O governo
está disposto a endurecer na negociação com os funcionários públicos federais,
muitos em greve há mais de cinquenta dias. A presidente Dilma Rousseff
autorizou a assinatura dos primeiros convênios com São Paulo, Rio de Janeiro e
Paraná a fim de substituir servidores federais em greve por funcionários
estaduais e municipais assemelhados, conforme permite decreto baixado por ela no
fim de julho.
Segundo o
secretário geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, a
prioridade do governo é "usar o espaço fiscal para cuidar do emprego
daqueles que não têm estabilidade". Mas para ele o diálogo com os
grevistas não está fechado: "Temos, ao longo de agosto, possibilidade de
vir a discutir e apresentar propostas, o que faremos".
A decisão
do governo de recorrer a servidores estaduais e municipais é ameaçada pela
solidariedade corporativa: 20 entidades estaduais já informaram que ficarão ao
lado de seus colegas federais.
A
Esplanada dos Ministérios praticamente parou com novas adesões na Secretaria do
Tesouro, Receita e Controladoria Geral da União (CGU). Cerca de 500
manifestantes, representando 23 carreiras típicas de Estado, criticaram a
"intransigência" do governo nas negociações de reajuste salarial. Os
manifestantes criaram até um neologismo para criticar a postura da presidente:
"Dilmadura". Até ontem, eram 36 categorias em greve em todo o país,
num total de mais de 350 mil servidores.
A
vigilância sanitária e o Ministério da Agricultura saíram na frente para
substituir servidores. Mas os convênios com órgãos dos ministérios da Fazenda e
da Justiça também estão encaminhados. Segundo balanço da Federação Nacional dos
Agentes da Polícia Federal (Fenapf), a adesão à greve é de 80% dos policiais,
chegando a 100% no Distrito Federal.
A
situação é dramática nos portos. As principais categorias que operam os
terminais estão paradas. A greve dos fiscais agropecuários já reduziu o número
de fiscalizações em contêineres de 1.200 para 80 por dia. O STJ determinou que
pelo menos 70% dos servidores da Anvisa permaneçam em trabalho, mas os líderes
sindicais ameaçam paralisação total. A Polícia Rodoviária Federal reforçou nesta
quarta-feira a fiscalização nas estradas de diversos Estados, gerando longas
filas de veículos nas rodovias.
Por: Raymundo
Costa | De Brasília
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