franco
Ilustração: Beto Soares/Estúdio Boom
Data: 21/01/2013 / Fonte: Revista Emergência 

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