Depois que os desastres naturais e
tecnológicos acontecem muitos perguntam se o número de vítimas e se o impacto
ambiental poderia ter sido reduzido. Sim, poderia se houvesse maior
investimento na prevenção e na resposta rápida com a comunidade que poderia ser
afetada, na reciclagem de conhecimentos dos profissionais que atuam em
emergências e na capacitação dos profissionais da mídia. Isto envolveria:
programas de comunicação de risco, baseados em pesquisas de percepção de
perigos, bem como o preparo (psicológico) de profissionais e das comunidades
envolvidas visando ao gerenciamento de conflitos e orientações sobre "o
que fazer" e o que "não fazer" nestas horas.
Visando embasar a discussão sobre estas
questões, neste artigo serão apresentados padrões de comportamento humano que
contribuem para amplificar e reduzir as consequências de cenários acidentais,
de acordo com teoria desenvolvida por T. M. Leschine, tendo como estudo a
análise de casos históricos e a pesquisa sobre percepção de risco realizada em
2010.
Foram entrevistados 261 indivíduos,
maiores de 18 anos, que circulam e trabalham nas imediações dos Portos de
Santos e de São Sebastião, ambos no Estado de São Paulo. O questionário possuía
oito perguntas quantitativas e qualitativas, abordando o comportamento das
pessoas durante uma situação de incêndio na área portuária. Serão aqui
comentados os seguintes padrões de comportamento: aproximação do local do
acidente, reação de pânico, telefones de emergência e a importância do
treinamento.
A pesquisa sobre percepção de risco
compreende o processo de organizar e interpretar dados sensoriais recebidos
pelas pessoas entrevistadas diante de um evento perigoso, imprevisto ou
provável, o qual poderia afetar a segurança e a vida humana, impactar os
recursos naturais e os bens materiais, baseando-se em estudos de Paul Slovic e
seus colaboradores. Estes estudos podem ser úteis em ações preventivas.
Curiosos
Por ocasião de acidentes rodoviários,
entre outras ocorrências, é comum observarmos indivíduos se aproximarem do
local do acidente, movidos pela curiosidade em saber o que está acontecendo
e/ou pela intenção de tirar algum proveito da situação, sem ter noção de que
estão se expondo ao perigo. Na pesquisa de percepção de risco realizada,
questionados se iriam se aproximar do local do acidente, no caso um suposto
incêndio na área portuária, a maioria dos entrevistados (68% ou 178 indivíduos)
disse que não chegaria perto por ser perigoso. Esta opinião foi compartilhada
por homens e mulheres (respectivamente 68,5% e 67,6%). A escolha desta
alternativa coincide com a resposta à questão sobre qual seria a distância mais
segura, pois 67% escolheram a maior, isto é, mais de mil me¬tros. Mas 32%
disseram que se aproximariam para "ver o que estava acontecendo".
Os três casos históricos a seguir,
estudados por I. R. F. Poffo, ilustram que, em fatos reais, a maioria se
aproxima do local do acidente.
Autoras: Iris Regina F. Poffo e Maria
Helena P. Franco
Ilustração: Beto Soares/Estúdio Boom
Data: 21/01/2013 / Fonte: Revista
Emergência
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