CNI
A matriz educacional brasileira precisa se voltar para ampliar e aprimorar o ensino técnico e profissional, de modo a poder atender as demandas da indústria e proporcionar o crescimento do setor e da economia no médio e longo prazos.
A conclusão surgiu em debate entre especialistas em educação durante o Fórum Estadão Brasil Competitivo – Educação e formação de mão de obra para o crescimento, promovido nesta terça-feira, 06 de novembro, em São Paulo, pelo Grupo Estado em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
“Temos claramente um problema na matriz educacional. Precisamos corrigir com mais educação profissional. O Pronatec tem esse papel”, afirmou o diretor de Educação e Tecnologia da CNI e diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Rafael Lucchesi, referindo-se ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) do governo federal, do qual o SENAI é parceiro.
Segundo ele, só 6,6% da população em idade escolar cursa o ensino profissional ao mesmo tempo em que estuda no ensino médio, percentual que é de 55% no Japão. A maior parte dos alunos que completam o ensino médio no Brasil prefere cursos superiores a profissões técnicas. “O desequilíbrio da mão de obra qualificada vem também do desconhecimento sobre as oportunidades de trabalho a partir da educação profissional”, asssinalou.
Lucchesi informou que na média das 21 principais ocupações técnicas, o salário inicial é de R$ 2,1 mil e a média depois de 10 anos de carreira é de cerca de R$ 6 mil. “São valores compatíveis com a maioria das carreiras de bacharelado”, afirmou.
IMPEDITIVO - A falta de trabalhadores especializados, da mão de obra qualificada, é um impeditivo para o desenvolvimento do país e, em especial, da indústria. “Duas pesquisas recentes da CNI, a Sondagem Industrial e a Sondagem Indústria da Construção, comprovam na prática a necessidade da mão de obra qualificada. Para os empresários ouvidos, esse problema aparece no topo da lista de principais entraves enfrentados pelas empresas”, citou o diretor de Comunicação da CNI, Carlos Barreiros. Dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) referentes a 2010 revelam que, dos 11 milhões de trabalhadores da indústria, 55% não tinham educação formal e 25% não possuiam o segundo grau completo.
A Odebrecht, uma das maiores construtoras do Brasil, sente diariamente o problema da falta de mão de obra qualificada. “O cenário, hoje, de crescimento na construção civil, é de remuneração elevada, altos benefícios e crescimento da mão de obra operacional disponível no mercado ainda desqualificada. A produtividade não acompanha o crescimento de custos da mão de obra, o que indica a falta de preparo do trabalhador”, disse Paulo Quaresma, diretor de pessoas e organização da Odebrecht. Por isso, a empresa aposta em parcerias, como a com o SENAI, e no recrutamento, formação e qualificação interna.
Marcelo Feres, diretor de integração de redes, responsável pelas ações do Pronatec, lembrou que há um processo de expansão muito grande na educação, tanto na superior quanto na profissional. “Ainda falta avançar muito, mas nossos esforços são de incluir cada vez mais alunos na formação técnica e profissional”, disse Feres. Ele citou que mais de 12 milhões de pessoas já foram beneficiadas pelo Pronatec.
Lucchesi ressaltou ser estratégico que a oferta da mão de obra esteja onde está a indústria. “E isso não é normal”, resumiu. O SENAI tem hoje cerca de 900 escolas, que beneficiam alunos de 2.600 municípios de todo o Brasil (cada escola tem alcance maior do que o município em que está fisicamente presente). “Temos uma operação contratada com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de R$ 1,5 bilhão de endividamento, e colocando outros R$ 500 milhões próprios, para mais 300 escolas do SENAI em todo o país. Em relação aos 2,1 milhões de matrículas de 2011, vamos dobrar as matrículas até 2014, para 4 milhões”, anunciou.
O SENAI também dará um salto em ciência e tecnologia. Serão criados 23 institutos de inovação e 61 de tecnologia em todo o país, a maioria até 2014, revelou o diretor de Educação e Tecnologia da CNI.
http://www.portaldaindustria.com.br/cni/imprensa/2012/11/1,7395/educacao-profissional-tem-de-ser-ampliada-para-a-economia-crescer-propoe-forum.html
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